Em uma reviravolta, o governador de São Paulo, João Doria, afirmou na tarde desta quinta-feira (31) que vai manter sua candidatura à Presidência da República pelo PSDB. Com isso, Doria confirmou também que renuncia ao governo estadual para se dedicar à campanha e rodar o país no intuito de viabilizar seu nome.
"Eu quero estar ao lado de vocês a partir do próximo dia 2 para mostrar que é possível sim ter uma nova alternativa para o Brasil. Uma alternativa de paz, de trabalho, de dedicação, de humildade e de integração de todo o Brasil. Longe da ideologia, distante do populismo e condenando a corrupção e o maltrato do dinheiro público. Sim, serei candidato à Presidência pelo PSDB", disse Doria.
O recuo veio depois que Doria sinalizou para a cúpula do PSDB que retiraria seu nome da disputa presidencial, mas não renunciaria ao governo paulista. O tucano pretendia terminar o seu mandato, o que poderia inviabilizar a candidatura ao governo paulista do vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB).
Nos bastidores, integrantes do ninho tucano afirmam que o movimento de Doria visava apenas obter garantias do PSDB. Isso porque ele vinha sendo pressionado pela ala ligada ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, a desistir da candidatura. Doria derrotou Leite nas prévias internas do partido no ano passado, mas não conseguiu reduzir as resistências ao seu nome.
“As prévias serão respeitadas pelo partido. O governador tem a legenda para disputar a Presidência da República. E não há nem haverá qualquer contestação à legitimidade da sua candidatura pelo partido”, escreveu Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB.
No evento desta tarde, o presidente do PSDB de São Paulo, Marco Vinholi, reforçou a candidatura do tucano. "À frente das diversidades, nós só temos três coisas a fazer, governador: enfrentar, combater e vencer. É por isso que eu peço uma salva de palmas, de pé, para o próximo presidente da República, nosso governador João Doria", disse Vinholi.
Doria vai tentar isolar grupo de Eduardo Leite no PSDB
Em encontro com aliados nesta manhã, Doria afirmou que o comando nacional do partido deveria ser mais “solidário” e ter mais empenho em defender seu nome, que foi escolhido em prévia no ano passado. Doria disse também que a candidatura não é dele, mas do partido.
Com a pressão, Doria espera que a cúpula do PSDB tenha uma atitude mais enérgica contra as movimentações do governador Eduardo Leite. Ele renunciou ao governo do Rio Grande do Sul e buscará se viabilizar como candidato, mesmo diante do resultado das prévias.
“A renúncia [do cargo de governador gaúcho] me abre muitas possibilidades e, ao mesmo tempo, não me retira nenhuma. Eu respeito as prévias, elas aconteceram, são legítimas. Mas não é sobre isso que devemos debater. É sobre o futuro do Brasil”, disse Leite.
No sábado (27), João Doria chamou de "golpe" qualquer tentativa de colocá-lo como candidato à presidência pelo partido e relembrou das prévias. "Diante de prévias realizadas com o amparo da Justiça Eleitoral, com investimentos também registrado na Justiça Eleitoral - foram R$ 10 milhões investidos para que o partido fizesse suas prévias – as prévias valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe", afirmou o tucano.
Desistência de Doria poderia implodir candidatura de Garcia em São Paulo
De acordo com integrantes do PSDB, a desistência de Doria em concorrer ao Planalto neste momento poderia implodir a candidatura de Rodrigo Garcia ao governo de São Paulo. Isso porque o tucano se manteria no cargo de governador até o final do seu mandato.
Pelos planos de Garcia, Doria precisaria anunciar a desistência do cargo de governador de SP até o fim desta semana. A estratégia do PSDB agora é que Garcia "imprima" sua marca nos próximos meses e amplie sua viabilidade na disputa estadual.
O acordo entre ambos foi selado no começo desta tarde, depois que Doria concordou em manter seu nome na disputa pelo Planalto. "Mas ninguém está aqui para te dizer um adeus. Estamos aqui para te dizer um 'até breve', porque sabemos da importância para o Brasil aquilo que você fez em São Paulo e fará para o Brasil", disse Garcia se dirigindo a Doria.
Em seu discurso, Doria afirmou que Garcia dará continuidade ao seu trabalho como novo governador. "Gratidão é aquilo que sinto por você: amigo, leal, parceiro, dedicado. O Rodrigo foi o nosso CEO, como dizem os americanos. São Paulo teve o privilégio de ser governador por dois governadores", acenou Doria.
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