Site do Washington Brazil Office, que tenta influenciar eleições de 2022 no Brasil.| Foto: Reprodução
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Nos próximos meses, prepare-se para ver meios de comunicação e influenciadores de esquerda citando relatórios e estudos de um think tank lançado no fim de janeiro: o Washington Brazil Office (WBO). Reunindo instituições e personalidades de esquerda e extrema-esquerda brasileiras e internacionais, o grupo prepara uma investida para influenciar a opinião pública nas eleições de 2022 sob a fachada de “defesa da democracia”.

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Estão envolvidas na iniciativa organizações como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), o Greenpeace, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos) e o Amazon Watch. O projeto conta com o apoio da Open Society Foundations, do bilionário George Soros, e de diversos professores universitários dos Estados Unidos com histórico fortemente associado ao esquerdismo e a pautas identitárias.

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O grupo terá como embaixadores algumas celebridades cujas presenças se tornaram quase obrigatórias em iniciativas semelhantes, como o ator Wagner Moura, a cantora Daniela Mercury, o apresentador Gregório Duvivier e o ex-deputado Jean Wyllys. O diretor-executivo do WBO é Paulo Abrão, que foi presidente da Comissão de Anistia e secretário Nacional de Justiça durante o governo Lula.

Embora fale em defender a democracia, o WBO dá vários sinais de que tem um objetivo muito concreto: recolocar o ex-presidente Lula no poder a partir de 2023. Entre os primeiros vídeos publicados em seu site estão entrevistas com Sérgio Ferreira, tradutor de Lula, e Stanley Gacek, advogado sindicalista norte-americano que é amigo do ex-presidente e chegou a visitá-lo na prisão em 2019.

O primeiro artigo de opinião publicado no site do WBO polariza a disputa presidencial de 2022 entre Bolsonaro e Lula. Depois de atacar o governo do atual presidente, o autor compara as eleições de 2018 com as deste ano, e diz que elas serão diferentes “mesmo que a histeria da direita ressurja”. Uma das diferenças, afirma o texto, é que o “julgamento que desqualificou Lula” para as eleições de 2018 “foi anulado devido às flagrantes violações éticas”.

Apesar dessas e outras indicações evidentes de seu viés, o WBO diz que atua “com independência e de maneira não-partidária”. Define-se como “uma instituição independente especializada em pensar sobre o Brasil” e em “apoiar ações que fortaleçam o papel da sociedade civil e das instituições dedicadas à promoção e à defesa da democracia, dos direitos humanos, das liberdades e do desenvolvimento socioeconômico e ambiental sustentáveis do país”.

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Iniciativa dá ares de respaldo internacional a um lado político e conta com exército de professores esquerdistas

O WBO é um braço do U.S. Network for Democracy in Brazil (Rede Norte-Americana pela Democracia no Brasil), uma organização fundada com a alegada missão de “educar o público dos EUA sobre a situação atual no Brasil” e “apoiar movimentos sociais, organizações comunitárias, ONGs, universidades, ativistas etc. que serão vulneráveis ​​neste novo clima político”.

Um dos principais efeitos obtidos por iniciativas desse tipo é dar ares de respaldo internacional à agenda política do grupo apoiado, popularizando no próprio Brasil a visão de que existe uma preocupação global em relação ao status da democracia no país. Não por acaso, o mesmo grupo de artistas e várias das ONGs que são parceiras do WBO já marcaram presença em protestos mundo afora sobre supostos atentados à democracia do atual governo brasileiro. Uma das performances mais recentes ocorreu em audiência da Organização dos Estados Americanos (OEA), para denunciar suposta censura a artistas.

A equipe do WBO conta atualmente com 70 membros, entre celebridades, ativistas e dezenas de professores universitários com viés marcadamente esquerdista, brasileiros e norte-americanos em sua maioria. Todos eles têm seus currículos descritos no site da iniciativa, que oferece um cardápio repleto de opções para jornalistas interessados em embasar matérias enviesadas com uma opinião acadêmica.

O carro-chefe do WBO neste ano eleitoral será um projeto chamado Observatório da Democracia, que vai acompanhar as eleições presidenciais. “Serão publicados boletins semanais e podcasts quinzenais com análises dirigidas ao público internacional, e serão realizados também debates programáticos mensais com especialistas do Brasil e dos Estados Unidos sobre temas paralelos e de interesse comum aos dois países”, afirma a organização.

Até agora, todos os boletins semanais publicados são fortemente críticos a Bolsonaro, céticos em relação a candidatos da terceira via, como Sergio Moro, e simpáticos e otimistas sobre um eventual retorno de Lula à Presidência. Um dos boletins, por exemplo, dedica-se a inverter a narrativa sobre uma das principais conquistas do atual governo: a melhoria nos números da segurança pública.

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“Os números por si só não transmitem o verdadeiro dano que Bolsonaro causou à segurança pública”, diz o WBO. “Combinando ordens executivas abusivas e apelos diretos e populistas, ele conseguiu realizar três coisas: desumanizar ‘criminosos’ e legitimar a brutalidade policial em um país que encarcera massivamente jovens, negros/pardos e pobres; aumentar o acesso às armas de fogo entre os brasileiros em um ritmo sem precedentes, e; radicalizar e cooptar um número significativo de policiais brasileiros para sua base política”, acrescenta.

Sobre Moro, o WBO afirma que ele “agora se apresenta como antípoda do presidente, mas, fundamentalmente, compartilha a agenda de segurança pública de Bolsonaro”, já que “assinou muitas das ordens executivas de Bolsonaro que relaxaram o controle de armas e foi o cérebro por trás do ‘pacote anticrime’ de Bolsonaro que, entre outras questões, pretendia dar respaldo legal aos policiais que matassem suspeitos de crimes”.

Já sobre Lula, a organização ressalta que “dois dos mais renomados gestores de fundos de hedge do Brasil preveem mercados abraçando Lula se ele vencer a eleição presidencial deste ano, o que eles consideram como praticamente uma certeza”.

A página do Observatório da Democracia sobre os presidenciáveis classifica Bolsonaro como “extrema-direita” e Lula como “centro-esquerda”. Já Doria é considerado como “centro-direita”, e Moro é identificado como “direita” – o que sugere que, para o WBO, Lula é mais moderado em seu esquerdismo do que Moro em seu direitismo.