Contra a abstenção, Lula tem aproveitado as manifestações públicas para pedir aos eleitores que compareçam à votação no próximo dia 30| Foto: Ricardo Stuckert/PT
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Faltando 10 dias para a votação no segundo turno, a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já traçou um plano estratégico para a reta final da eleição presidencial. Além de intensificar as agendas nos estados do Sudeste, que concentram 42% de todo o eleitorado, a campanha petista pretende manter uma mobilização nas redes sociais e trabalhar para reduzir as taxas de abstenção entre os eleitores mais pobres.

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Apesar de ter visitado o Nordeste, região onde venceu o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 67% dos votos válidos no primeiro turno, Lula tem sinalizado a aliados que a campanha precisa se manter focada no Sudeste neste segundo turno, principalmente em Minas Gerais. Na avaliação de membros do PT, o acirramento da disputa contra Bolsonaro nos estados dessa região vai se determinante para vencer a disputa presidencial.

Nesta quinta-feira (20), o petista desembarcou no Rio de Janeiro para realizar dois atos. Lula promoveu uma caminhada em São Gonçalo, na Baixada Fluminense, região onde o PT busca avançar sobre o eleitorado bolsonarista. Mais tarde faria outra mobilização na comunidade de Padre Miguel, na capital fluminense. Até o dia 30, data do segundo turno, a expectativa é de que o candidato realize até quatro agendas de campanha no mesmo dia.

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Do Rio, Lula segue para Minas Gerais nesta sexta-feira (21). O petista vai cumprir agendas nas cidades de Teófilo Otoni e Juiz de Fora ao lado da senadora e ex-presidenciável Simone Tebet (MDB). No sábado (22), o candidato petista participará de caminhada entre Belo Horizonte e Ribeirão das Neves (MG).

Tebet tenta neutralizar apoio de Zema a Bolsonaro

Tebet deve voltar ao estado mineiro na próxima semana ao lado de Geraldo Alckmin (PSB), vice na chapa de Lula, e do deputado eleito Guilherme Boulos (Psol). Ainda sem uma data definida, eles visitarão cidades da região sul e do chamado Triângulo Mineiro.

O PT tenta neutralizar o apoio do governador Romeu Zema (Novo) junto aos prefeitos do interior do estado em nome de Bolsonaro. Além de destacar que Lula teve mais votos em 630 municípios mineiros, os aliados do PT pretendem explorar entre os prefeitos episódios de desgaste com Zema no seu governo. Em 2019, por exemplo, o governador mineiro chegou a usar a Polícia Militar para impedir a entrada de diversos prefeitos no Palácio Tiradentes, local onde despacha em Belo Horizonte.

Dos quatro estado do Sudeste, Lula venceu Bolsonaro apenas em Minas Gerais no primeiro turno da disputa. O petista perdeu para o atual presidente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. A campanha do PT, no entanto, acredita que a atuação de Tebet nesses redutos terá capacidade de atrair o eleitorado de centro e centro-direita.

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"Me surpreende quantos eleitores que ainda estão indecisos e que estão sendo influenciados pelo medo. Foram oito milhões de eleitores que votaram em mim ou que votaram em Ciro [Gomes, do PDT]. Temos que convencer quem pensa diferente e não pregar para convertidos", defendeu Tebet.

Campanha de Lula mantém mobilização nas redes sociais na reta final 

Em outra frente, a campanha de Lula prepara uma mobilização com estratégias específicas para a internet. A avaliação dos integrantes do PT é de que o debate nas redes sociais será determinante na influência do eleitorado na véspera do segundo turno.

Integrantes da campanha defendem, por exemplo, que "falhas" da campanha de Bolsonaro devem ser exploradas nas redes, entre elas o episódio com as adolescentes venezuelanas. "Vamos focar naquilo que ataca o front do nosso adversário. O 'pintou um clima', que surgiu na semana passada, aquela cena horrenda dele ofendendo adolescentes de 13 e 14 anos, não pode desaparecer das redes sociais. Nós temos que reiterar e insistir nesse tema", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Do mesmo modo, as vaias de apoiadores de Bolsonaro a fiéis e padres católicos durante a festa de Nossa Senhora Aparecida, no último dia 12, devem ser resgatadas pela militância petista. "A invasão que eles [apoiadores do presidente] perpetraram recentemente na Basílica de Aparecida tem que continuar sendo restaurado nas redes sociais. Nesses dias que restam será fundamental esse trabalho da militância nas redes sociais", completou Randolfe.

Paralelamente, o deputado André Janones (Avante-MG), estrategista de Lula para as redes sociais, defende que o foco da campanha deve ser nos indecisos e não em ataques aos nomes que declararem apoio ao presidente. "Vamos focar que o nosso adversário é o Bolsonaro e não precisamos ficar nos contrapondo aos seus apoiadores. Precisamos focar nos indecisos. A Simone teve uma votação fantástica, e precisamos focar as peças [para a redes] nesse eleitorado dela", disse.

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A campanha de Lula também se movimenta para que o petista leve as pautas críticas a Bolsonaro para o último debate da TV Globo, na próxima quinta-feira (27). A avaliação é de que o candidato petista deixou de explorar esses temas durante o embate da TV Band, mas que pode recuperá-los nessa reta final.

O objetivo dos estrategistas é que a repercussão dos temas que desgastam Bolsonaro se mantenha com forte engajamento nas últimas horas antes da votação em segundo turno.

Abstenção gera apreensão dentro da campanha de Lula no segundo turno

A campanha de Lula pretende intensificar a mobilização contra a abstenção do eleitorado. Integrante da coligação de Lula, o partido Rede Sustentabilidade chegou a pedir no Supremo Tribunal Federal (STF) que houvesse a obrigatoriedade de transporte público gratuito no dia da eleição, repetindo o que já havia feito no primeiro turno. O argumento é de que o preço da passagem de ônibus seria um dos fatores que desestimulariam as pessoas a votar.

O ministro Luís Roberto Barroso, no entanto, apenas autorizou que prefeituras e empresas concessionárias possam oferecer transporte público de forma gratuita para a população sem qualquer consequência jurídica.

No primeiro turno, em 2 de outubro, o nível de abstenção chegou a 20,9%, o maior desde 1998, quando o percentual foi de 20,3%. A avaliação do PT é de que os eleitores mais pobres acabam desistindo de ir às urnas por causa do custo do transporte.

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Lula tem ampliado os discursos para convencer o eleitor a participar da eleição no próximo dia 30. Em participação no podcast Flow, Lula fez um apelo aos brasileiros. "Quero aproveitar essa chance para chamar o povo para votar. Se não votar, não pode reclamar. Quero fazer um apelo para que as pessoas votem”, disse.

A expectativa é de que Lula bata novamente nessa tecla no debate da TV Globo. Com essa movimentação e o discurso de que Lula representa a defesa da democracia, os apoiadores petistas acreditam que podem influenciar o eleitorado na reta final da campanha.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]