O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou nesta quarta-feira (31) no Rio Grande do Sul numa ofensiva para tentar diminuir o favoritismo do presidente Jair Bolsonaro (PL) na Região Sul. Ao lado do ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), indicado como vice na chapa petista, Lula pretende ampliar alianças e consolidar palanques de aliados.
É a primeira viagem de Lula ao lado de Alckmin desde o lançamento da pré-candidatura. Havia a expectativa de que a dupla fosse ainda ao estado de Santa Catarina, mas a agenda acabou sendo adiada por conta de impasses sobre candidaturas ao governo local entre PT e PSB.
Levantamento de maio do instituto Paraná Pesquisas mostrou que Bolsonaro lidera a corrida presidencial com 40,1% das intenções de votos entre os eleitores gaúchos. Lula aparece em segundo lugar com 34,2%, segundo o levantamento.
Por isso, o PT espera que a ida de Alckmin ao estado sirva para diminuir as resistências ao nome de Lula na região. Em 2018, quando disputou o Palácio do Planalto pelo PSDB, Alckmin teve nos estados do Sul os seus melhores índices de votação em comparação com o restante do país.
Com expectativas de vencer a disputa presidencial ainda no primeiro turno, a campanha de Lula acredita que ampliar a base de votos nos estados do Sul será determinante na construção deste cenário. Por isso, a presença de Alckmin é fundamental para consolidar a estratégia petista.
Nesta terça-feira (31), Lula afirmou que sua intenção é fazer com que o povo gaúcho se lembre dos diversos investimentos feitos no estado durante os governos do PT. "Não interessava quem era o governador, para mim interessava fazer as coisas para o povo pobre do estado. Foi por isso que criamos um milhão de empregos no Rio Grande do Sul. Recebi um recado aqui que está difícil fazer um churrasco no Rio Grande do Sul, o povo vai voltar a comer uma costelinha assada", disse o ex-presidente em entrevista à rádio Bandeirantes.
Questionado sobre a sua rejeição na região, Lula disse "ter clareza que irá vencer no estado". "Já ganhei muitas eleições aí, depois tivemos reveses, o que é normal na democracia. Mas nós vamos ganhar porque vamos fazer com que o povo se lembre o que foi o Lula e a Dilma [Rousseff] para o Rio Grande do Sul", completou o petista.
Lula e Alckmin tentam resolver impasses sobre palanques no Sul
Paralelamente, Lula e Alckmin chegam ao estado gaúcho com a missão de costurar o palanque na disputa pelo governo estadual. Partido de Alckmin, o PSB tem como pré-candidato o ex-deputado Beto Albuquerque, que resiste em abrir mão da disputa para o pré-candidato do PT, Edegar Preto.
Albuquerque se afastou do PT em 2014, quando concorreu como vice-presidente na chapa da ex-ministra Marina Silva. Em 2016, por exemplo, apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e agora pressiona para que o PSB abra palanque para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) no estado.
O pré-candidato do PSB não deve participar da agenda de Lula no estado, mas a expectativa dentro do PT é de que um acordo seja costurado com o diretório estadual do partido de Alckmin. Nacionalmente, as cúpulas do PT e do PSB fixaram o prazo de 15 de junho para resolver entraves das duas legendas nas disputas nos governos estaduais.
Edegar Pretto afirmou que a prioridade é fortalecer o palanque de Lula no estado. O partido tenta afastar as possibilidades de que a divisão no palanque se torne um constrangimento para a chapa majoritária. "Vamos continuar dialogando com todos do nosso campo progressista. Nossa prioridade é organizar o palanque do presidente Lula", afirmou o pré-candidato do PT no estado.
Levantamento mais recente do Paraná Pesquisa mostra que Beto Albuquerque está à frente de Edegar Preto nos dois cenários testados. No primeiro, o pré-candidato pelo PSB aparece com 12,3% das intenções de votos, contra 4,3% do petista. No segundo cenário, Albuquerque somou 9,5%, contra 4% de Preto.
Impasse entre PT e PSB adia viagem de Lula e Alckmin para SC
O impasse político entre PT e PSB também se repete em Santa Catarina, tanto que adiou a visita que Lula e Alckmin fariam ao estado. Oficialmente, o PT alegou "questões de logística" para o cancelamento da agenda.
No entanto, integrantes da campanha admitem reservadamente que o impasse se dá em torno da disputa pelo governo catarinense. O PT defende a candidatura de Décio Lima e o PSB lançou o senador Dario Berger como pré-candidato.
Historicamente ligado ao MDB, Berger se filiou ao PSB junto ao ex-governador Geraldo Alckmin numa ofensiva para atrair parte do seu eleitorado de centro-direita na região. Por isso, aliados do senador defendem que seu perfil seria mais viável diante do apoio majoritário ao presidente Bolsonaro na região.
No entanto, o PT afirma que o perfil mais conservador de Berger traria dificuldades para reunir as outras forças da aliança. Até o momento, a coordenação da campanha de Lula não indicou uma nova data para visitar o estado.
"Essa é uma eleição polarizada e a tendência é que a polarização também esteja nos estados. Não tem como resolver um estado e não resolver outro, porque nós queremos estar juntos em todos os estados. A gente acha que está aí a nossa força, tanto para disputar a candidatura à Presidência, com a vice, como para disputar candidaturas regionais”, minimizou a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Metodologia de pesquisas citadas na reportagem
O instituto Paraná Pesquisas realizou 1.540 entrevistas com eleitores no estado do Rio Grande do Sul entre 15 e 20 de maio. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa nacional foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob os protocolos BR-03824/2022 e RS-05915/2022.
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