O governador Eduardo Leite confirmou nesta segunda-feira (28) que pretende renunciar ao governo do Rio Grande do Sul até o dia 2 de abril. Essa é a data limite para desincompatibilização de nomes que desejam pleitear outros cargos eletivos. Ele disse ainda que vai se manter filiado ao PSDB, mas evitou dar pistas concretas sobre o seu futuro político. De acordo com Leite, a renúncia lhe "abre possibilidades", o que vem sendo interpretado como um risco à candidatura presidencial do governador de São Paulo e colega de partido, João Doria.
O gaúcho havia recebido convite do PSD para se lançar na disputa pelo Palácio do Planalto, mas acabou recuando depois de uma ofensiva de integrantes do ninho tucano. Em coletiva no Palácio do Piratini, Leite afirmou que vai se unir a “outras forças políticas do centro democrático”.
"Estarei onde meu partido mais precisar de mim. Nas próximas semanas, eu vou viajar pelo Brasil convocando os jovens a se engajarem na política pelo voto. Não estou saindo, estou me apresentando", afirmou.
Eduardo Leite disputou as prévias do PSDB no final do ano passado no intuito de se lançar na disputa pelo Planalto. Contudo, acabou derrotado por Doria. Questionado sobre o resultado das eleições internas, o gaúcho afirmou que a renúncia ao governo estadual "abre possibilidades" para o seu futuro político.
"A renúncia me abre muitas possibilidades e não me retira nenhuma. A lei eleitoral exige que estejamos fora de um cargo Executivo, a não ser que a única possibilidade seja a da reeleição. Renunciar me abre diversas possibilidades. Não é sobre as prévias, não é sobre o partido. É sobre o Brasil", afirmou Leite.
Oposição ao nome de Doria vai tentar viabilizar Leite com outros partidos da terceira via
O movimento para que Leite ficasse no PSDB veio, principalmente, de lideranças tucanas que fazem oposição ao nome do governador João Doria. Esse grupo já havia ameaçado um desembarque do PSDB caso a sigla mantivesse a candidatura do governador paulista.
Agora, os aliados de Eduardo Leite pretendem abrir uma ofensiva junto aos demais partidos da chamada terceira via, na tentativa de viabilizar a candidatura do tucano. Nos últimos dias, o PSDB passou a se reunir com membros do MDB, que tem como pré-candidata a senadora Simone Tebet (MS), do União Brasil, que cogita lançar o deputado Luciano Bivar (PE), e do Cidadania. Essas siglas sinalizam para uma unificação das candidaturas do grupo.
De acordo com Eduardo Leite, esses partidos não participaram das discussões das prévias do PSDB e agora a discussão será feita em grupo. "Estaremos em discussão com outros partidos políticos que não foram consultados no período das prévias. Há uma conversa bem adiantada entre MDB, PSDB, União Brasil e Cidadania. As prévias não perdem a legitimidade, mas ela não tem a exclusividade. Novos atores políticos estão participando das discussões", disse o governador gaúcho.
Aliados acreditam que Eduardo Leite tem "simpatia" dos demais partidos da terceira via
Os aliados que ajudaram a convencer Leite a ficar no PSDB afirmam que Doria não teria maioria para ter o seu nome homologado na convenção da sigla, independentemente do resultado das prévias. Pelo calendário eleitoral, as convenções podem ocorrer a partir de julho. Além disso, os aliados avaliam que os demais partidos que negociam com os tucanos são mais simpáticos ao governador gaúcho.
"Muita gente acredita que eu deva estar na liderança. E, se for o caso de eu estar na liderança, me sinto preparado, tenho vontade, disposição de liderar um projeto e tenho muita convicção de que conseguiria viabilizar mais gente em torno de um projeto alternativo", disse Leite.
Apesar disso, o tucano afirmou que a candidatura à Presidência não é uma aspiração pessoal. "É claro que eu desejo dar uma contribuição como presidente da República, mas eu não faço dessa aspiração pessoal um projeto que se sobreponha ao que eu quero como cidadão. Eu me sinto preparado, me sinto em condições. Mas ninguém é presidente pela sua mera vontade pessoal. Tem que ser um projeto construído coletivamente”, completou.
Doria vê movimento de opositores como tentativa de "golpe"
O governador João Doria reagiu ao movimento dos tucanos, classificando qualquer articulação interna para retirá-lo das eleições presidenciais neste ano pelo PSDB como um “golpe”. "Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB. O PSDB fez prévias homologadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. As prévias foram realizadas durante três meses em todo o Brasil, 44 mil eleitores do PSDB em todo o Brasil votaram", comentou Doria em coletiva de imprensa no domingo (27).
Eduardo Leite afirmou que teve uma conversa Doria e que o próprio governador paulista já havia sinalizado apoio à unificação da terceira via. "Conversei com ele, tivemos uma conversa amistosa. Reafirmamos que estamos com o mesmo sentimento: de servir o Brasil. As prévias são legítimas e eu respeito. Eu vou pegar as próprias palavras do governador João Doria: 'Eu amo o Brasil e não vou colocar o meu projeto pessoal à frente do projeto do Brasil'. É a mesma posição que eu tenho", disse Leite.
No mês passado, durante um evento do banco BTG Pactual, Doria afirmou que poderia abrir mão da sua candidatura, mas que isso só deve ocorrer "mais adiante". Para ele, as pré-candidaturas devem ser mantidas "até o esgotamento do diálogo pelos líderes partidários".
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