O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) desistiu de se candidatar a presidente nas eleições de 2022, após pressões do seu próprio partido, que, no fim das contas, decidiu não lançar nenhum nome ao Planalto neste ano.
A desistência de Doria veio depois de uma acirrada disputa interna nas eleições prévias do PSDB, em novembro de 2021, contra Eduardo Leite, então governador gaúcho. Na ocasião, o paulista foi escolhido pelo PSDB para ser o pré-candidato do partido à Presidência da República, mas a decisão dos filiados de nada adiantou para reduzir as resistências do partido em relação a uma eventual candidatura de Doria.
"Entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Sou um homem que respeito o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", afirmou Doria em coletiva de imprensa em 23 de maio. O ex-governador de São Paulo anunciou, dias depois, que não concorrerá a nenhum cargo nas eleições de 2022 e que, por ora, deve se dedicar à iniciativa privada.
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Relembre a trajetória de João Doria
Doria, 64, é jornalista e publicitário, formado pela Faap (Fundação Armando Álvares Penteado). Antes de ingressar na política, foi diretor na Rede Bandeirantes de Televisão (de 1979 a 1982) e fundou o Grupo Doria de comunicação e marketing, que abarca seis empresas do ramo, inclusive o Lide (Grupo de Líderes Empresariais). Ainda na comunicação, Doria apresentou programas de TV, como o reality show O Aprendiz.
O paulistano ocupou alguns cargos públicos nos anos 1980, quando foi secretário municipal de Turismo em São Paulo e presidiu a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo).
Filiado ao PSDB desde 2001, Doria só foi disputar seu primeiro cargo eletivo em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo no primeiro turno, com 53% dos votos. Ele deixou o Executivo municipal após 15 meses no cargo, para concorrer ao governo do estado de São Paulo em 2018.
Durante a campanha daquele ano, após passar para o segundo turno, Doria apoiou a candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência e chegou a vincular seu nome ao do presidente (usando o slogan "Bolsodoria"). Ele foi eleito governador de São Paulo, com 51,7% dos votos.
A relação de cordialidade com o presidente, porém, não durou muito tempo. Ainda no primeiro ano de governo de ambos, Doria passou a criticar comentários do presidente, bem como o desejo do chefe do Executivo federal de nomear Eduardo Bolsonaro como embaixador do Brasil nos Estados Unidos.
Mas qualquer vínculo que pudesse ligar os dois foi desfeito durante a pandemia de Covid-19. Doria assumiu o protagonismo da briga entre governadores com o presidente por causa das medidas a serem tomadas para tentar frear a disseminação da Covid-19. Defendeu o fechamento temporário de atividades econômicas que não fossem essenciais. O governador de São Paulo também fez a ponte para um acordo com a farmacêutica chinesa Sinovac, para que a vacina contra a Covid-19 da empresa – a coronavac – fosse produzida em São Paulo pelo Instituto Butantan.
Doria deixou o governo de São Paulo no fim de março, com o intuito de disputar a eleição presidencial. Mas diante da possibilidade de ver seu nome rechaçado na convenção do partido (quando há a oficialização das candidaturas), ele desistiu de se candidatar e anunciou o retorno ao setor privado. Doria continua no PSDB.
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