Termina no sábado (2) o prazo para que governadores e prefeitos que queiram concorrer a outros cargos nas eleições de 2022 renunciem aos seus mandatos. A lei eleitoral prevê que o afastamento deve ocorrer seis meses antes das eleições. O objetivo é atender ao princípio da igualdade de oportunidades e o candidato que não cumprir o prazo terá sua candidatura indeferida. A regra, porém, não vale para candidatos que buscam a reeleição. E ao menos seis governadores deixarão o comando de seus estados até o dia 2
Quatro deles dos governadores que vão renunciar – Camilo Santana (PT-CE), Wellington Dias (PT-PI), Renan Filho (MDB-AL) e Flavio Dino (PSB-MA) – disputarão uma vaga no Senado. Outros dois – João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS) – buscam viabilizar suas candidaturas para presidente da República (apenas um vai poder disputar esse cargo, pois os dois estão no mesmo partido).
Veja quem são os vices que assumirão, quais devem ser os seus candidatos à sucessão estadual e como está o desempenho deles nas pesquisas eleitorais.
João Doria, em São Paulo
Diferentemente de outros governadores que estão renunciando para concorrer a vagas no Senado, João Doria poderia, se quisesse, continuar no governo de São Paulo e disputar a reeleição no estado mais populoso e rico do país. Contudo, as intenções presidenciais do tucano já eram bem conhecidas.
Em novembro do ano passado, o governador venceu as prévias do PSDB e se tornou o pré-candidato do partido a presidente da República. Mas mesmo após sua indicação como candidati a presidente na eleição interna, o paulista não conseguiu deslanchar nas pesquisas de intenção de voto na eleição presidencial.
Os cenários apresentados pela última pesquisa Quaest/Genial, deste mês de março, colocam Doria com 2% da preferência dos eleitores. Mesmo em São Paulo, a intenção de voto não passa de 5%. Além disso, ele tem uma avaliação de governo considerada negativa por 46% da população, enquanto que apenas 17% disseram ser positiva. E se Doria desistisse da candidatura à Presidência para tentar a reeleição, 70% dos eleitores paulistas entrevistados responderam que ele não merecia uma segunda chance como governador.
A campanha de Doria considera, porém, que ainda há tempo para que o pré-candidato melhore seus números e viabilize uma candidatura de terceira via ao Planalto. Aliados dizem que sua rejeição vem caindo. E ele tem aproveitado as últimas semanas no cargo para intensificar sua agenda de inaugurações e eventos.
O problema é que, nesta semana, Doria arranjou um adversário dentro do próprio partido. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, disse que pretende trabalhar para que seu nome seja o escolhido da terceira via para a disputa presidencial. Doria tem procurado evitar atacar o colega de partido, mas disse que seria um “golpe” se as prévias forem desrespeitadas – embora legalmente a manobra seja possível, já que um candidato só é definido perante a justiça eleitoral quando há aprovação do nome na convenção partidária, que ocorre somente em julho.
Com a renúncia de Doria, que deve ocorrer na quinta-feira (31), quem assumirá o governo paulista é Bruno Garcia, afilhado político do governador e novato no PSDB. Também é ele é o indicado do partido para disputar o governo de São Paulo.
Metodologia da pesquisa citada: a pesquisa nacional da Quaest foi contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores entre os dias 10 e 13 de março de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo BR-06693/2022. A pesquisa da Quaest/Genial em São Paulo contou com 1.640 eleitores do estado entre os dias 11 e 14 de março. A margem de erro é de dois pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%. O levantamento foi encomendado pelo Banco Genial e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo SP-03634-2022.
Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul
Nesta semana, Eduardo Leite, fez dois anúncios: vai continuar no PSDB – após ser cortejado pelo presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab – e renunciará ao cargo de governador do Rio Grande do Sul.
O que ainda não está decidido, porém, é para qual cargo ele irá se candidatar nas eleições deste ano. "A renúncia me abre muitas possibilidades e não me retira nenhuma. A lei eleitoral exige que estejamos fora de um cargo Executivo, a não ser que a única possibilidade seja a da reeleição. Renunciar me abre diversas possibilidades", afirmou Leite em coletiva de imprensa na segunda-feira (28).
