O governador de São Paulo, João Doria,| Foto: Governo do Estado de São Paulo
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ao vice Rodrigo Garcia (PSDB) e a aliados que vai desistir de ser candidato a presidente da República. No comunicado a Garcia, ele afirmou ainda que não pretende mais renunciar ao comando do estado. Se não deixar o governo paulista até o sábado (2), Doria não poderá mais mudar de ideia para concorrer ao Planalto, pois a lei proíbe que um governador dispute a Presidência ocupando o cargo. E o prazo para sair do governo, pela lei eleitoral, é o dia 2. Doria, num pronunciamento à imprensa marcado para as 16h, também pode anunciar sua saída do PSDB.

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Em entrevista à CNN Brasil, Doria não confirmou que vai desistir da Presidência. Mas reconheceu que avalia sair da corrida presidencial e que deve anunciar sua decisão nesta tarde.

A saída do governador do comando de São Paulo era dada como certa, já que Doria foi escolhido como pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto em eleição interna do PSDB realizada em novembro do ano passado. Mas uma ala tucana começou a fazer pressão para que o candidato a presidente do partido seja o governador gaúcho Eduardo Leite, que perdeu as prévias para Doria.

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O governador paulista cancelou a presença em três eventos públicos desta quinta, marcados para as 10h, 12h e 14h30 – num sinal da crise em sua pré-campanha presidencial. Doria deve participar do 4º Seminário Municipalista que acontece no Palácio dos Bandeirantes, às 16h, quando fará um pronunciamento à imprensa. Até lá, deve tratar sobre o assunto com lideranças do partido.

Governador provoca crise no PSDB de São Paulo

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, Doria teria informado Garcia sobre a decisão em uma reunião que ocorreu no fim da tarde de quarta-feira (30), no Palácio dos Bandeirantes. O governador também teria dito que continuará apoiando o vice na eleição para o governo de São Paulo. Mas aliados de Garcia contavam com a saída de Doria para que, ao assumir a cadeira de governador, ele tivesse a oportunidade de alavancar sua campanha ao governo do estado – o que acabou gerando uma crise no PSDB.

Especula-se, inclusive, que Doria pode sair do partido e que deputados estaduais de São Paulo poderiam abrir um processo de impeachment contra ele, já que a renúncia de Doria fazia parte de um acordo político entre o PSDB e o União Brasil de São Paulo para apoiar a eleição de Garcia. Até ano passado, o vice era filiado ao DEM, um dos partidos que deu origem ao novo União Brasil. A migração ao PSDB se deu por influência de João Doria.

Ainda na manhã desta quinta, segundo o jornal O Globo, Garcia afirmou a aliados que vai deixar a Secretaria de Governo, mesmo que Doria não renuncie. Mas sua candidatura ao Palácio Bandeirantes é incerta. Outra especulação de bastidores é que Garcia pode trocar o PSDB pelo União Brasil.

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Entrada de Leite na disputa presidencial não agradou Doria

A pré-candidatura de Doria a presidente não é consenso no PSDB. As prévias do ano passado mostraram como o partido está rachado em duas vertentes, uma que apoia o governador paulista e outra que vê no governador gaúcho Eduardo Leite melhores chances em uma corrida presidencial.

Mesmo tendo perdido a eleição interna, Leite anunciou nesta segunda-feira (28) sua renúncia ao governo do Rio Grande do Sul para disputar a eleição de outubro. Embora não tenha afirmado para qual cargo, demonstrou disposição de ser o candidato do PSDB para presidente da República e anunciou que vai viajar pelo país em uma tentativa viabilizar o seu nome. Doria, um dia antes, tinha dito que as tentativas internas de minar sua candidatura à Presidência eram um "golpe".

Os dois governadores tucanos estão com poucas intenções de voto neste momento, segundo pesquisa eleitoral do PoderData divulgada nesta quarta-feira (30): Doria estava com 3% e Leite, com 1% – um empate técnico se considerada a margem de erro de dois pontos percentuais.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Metodologia da pesquisa citada

O PoderData entrevistou, por telefone, 3 mil eleitores entre 27 e 29 de março de 2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi feito com recursos próprios, sob encomenda do próprio instituto, e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR 06661/2022.

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