A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acendeu o alerta em ao menos cinco estados onde o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, está à frente nas pesquisas de intenção de voto. Na avaliação de lideranças petistas, Lula precisa reduzir a desvantagem no Acre, Rondônia, Roraima, Distrito Federal e Santa Catarina.
Nesses estados, o PT acredita ser possível crescer junto ao eleitorado e reduzir a distância de Bolsonaro. Ações planejadas pela campanha petista incluem um discurso focado nos problemas desses estados, visitas e montagem de palanques.
Até o momento, o Norte é a região do país onde Lula tem apresentado maiores dificuldades e onde Bolsonaro é mais popular. Com isso, dos sete estados da região, Acre, Rondônia e Roraima são vistos como os principais entraves para a campanha do petista. Ao todo, a Região Norte tem 11,9 milhões de eleitores, o que representa quase 8% dos votantes no Brasil.
No Acre, por exemplo, pesquisa do instituto Badra Comunicação mostrou que Bolsonaro lidera com 47,4% das intenções de voto, ante 29,1% de Lula. Até o momento, o petista ainda não fechou nenhum acordo no estado para subir em um palanque durante a campanha presidencial.
Na contramão da campanha de Lula, Bolsonaro fechou acordo com o governador e candidato à reeleição Gladson Cameli (PP). Além disso, a pré-candidata pelo MDB, deputada Mara Rocha, também já indicou que vai apoiar Bolsonaro no estado, mesmo com a candidatura presidencial da senadora Simone Tebet pelo seu partido.
Já em Roraima, Bolsonaro lidera com 60,67%, contra 29,63 de Lula, segundo pesquisa de maio do instituto Inope Excelência. No estado, Lula já fechou aliança com o pré-candidato ao governo estadual pelo PV, o ex-senador Rudson Leite. Em Rondônia, o petista também pretende subir no palanque de Vinicius Miguel, pré-candidato pelo PSB.
Lula vai focar em mulheres e população de baixa renda nos estados do Norte
Para tentar reduzir a diferença de Bolsonaro nos estados do Norte, o núcleo de campanha do PT prepara uma viagem de Lula para a região nas primeiras semanas de julho. De acordo com integrantes do PT, o foco da agenda será voltado para mulheres e para a população de baixa renda.
Recentemente, por exemplo, o grupo temático do PT "Mulheres com Lula" começou justamente pela região Norte a série de debates para escolhas de propostas voltadas para as mulheres. Esses encontros irão basear as propostas que estarão na versão final do plano de governo de Lula.
"A região Norte é uma das mais afetadas pela fome, pela crise sanitária, social e econômica. Queremos fazer escutas e incorporar contribuições de todo país para garantir a abrangência e a diversidade das demandas das brasileiras", destacou Anne Moura, secretária nacional de mulheres do PT.
A campanha do PT tem apostado na rejeição do presidente Bolsonaro entre o eleitorado feminino e na crise econômica para se contrapor ao atual governo. Nos cálculos dos aliados de Lula, os discursos contra fome e a pobreza terão força para atrair o eleitorado que ainda está indeciso.
No DF, palanque de Lula expõe disputa com o PSB de Alckmin
No Centro-Oeste, o Distrito Federal é visto pela campanha do PT como um dos gargalos para o ex-presidente Lula. Levantamento da quinta-feira (23) do Instituto Ideia mostrou Bolsonaro na liderança no Distrito Federal, com 39,1% das intenções de voto, contra 34% do ex-presidente petista.
Em Brasília, Bolsonaro mantém um acordo com o atual governador Ibaneis Rocha (MDB), candidato à reeleição. Já a federação do PT com o PV e o PCdoB lançou a pré-candidatura do deputado distrital Leandro Grass (PV) ao governo.
O palanque, no entanto, ainda depende de um acordo com o PSB, partido que indicou o ex-governador Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula. Até o momento, o partido de Alckmin tem como pré-candidato ao governo do Distrito Federal o ex-deputado Rafael Parente.
Apesar disso, o presidente do PT no Distrito Federal, Jacy Afonso, afirma que a escolha de Leandro Grass está sacramentada e que o momento é de ampliação da frente partidária. "Queremos um diálogo que nos una, e essa é nossa aliança", enfatizou. Na mesma linha, o presidente do PV, Eduardo Brandão, também revalidou a chapa. "Essa união dos partidos está trazendo novidades. Essa é a chapa da Federação da Esperança", disse.
Disputa com o PSB também trava palanque de Lula em SC
Em outra frente, a campanha de Lula acredita que ainda há espaço para diminuir a vantagem do presidente Bolsonaro no estado de Santa Catarina. Levantamento mais recente do Instituto Paraná Pesquisas mostrou Bolsonaro com 45,1%, ante 29% de Lula entre o eleitorado catarinense.
Na avaliação de integrantes do núcleo de campanha do PT, o presidente Bolsonaro não deve repetir a mesma votação que teve em 2018 em Santa Catarina. Naquele ano, Bolsonaro obteve 66% dos votos válidos no primeiro turno contra 15% de Fernando Haddad (PT).
Na região, a expectativa do PT é aproveitar a imagem de Alckmin para diminuir a rejeição de Lula. Os dois deveriam ter visitado o estado no mês passado. No entanto, o PT catarinense também está com dificuldades para fechar alianças e, por isso, a agenda no estado acabou sendo adiada.
O problema em Santa Catarina é similar ao do Distrito Federal: impasses entre o PT e o PSB na composição de candidaturas para o governo estadual. De um lado, o PT tem como pré-candidato o ex-deputado Décio Lima, enquanto o PSB lançou o senador Dário Berger, que deixou o MDB para se filiar ao novo partido a convite de Alckmin.
Lula e seu vice só devem visitar Santa Catarina quando o impasse entre as candidaturas ao governo estadual estiver pacificado. A expectativa é de que um acordo entre PT e PSB seja fechado ainda neste mês de junho. Segundo Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, o acordo com o PSB nos estados atrasou por conta do diagnóstico de Covid-19 do ex-presidente no começo de junho. "Obviamente, ele tem um papel importante nas articulações", diz.
Metodologia de pesquisas citadas na reportagem
O Instituto Brada Comunicação ouviu 1.056 eleitores do Acre entre os dias 27 e 29 de maio de 2022. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE sob o número BR-03966/2022.
O Inope Excelência ouviu 600 eleitores de Roraima entre os dias 9 e 22 de maio. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento foi registrado no TSE sob o número BR-06127/2022.
A pesquisa do Instituto Ideia, encomendada pelo portal Metrópoles, ouviu 1,2 mil eleitores do Distrito Federal entre os dias 16 e 21 de junho. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento está registrado no TSE sob o número BR-09578/2022.
O Paraná Pesquisa ouviu 1.540 eleitores de Santa Catarina entre os dias 9 a 13 de junho. A margem de erro é de 2,5% para mais ou para menos. O registro da pesquisa no TSE é BR-02099/2022.
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