Mesmo que tenha perdido as prévias do PSDB para João Doria, Leite não desistiu de ser o candidato tucano à Presidência da República. Ele está deixando o governo estadual para rodar o Brasil nos próximos meses, na tentativa de melhorar seu desempenho nas pesquisas eleitorais e mostrar aos eleitores de fora do Rio Grande do Sul quem ele é. Ainda não está claro o que Leite vai fazer caso a sua estratégia não dê certo até julho, quando começam as convenções partidárias para a definição das chapas presidenciais.
Com a saída do governador, o vice Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), vai comandar o Executivo gaúcho. Ele também é o pré-candidato do partido ao governo do estado, mas não estava com uma boa posição em uma pesquisa eleitoral de janeiro da Real Time Big Data, única publicada no estado neste ano. Ranolfo tinha entre 1% a 4% das intenções de voto, dependendo dos cenários apresentados, um deles liderado pelo próprio Leite. Uma nova pesquisa eleitoral para o governo do Rio Grande do Sul deve ser publicada na próxima semana, contratada pela Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul).
Metodologia da pesquisa citada: a RealTime Big Data entrevistou, por telefone, mil pessoas entre os dias 13 e 14 de janeiro deste ano. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi contratada pela Record TV e está registrada no TSE sob o protocolo RS-00252/2022.)
Camilo Santana, no Ceará
Camilo Santana (PT), governador do Ceará desde 2015, vai renunciar para disputar uma vaga no Senado nas eleições de outubro. De acordo com o jornal Diário do Nordeste, o governo deve realizar uma solenidade no sábado (2) para marcar o fim da estada do petista no Palácio da Abolição. Na data, a vice Izolda Cela, do PDT, assumirá como governadora.
Em evento com tom de despedida na segunda-feira (28), Camilo disse que o estado “estará em boas mãos”, referindo-se a Izolda. “Eu não tenho dúvidas que, saindo agora, no dia 2, o estado estará em excelentes mãos da minha querida vice-governadoras Izolda Cela. Uma pessoa íntegra, seríssima, que revolucionou nossa educação", disse o governador na inauguração do Centro de Formação e Desenvolvimento para os Profissionais da Educação do Estado do Ceará (Formace).
Camilo deixará o governo com uma boa avaliação, segundo pesquisa eleitoral deste mês de março da Real Time Big Data, contratada pela TV Otimista. Os que consideraram sua administração ótima ou boa somavam 50% dos eleitores, enquanto apenas 13% achava ruim ou péssima
Por enquanto, Camilo é o único nome certo na chapa majoritária do grupo que atualmente governa o Ceará. O candidato a governador deve ser alguém do PDT.
Na pesquisa Real Time Big Data, foram testados os nomes de Izolda e Roberto Cláudio, ex-prefeito de Fortaleza. Com seu nome vinculado a Camilo, aos pré-candidatos a presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT), Izolda tinha 33% das intenções de voto – numericamente à frente do deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), mas tecnicamente empatada com o pré-candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Roberto, por sua vez, aparecia com 42% das intenções de voto, mostrando uma vantagem de 17 pontos sobre o pré-candidato da oposição.
O grupo, que também tem entre os caciques o senador Cid Gomes, irmão do presidenciável Ciro Gomes (PDT), está conversando também sobre o indicado para o cargo de vice. Nos bastidores da política cearense, especula-se que possa ser um nome do PT, possivelmente o vice-presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Santana.
Metodologia da pesquisa citada: o levantamento da Real Time Big Data foi registrado no TSE com o número CE-04158/2022. Foram ouvidos 1000 eleitores entre os dias 21 e 22 de março, por telefone. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Flávio Dino, no Maranhão
Quem também não poderá concorrer à reeleição por já estar em seu segundo mandato é Flávio Dino (PSB). Ele decidiu deixar o governo do Maranhão dentro do prazo de desincompatibilização para tentar uma cadeira no Senado.
Na segunda-feira (28), ele publicou em suas redes sociais uma “carta ao povo do Maranhão”, relembrando os sete anos em que esteve comandando o estado e se despedindo do cargo. “Sou muito grato por tudo que vivi à frente do governo do estado”, escreveu. “Esse barco ainda tem muito a navegar. Estou saindo da cabine de comando, mas continuo na luta, junto com todos e todas, para que ele chegue sempre em um bom porto. Mesmo que esse bom porto seja uma utopia, porque o nosso destino é continuar navegando”, diz trecho da carta.
