Bolsonaro durante comício no 7 de setembro: campanha fará comparações do seu governo com gestões do PT.| Foto: Reprodução
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O comitê da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) promete subir o tom contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até o primeiro turno das eleições, em 2 de outubro. A ideia é reativar o gatilho do "antipetismo" nos eleitores e apostar em um tom combativo para elevar ainda mais o clima de polarização em busca do chamado "voto útil" para Bolsonaro. Também deve haver mais comparações entre o atual governo e as gestões do PT, além da apresentação de propostas concretas para a população.

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A estratégia da campanha ao apostar no antipetismo tem o intuito de ampliar a rejeição de Lula e reduzir a de Bolsonaro em busca de eleitores indecisos e daqueles que poderiam votar em alguma candidatura da terceira via, mas que depositariam o voto no presidente por contrariedade com o petista.

A aposta no antipetismo deve ser utilizada em diferentes vertentes. O plano é usar contra Lula e o PT temas como corrupção, religião, economia, ações sociais, mulheres e investimentos no Nordeste. Ao mesmo tempo em que haverá críticas aos petistas, a campanha de Bolsonaro vai destacar as ações do governo nessas áreas.

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O foco da campanha no antipetismo não é uma novidade e já vem sendo adotada principalmente em discursos de Bolsonaro – a exemplo do feito na manifestação de 7 de setembro, no Rio de Janeiro. O mesmo vale para ações adotadas pelo governo para diferentes setores, que também fizeram parte do pronunciamento do presidente em Copacabana no Dia da Independência.

A principal diferença em relação ao que já vinha sendo feito é o tom contra Lula nas propagandas eleitorais, que deve subir. Também serão feitas mais comparações entre as gestões de Bolsonaro e do PT, além de replicar esse tipo de comunicação nas redes sociais.

Como o antipetismo será explorado em relação à corrupção e religião

O objetivo da campanha é recuperar o espírito do antipetismo de 2018. Para fazer isso, os coordenadores eleitorais vão apostar não apenas em aspectos relacionados a episódios de corrupção nas gestões de Lula e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas também em relação à religião e outras pautas já trabalhadas.

Sobre corrupção, uma ideia que deve ser colocada em prática é propor comparações entre os balanços financeiros das estatais entre as gestões Bolsonaro e petistas a fim de argumentar que, sob a atual gestão, as empresas públicas registraram lucro. O objetivo é apresentar prejuízos registrados pelas estatais principalmente na gestão Dilma a fim de associar os números à corrupção.

Os estrategistas da campanha também preparam materiais que apresentem uma trajetória dos casos de corrupção com o uso de manchetes, vídeos e imagens publicadas pela imprensa. Segundo asseguram interlocutores do núcleo político e pessoas próximas, o objetivo é "recuperar" a memória da população sobre os mais diversos escândalos investigados e julgados pela Justiça.

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O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), vice-líder do governo na Câmara e auxiliar da campanha no Rio de Janeiro, diz que essas abordagens "estão na conta para entrar" nas propagandas eleitorais contra Lula no rádio e na TV.

Ele também afirma que o núcleo político não está preocupado quanto à hipótese de cassação das inserções. "Basta entrar uma vez, duas vezes, e a Justiça Eleitoral derrubar, que a gente coloca outra vez e vamos até o fim da eleição assim. O importante são essas inserções entrarem, têm que entrar. E aí, com 24 horas e 48 horas derrubando, nós já teremos outra pronta. O jogo é jogado, e a gente sabe jogar também", diz.

Sobre religião, a estratégia é destacar Bolsonaro como um candidato que é contra o aborto e defensor da vida e da liberdade de religião. O intuito é apontar Lula como alguém que não defende os mesmos valores, ao lembrar que ele já afirmou que o tema sobre aborto "deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito". Também deve haver uma associação de Lula com o ditador de Nicarágua, Daniel Ortega, que tem prendido padres e fechado rádios católicas.

Dentro dessa estratégia, também há o desejo de uma comunicação voltada especificamente para o público nordestino, que é de maioria cristã.

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Como o antipetismo já é usado em propagandas na TV

Embora o objetivo da campanha seja intensificar um planejamento de comunicação mais agressivo contra Lula, as estratégias em torno do antipetismo já são usadas em pautas como a segurança pública, Nordeste e ações sociais. O núcleo político começou com uma propaganda veiculada na semana passada com uma fala dita por Lula em 2019 em que critica violência contra jovens "às vezes porque roubou um celular".

Porém, a meta da campanha de Bolsonaro não é apenas subir o tom para aflorar o antipetismo, mas fazer isso com a apresentação de pautas propositivas, como fez na mesma propaganda para falar sobre os planos do presidente para a segurança pública, tais como: a ampliação da repressão contra o crime organizado com o aumento da presença das polícias nas fronteiras; o fortalecimento da rede de proteção às mulheres; e suporte para vítimas de violências e seus familiares com o apoio jurídico, social e psicológico.

Ainda na propaganda, há comparações de números de apreensões de drogas entre as gestões Bolsonaro e Lula por meio de um gráfico.

Outro exemplo que foi ao ar na última semana é uma propaganda que aborda que a economia do país começa a se recuperar, apesar da pandemia de Covid-19 e dos efeitos da guerra na Ucrânia, com queda do desemprego, aumento do Produto Interno Bruto (PIB), desaceleração dos preços dos combustíveis, aumento das exportações, cortes em impostos e elevação da arrecadação e dos investimentos.

A inserção aborda que o governo zerou os impostos da cesta básica e cortou alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de milhares de mercadorias. Também aponta que as ações do governo para a economia permitirão a geração de mais empregos e que beneficiários do Auxílio Brasil seguirão recebendo R$ 600 em 2023 e mais R$ 200 caso consigam emprego, como já acontece.

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Ao falar que os beneficiários do Auxílio Brasil não perdem o benefício caso consigam um emprego e ainda recebem R$ 200 adicionais, a campanha fez uma comparação com o Bolsa Família não apenas pelo valor do benefício pago chegar a R$ 800, mas também pelo fato de a pessoa não deixar de receber caso consiga emprego. A propaganda ainda usa uma mulher que fala que "muita gente deixou de arrumar emprego justamente para não perder o Bolsa Família".

Na mesma propaganda, Lula é acusado de ter causado prejuízos à geração de empregos no sertão nordestino porque não concluiu as obras da transposição do Rio São Francisco. Na ocasião, é citada uma reportagem de 2013 que aponta que o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou R$ 734 milhões em irregularidades na obra finalizada na gestão Bolsonaro.

"A estratégia é mostrar até o final da eleição muitas comparações do que o governo fez. Principalmente pelo Nordeste, pelas mulheres e pelo mais desfavorecidos, que é o povo que tem a memória afetiva do governo Lula", diz o deputado federal Otoni de Paula.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]