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PSDB Doria
Reunião da Executiva do PSDB: partido vai se reunir nesta quinta-feira (9) para decidir se apoia Simone Tebet.| Foto: Wesley Oliveira/Gazeta do Povo

A Executiva nacional do PSDB pretende se reunir nesta quinta-feira (9) para definir ou não o apoio à candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) ao Palácio do Planalto pela chamada terceira via. Desde que o ex-governador João Doria (PSDB) abriu mão de sua pré-candidatura, tucanos divergem entre o apoio ao nome da emedebista e o lançamento de uma candidatura própria.

Em contrapartida ao apoio a Simone Tebet, a cúpula do PSDB exige que o MDB apoie candidaturas tucanas aos governos de ao menos três estados: Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Na semana passada, o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, sinalizou que o MDB teria até está quarta-feira (8) para sinalizar o acordo.

O principal entrave ocorre na disputa pelo governo gaúcho, onde Eduardo Leite (PSDB) renunciou ao cargo no final de março para tentar viabilizar seu nome à Presidência, mas acabou recuando depois de uma pressão feita pelo grupo de João Doria. Agora, Leite pretende voltar ao governo do Rio Grande do Sul como candidato à reeleição com apoio de Tebet no estado.

Contudo, o MDB lançou a pré-candidatura do deputado estadual Gabriel Souza ao governo gaúcho, e o diretório estadual tem resistido em abrir espaço para Eduardo Leite. Na semana passada, Tebet se reuniu com alguns nomes do PSDB em Brasília para uma rodada de conversas e a expectativa era de que ela fosse ao Rio Grande do Sul para pressionar o diretório do MDB no estado. A agenda, no entanto, acabou sendo cancelada por causa do falecimento do genro da senadora.

Apesar disso, lideranças do MDB dão como certo o acordo para que Gabriel Souza deixe a disputa e, eventualmente, seja indicado como vice na chapa de Eduardo Leite. No estado, o acordo envolve ainda o PSD, que pleiteia indicar a ex-senadora Ana Amélia como candidata ao Senado na chapa.

Para frear Aécio Neves, PSDB tenta acordo com MDB em Minas Gerais 

Além do Rio Grande do Sul, o PSDB ainda exige o apoio do MDB às candidaturas tucanas em Pernambuco e no Mato Grosso do Sul. No estado do Nordeste, por exemplo, a aliança com os tucanos representaria um rompimento do MDB com o PSB, que atualmente governa o estado pernambucano e tem como pré-candidato Danilo Cabral.

Já no Mato Grosso do Sul, estado da senadora Simone Tebet, o PSDB tem como pré-candidato Eduardo Riedel. Por outro lado, o MDB lançou a pré-candidatura do ex-governador André Puccinelli. No estado, no entanto, a cúpula do MDB espera um recuo dos tucanos. A última pesquisa do Instituto Ranking Brasil mostrou Puccinelli à frente de Riedel.

A cúpula do PSDB ensaia ainda uma ofensiva para atrair o apoio do MDB em Minas Gerais. Segundo tucanos envolvidos nas negociações, a medida seria uma forma de atrair o apoio do deputado Aécio Neves, que exerce influência sobre diversas lideranças do partido e que tem defendido que o PSDB lance um nome próprio à Presidência depois da desistência de Doria.

Nesse caso, o partido de Simone Tebet apoiaria o ex-deputado Marcus Pestana ao governo mineiro. O estado foi incluído na lista de exigências do PSDB, discutida por Bruno Araújo com os deputados mineiros Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel e com os senadores Tasso Jereissati (CE) e Izalci Lucas (DF) na semana passada em Brasília.

Caso o MDB acate as demandas nos colégios eleitorais considerados caros aos tucanos e onde há conflitos pelas pré-candidaturas, o nome do senador Tasso Jereissati é apontado como possível vice na chapa de Tebet. No MDB, a indicação de Jereissati é vista, principalmente, como uma forma de fortalecer o nome de Tebet em estados do Nordeste.

De acordo com lideranças tucanas, a cúpula do PSDB ainda tenta um recuo de Aécio Neves sobre a possibilidade de o partido lançar um nome próprio ao Planalto. Em um cenário em que o acordo com o MDB seja inviabilizado, a ala ligada ao mineiro poderia acabar gerando novos atritos dentro do ninho tucano. "O que ficou acertado é que, sem esses apoios regionais, não haverá aliança nacional com o MDB", afirmou Aécio Neves.

Eleição de governadores e do Congresso são estratégias de sobrevivência do PSDB 

Dentro do PSDB, a avaliação é de que a eleição de governadores em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraíba e Mato Grosso do Sul poderia recuperar a relevância política da sigla. Além disso, tucanos avaliam que a recomposição da bancada na Câmara dos Deputados será primordial para a sobrevivência do partido nos próximos anos.

Em 2014, quando Aécio Neves disputou o segundo turno da eleição presidencial contra a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o partido elegeu 54 deputados federais. No entanto, viu esse número cair para 29 em 2018, quando o então candidato pelo PSDB, Geraldo Alckmin, ficou em quarto lugar com menos de 4% dos votos.

Desta vez, sem um nome próprio e de relevância para a disputa presidencial, lideranças do PSDB temem um encolhimento ainda maior da sigla. Nesse cálculo, avaliam que o apoio ao nome de Simone Tebet abriria espaço para a eleição de governadores e deputados.

"Estamos com este novo horizonte, de construção boas chapas para as eleições proporcionais nos estados, para deputados estaduais e federais. Há um movimento intenso no partido. Todos esses meses de exposição nos fizeram ver que há expectativa ainda no PSDB", defendeu o ex-senador José Aníbal (SP).

Neste ano, a sigla deve contar com cerca de R$ 318 milhões do fundo eleitoral, a sexta maior fatia entre os partidos. Sem a candidatura de Doria, que embolsaria pouco mais de R$ 65 milhões desse montante, o PSDB deve agora privilegiar candidatos tucanos a governador e a deputado federal.

Paralelamente, João Doria deve fazer no próximo dia 13 um pronunciamento para falar sobre seu futuro político. Logo após abrir mão de sua candidatura, o ex-governador paulista viajou para o Estados Unidos e desde então seu rumo nas eleições de 2022 segue incerto. Dentro do PSDB não está descartada uma candidatura do tucano ao Senado ou à Câmara.

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