Em 2 de abril, Dino entregará o comando do Palácio dos Leões ao seu vice, Carlos Brandão (PSB), que também é seu indicado para concorrer ao cargo de governador nas eleições de outubro – no caso de Brandão, não há necessidade de desincompatibilização. O vice da chapa de Brandão na eleição deve ser do PT.
Neste ano, a esquerda maranhense deve ir dividida à disputa estadual, dando a Lula dois palanques. No início do ano, o senador Weverton Rocha, do PDT, rompeu com a base governista, depois que Flávio Dino escolheu Brandão como seu candidato à sucessão. Naquele momento, Brandão era filiado do PSDB e, na opinião de Weverton, era de um campo político que não o da esquerda progressista. Diante disso, o senador também resolveu entrar na disputa ao governo do Maranhão.
O instituto de pesquisa Exata fez uma pesquisa neste mês de março sobre a eleição para o governo do Maranhão. Weverton aparecia com 22% ou 35% das intenções de voto, dependendo do cenário apresentado (com mais ou menos candidatos), e Brandão estava com 16% ou 22%. Na disputa ao Senado, Dino estava com 51% das intenções de voto.
Metodologia da pesquisa citada: O instituto Exata entrevistou 1.400 eleitores do Maranhão entre os dias 15 a 19 de março. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erros é de 3,44 para mais ou para menos. A pesquisa, contratada pela Rádio e TV Difusora do Maranhão, foi registrada no TSE sob o protocolo MA-02272/2022.
Wellington Dias, no Piauí
Com a saída do governador Wellington Dias (PT) para disputar o Senado, o Piauí terá, pela primeira vez, uma mulher no comando do estado de forma permanente. Regina Sousa (PT) assumirá as novas funções na quinta-feira (31), em uma cerimônia de transmissão de cargo no Palácio de Karnak, sede do governo estadual – a deputada federal Margarete Coelho (PP) já ocupou a cadeira, mas como governadora interina.
“É importante porque a gente tem uma luta por empoderamento [das mulheres]. Então, cada uma que ocupar um espaço é um exemplo para dizer que a mulher pode fazer as coisas, que pode ser governadora, prefeita ou presidenta”, disse. Nas eleições de 2018, apenas uma mulher foi eleita governadora no Brasil – Fátima Bezerra, no Rio Grande do Norte.
Wellington Dias se prepara para entrar na campanha para o Senado, tendo como missão também ajudar a alavancar o nome do seu candidato ao governo do estado: Rafael Fonteles (PT), secretário da Fazenda.
Renan Filho, em Alagoas
O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), anunciou na semana passada que deixará o cargo para disputar as eleições de outubro. “Renunciarei na próxima semana para disputar as eleições e acho que cumprirei um papel melhor, nessa transição que o país deve passar agora em 2022, tendo um mandato eletivo em Brasília”, disse o governador, que deve se candidatar ao Senado – se for eleito, será colega do pai, o senador Renan Calheiros (MDB).
“Não fiz tudo que as pessoas esperavam de mim, mas posso garantir que fiz tudo que as minhas limitações permitiram que eu fizesse. O que eu não fiz foi porque verdadeiramente eu não tive condição de fazer”, disse Renan Filho em um evento recente.
No caso de Alagoas, a sucessão do governo não será tão simples, já que não há um vice-governador. Luciano Barbosa (MDB), que ocupava o cargo, renunciou em 2020 para disputar a eleição municipal de Arapiraca; e acabou se elegendo prefeito da segunda maior cidade de Alagoas.
De acordo com uma norma sancionada no começo do ano, a Assembleia Legislativa do estado terá que fazer uma eleição indireta para um mandato-tampão até 31 de dezembro. O nome mais cotado é o do deputado estadual Paulo Dantas (MDB), que além de ter o apoio de Renan Filho, também contará com o apoio do presidente do Legislativo estadual, Marcelo Victor (União Brasil).
Dantas também é um dos principais nomes para a disputa de outubro ao governo de Alagoas – e poderá usar o cargo para projetar seu nome na campanha, além de poder vir a ter o apoio de Lula. Também devem concorrer ao governo de Alagoas Rodrigo Cunha (PSDB), da oposição, e Rui Palmeira (PSD).
Renan Filho, por sua vez, deve ter como adversário o senador Fernando Collor (Pros), que, se não mudar de decisão até outubro para tentar o governo do estado, buscará a reeleição.
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