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Bolsonaro durante motociata em Caruaru (PE), em junho: presidente voltou a Pernambuco para a reta final do primeiro turno.| Foto: Isac Nobrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou em falas sobre a família, sua contrariedade ao aborto e o Auxílio Brasil em sua agenda de campanha em Caruaru (PE), neste sábado (17). Pela tarde, ele participa da Marcha para Jesus em Garanhuns (PE), a terra natal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista nasceu no hoje município de Caetés, que à época era um distrito de Garanhuns.

O presidente desembarcou em Santa Cruz do Capibaribe (PE) e seguiu de motociata até Caruaru, passando por Toritama (PE). Em comício, disse que defende "a família de verdade" e que não admitirá a legalização das drogas, do aborto e a ideologia de gênero no Brasil. Além das falas sobre a família, Bolsonaro disse que o "presidente", "seus ministros e candidatos" são cristãos.

Os acenos do presidente aos cristãos fazem parte da estratégia traçada pela campanha para convencer o eleitor nordestino de que Bolsonaro e a população da região defendem as mesmas bandeiras conservadoras e cristãs. O núcleo da campanha de Bolsonaro entende que a maioria dos nordestinos defendem os mesmos valores sobre família e o direito à vida que o presidente. Mas avalia que eles sofreram a influência política e ideológica de partidos de esquerda.

Como também era previsto, Bolsonaro defendeu o Auxílio Brasil e destacou que o ticket médio pago pelo novo programa social é superior aos desembolsos no período do Bolsa Família na gestões petistas. O candidato disse, ainda, que o "PT só pensa em ajudar as pessoas na época da eleição".

A fala sobre o Auxílio Brasil é estratégica para a campanha em todo o país, principalmente no Nordeste. Segundo dados do governo federal, das 20,65 milhões de famílias beneficiadas pelo programa, 9,58 milhões estão localizadas na região, ou seja, 46,39% das famílias. O investimento pago para a população da região é de R$ 5,77 bilhões, e o valor médio recebido por família é de R$ 607,50.

Energia, combustíveis e titulação de terras: o que mais disse Bolsonaro

Além da tática de assumir para si a "paternidade" do Auxílio Brasil, Bolsonaro também falou sobre outros temas sociais. Um deles foi sobre a titulação de terras e como essa política atua em oposição às invasões por movimentos dos sem terra. A fala é um aceno ao conservadorismo mais rural no Nordeste.

O candidato à reeleição disse que seu governo transformou "antes integrantes da máfia do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] em cidadãos" ao dar "títulos da reforma agrária" para mais de 400 mil famílias. Segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no início de setembro, haviam sido entregues títulos a 404.993 famílias rurais.

Ainda em aceno ao eleitorado do Nordeste, Bolsonaro disse que a região será uma "grande potência em energia". A fala é uma referência ao desenvolvimento de energias renováveis como o hidrogênio verde e a geração de energia eólica em alto mar, as chamadas eólicas offshore. O discurso da campanha é promover uma "reindustrialização" do Nordeste.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que o potencial técnico de eólicas offshore em locais com até 50 metros de profundidade é de 700 gigawatts (GW) – uma produção equivalente à de 50 usinas de Itaipu.

Ainda sobre economia, Bolsonaro exaltou a reação da atividade econômica com inflação menor e crescimento econômico. O presidente disse que o preço dos combustíveis "está lá embaixo", bem como o desemprego, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) está "lá em cima".

O que disse o presidente sobre liberdade e quais as indiretas ao STF

Além de falas propositivas nos campos conservador, econômico e social, Bolsonaro voltou a apresentar um discurso combativo em relação aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em referência sem citações nominais, alertou os apoiadores sobre a importância de se preocupar com "aqueles que querem tirar liberdade no Brasil".

As indiretas a ministros do STF têm sido corriqueiras nos últimos dias, a despeito da estratégia de moderar o discurso em alguns pontos. Na quarta-feira (14), ele disse que defende o "funcionamento de todas as instituições", mas falou em "trazer essa minoria que pensa que pode tudo para dentro das quatro linhas da nossa Constituição".

"Nós defendemos o funcionamento de todas as instituições, mas aqueles que ousam sair fora das quatro linhas, não interessa de qual Poder seja, tem que ser trazido para dentro das quatro linhas. O Brasil não aceita ditadores. O Brasil luta e vai ter liberdade a qualquer preço", afirmou Bolsonaro. "Esperem acabar as eleições. Todos jogarão dentro das quatro linhas da Constituição."

Após a Marcha para Jesus neste sábado, Bolsonaro embarca para Londres, onde participará do funeral da Rainha Elizabeth II, na segunda-feira (19). No mesmo dia, ele viaja para Nova York, onde fará o discurso de abertura dos debates gerais da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

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