Além de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o resultado da eleição presidencial marca a volta por cima de outro político tradicional: o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Depois de fracassar em sua tentativa de chegar ao Palácio do Planalto em 2018, o ex-governador paulista passou por um inferno astral. Foi traído ainda durante a campanha eleitoral, quando muitos dos companheiros do PSDB, partido em que foi um dos fundadores e ao qual estava filiado, abandonaram sua candidatura. Depois da eleição, passou a ser boicotado internamente por uma ala liderada pelo então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de quem foi padrinho político na eleição municipal de 2016.
Sem espaço no ninho tucano, Alckmin se desfiliou em dezembro de 2021, após décadas de militância ao lado de nomes históricos do PSDB, como Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Estava decidido a se candidatar novamente ao governo de São Paulo por outro partido, embalado pelas primeiras pesquisas de intenção de voto que o colocavam em primeiro lugar na preferência do eleitorado.
Mas um convite inusitado mudou completamente seus planos para a eleição de 2022. Por meio do ex-governador Márcio França (PSB), Alckmin foi sondado para formar uma chapa com Lula. A aliança improvável - os dois foram adversários na eleição presidencial de 2006, decidida apenas no segundo turno - se mostraria uma jogada política perfeita - para ambos os lados. O candidato petista fazia um aceno importante ao centro democrático, enquanto o ex-tucano via a oportunidade de realizar o sonho de chegar ao Palácio do Planalto, mesmo que na condição de vice.
Filiado ao PSB, Alckmin recebeu a missão de dialogar com setores mais refratários a Lula e ao PT, como o agronegócio, os evangélicos e o setor industrial, principalmente no interior dos estados do Sul/Sudeste. O papel estratégico do ex-governador não deu a vitória a Lula no estado de São Paulo como os coordenadores da campanha inicialmente projetaram. Mas atraiu votos suficientes para que Lula fosse ao segundo turno e para que agora vencesse a eleição presidencial mais apertada da história da democracia no Brasil.
A trajetória política de Geraldo Alckmin
Nascido em Pindamonhangaba (SP), em 7 de novembro de 1952, o vice-presidente eleito Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho é médico anestesista e professor. Começou a carreira política em 1973, quando assumiu o cargo de vereador na cidade natal.
Entre 1977 e 1982, foi prefeito de Pindamonhangaba. Ele também assumiu mandatos de deputado estadual (1983-1987) e deputado federal (1987-1995). Alckmin foi governador de São Paulo por dois períodos: de 2001 a 2006 e de 2011 a 2018, sendo o político que por mais tempo comandou o governo paulista desde a redemocratização do Brasil. Foi vice-governador na gestão Mário Covas.
Alckmin foi candidato a presidente da República em 2006 e 2018 pelo PSDB, mas não chegou a ser eleito. Em março de 2022, migrou do PSDB para o PSB, para ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula.
Alckmin é casado desde 1979 com Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin, mais conhecida como Lu Alckmin. O casal teve três filhos: Sophia, Geraldo e Thomaz. Este último morreu em um acidente de helicóptero, em abril de 2015.
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