O comitê da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados da base governista acreditam que as manifestações de 7 de setembro serão um importante "combustível" eleitoral para impulsionar de vez a candidatura à reeleição. A leitura é de que a presença do povo nas ruas será uma demonstração de força política em um momento decisivo na corrida presidencial.
A análise de coordenadores eleitorais e aliados é de que as manifestações serão uma "fotografia para o mundo", como disse Bolsonaro ao convocar a população às ruas no 7 de setembro do ano passado. A ideia é reproduzir os vídeos e imagens registrados nesta quarta-feira em publicações nas redes sociais e em propagandas da campanha no horário eleitoral para destacar a imagem de apoio popular.
O entendimento do comitê eleitoral de Bolsonaro é que as estratégias adotadas até o momento são positivas e que todos os esforços para ampliar e reverter votos estão sendo feitos nas mais diversas áreas e entre diferentes grupos do eleitorado. Até o momento, as propagandas procuraram apresentar um balanço de ações do governo com direito a comunicações sobre economia e voltadas para mulheres, eleitores de baixa renda, jovens e empreendedores.
Já a propaganda desta terça-feira (6) deu início a uma etapa mais combativa contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no horário eleitoral gratuito.
A conciliação de estratégias eleitorais de uma comunicação propositiva, sobre a entrega de ações do governo, e combativa, que pretende elevar a polarização e desqualificar Lula, foi definida entre coordenadores de Bolsonaro para convencer o maior volume de eleitores possível. O núcleo da campanha entendia, porém, que uma ampla demonstração de força popular reforçaria o planejamento. Por isso, o 7 de setembro é tão comemorado.
Como 7 de setembro pode ajudar a convencer indecisos
Tamanha é a convicção da campanha e de aliados sobre o potencial eleitoral das manifestações de 7 de setembro que muitos acreditam que os atos populares ajudarão a angariar votos entre os indecisos e ampliar a base eleitoral de Bolsonaro.
"Não tenho dúvida, muitas pesquisas acabam influenciando aquele eleitor indeciso que não tem tanto esclarecimento e que, muitas vezes, se baseia por pesquisa. Quando ele vir que o presidente está com o povo e o povo está com Bolsonaro, isso vai demonstrar força e muitos indecisos vão acabar decidindo seu voto e terminando por votar em Jair Bolsonaro", analisa o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que diz desconfiar dos resultados de pesquisas eleitorais.
O parlamentar afirma que a mesma análise vale para a conversão de votos de candidaturas da chamada terceira via. Ele acredita que as manifestações podem ser importantes para antecipação do chamado "voto útil", quando o eleitor não está convicto do seu voto e tende a apoiar um candidato com mais chances de estar no segundo turno.
"As manifestações serão decisivas e cruciais para que muitos passem a manifestar seu voto de forma aberta e sem nenhum tipo de vergonha sobre o presidente, pois muitos até ficam acanhados de dizer que são apoiadores quando vê toda uma massificação de uma imprensa vendida de que o outro candidato é que estaria na frente", analisa Jordy.
"Mas isso vai ser revertido com a grande massa de brasileiros patriotas saindo às ruas. Essas pessoas vão perceber que o presidente é quem realmente está na frente das pesquisas", acrescenta.
O deputado federal Bibo Nunes (PL-RS) endossa a leitura e define que as manifestações de 7 de setembro serão a "largada rumo à vitória". "A presença da população brasileira nas ruas apoiando Bolsonaro vai mostrar a força ao presidente e fazer com que o indeciso se defina e aquele que estava esperando uma terceira via entenda que ela é inviável", avalia.
Como manifestações podem engajar militância e ajudar aliados
Outra análise feita por aliados é que as manifestações serão importantes para ampliar o engajamento orgânico da própria militância, como em 2018. Bibo Nunes acredita que esse foi o diferencial da vitória de Bolsonaro há quatro anos e acredita que as manifestações de agora serão determinantes para estimular os apoiadores em todo o país.
"A 'tropa' tem que estar com moral elevada e as manifestações vão tonificar e empolgar a militância a partir de amanhã [quarta-feira], pode ter certeza. Aquele ânimo da eleição passada volta a partir deste 7 de setembro. Foi dada a largada. Agora, vamos para a rua e vamos com energia altamente positiva combater o comunismo e defender a família", diz o deputado gaúcho.
Com a reprodução de imagens do povo nas ruas e um maior engajamento orgânico de apoiadores, o parlamentar acredita que não apenas Bolsonaro conseguirá impulsionar sua candidatura, como também seus aliados políticos nos estados, principalmente os candidatos ao Senado e a governos estaduais. "A eleição está só começando", comenta.
Carlos Jordy concorda que as manifestações podem ampliar o engajamento orgânico junto à sociedade e ajudar na eleição e reeleição de aliados a cargos majoritários. "Às vezes, muitos candidatos ficam indecisos de manifestar apoio porque está dividido e não quer perder o voto do eleitor do Lula, ou vice-versa. E esse caso, havendo uma manifestação com apoio e adesão imenso da população, muitos acabam se manifestando para declarar o apoio ao presidente, tanto os [candidatos a] senadores, as senadoras, e governadores. E isso tenho certeza que será um divisor de águas", avalia.
Coordenador da campanha de Bolsonaro no Nordeste e candidato ao Senado por Pernambuco, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) aposta que as manifestações serão uma grande oportunidade para que mais pessoas se convençam sobre todas as ações do governo, principalmente os feitos econômicos.
"O 7 de setembro deste ano vai ser a maior manifestação pacífica da história do Brasil que celebra 200 anos de Independência em uma democracia cada vez mais consolidada. Um Brasil que a gente vê várias manifestações a favor de um governo e nenhuma contra, com grande repercussão popular. Isso é muito bom, o país recuperando a autoestima, a confiança, o emprego, a sua moeda, e um país diminuindo a inflação, que já é uma das menores do planeta", opina.
Como as manifestações de 7 de setembro podem repercutir nas pesquisas
O cientista político Jonatas Varella, diretor de processamento de dados da Quaest, reconhece que o 7 de setembro pode ser importante para Bolsonaro mostrar força e animar seu eleitorado. Segundo dados do último levantamento do instituto, 53% dos entrevistados acham que Lula vai vencer as eleições.
Por indicadores como esse, Varella entende que, do ponto de vista de uma estratégia eleitoral, é importante mostrar força no momento. "Bolsonaro segue competitivo nas eleições. Para ele, mostrar que é possível virar o jogo e manter a militância animada e engajada é super importante", analisa.
Outro dado da Quaest que reforça a importância do 7 de setembro para a campanha de Bolsonaro é o indicador que aborda se o voto é definitivo ou se pode mudar. Em 17 de agosto, o levantamento apontou que 78% dos entrevistados diziam que o voto no presidente era definitivo. Em 31 de agosto, desacelerou para 75%.
Confira a metodologia das pesquisas citadas
A pesquisa Genial/Quaest divulgada em 31 de agosto foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores presencialmente entre os dias 25 e 28 de agosto de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-00585/2022.
A pesquisa Genial/Quaest de 17 de agosto foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pelo Banco Genial. Foram ouvidos 2.000 eleitores presencialmente entre os dias 11 e 14 de agosto de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no TSE sob o protocolo BR-01167/2022.
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