O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mudou o discurso em relação ao aborto e disse na propaganda eleitoral que é contra a realização do procedimento.
“Não só eu sou contra o aborto como todas as mulheres que eu casei são contra o aborto. E eu acho que quase todo mundo é contra o aborto. Não só porque nós somos defensores da vida, mas porque deve ser uma coisa muito desagradável e muito dolorida alguém fazer um aborto”, afirmou Lula na propaganda eleitoral.
A mudança de posicionamento do petista ocorreu às vésperas do segundo turno das eleições 2022, marcado para 30 de outubro, em um aceno às pautas de costumes.
Anteriormente, porém, Lula havia dados declarações a favor do aborto. Em abril de 2022, o petista disse que o aborto deveria ser transformado em uma questão de saúde pública no Brasil e que as mulheres pobres "morrem tentando fazer aborto, porque é proibido, o aborto é ilegal", já as que têm dinheiro fariam a interrupção da gravidez em outros países.
"Aqui no Brasil não faz (aborto) porque é proibido, quando na verdade deveria ser transformado numa questão de saúde pública, e todo mundo ter direito e não ter vergonha. Eu não quero ter um filho, eu vou cuidar de não ter meu filho, vou discutir com meu parceiro. O que não dá é a lei exigir que ela precisa cuidar", afirmou o petista em abril deste ano. A declaração está registrada em vídeo.
Antes desse vídeo, Lula já havia dado declarações sobre o aborto em outras ocasiões, entre 1994 e 2022, conforme mostra matéria da Gazeta do Povo.
1994
No ano em que se candidataria pela segunda vez à Presidência da República, Lula falou sobre o aborto no Congresso dos Estados Unidos. "Até as mulheres que praticam aborto são contra ele, mas não podemos deixar de discutir o assunto num país em que ocorrem entre 2 e 4 milhões deles por ano", disse na época, com números superestimados.
1998
No mesmo ano em que acabou derrotado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pela segunda vez, Lula deu uma entrevista a uma rádio católica em junho de 1998 e um dos assuntos tratados foram as pautas de costume. Sobre o aborto, Lula disse ser pessoalmente contra a prática, mas defendendo que era preciso tratar o tema como "uma questão de saúde pública quando for necessário, até para cumprir a lei".
2006
Tentando a reeleição, Lula lançou um texto voltado às mulheres, "Compromisso com as Mulheres", em que, mesmo sem usar a palavra aborto, trata do assunto. "O Estado e a legislação brasileira devem garantir o direito de decisão das mulheres sobre suas vidas e seus corpos. Para isso, é essencial promover as condições para o exercício da autonomia com garantia dos direitos sexuais e reprodutivos", dizia o texto, que ainda falava em "formular propostas de mudanças na legislação" e ainda em "criar mecanismos nos serviços de saúde que favoreçam a autonomia das mulheres sobre seu corpo".
2007
"Eu disse em todas as eleições da qual participei, em 1989, 1990, 1994,1998, 2002, 2006, e vou dizer agora: eu tenho um comportamento como cidadão, sou contra o aborto. Agora, como chefe de Estado, acho que o aborto tem que ser discutido como uma questão de saúde pública”, disse Lula, no início de seu segundo mandato.
2008
"Não se trata de ser contra ou a favor. Trata-se de discutirmos, com muita franqueza. Se perguntarem para mim, eu sou contra, mas quantas madames vão fazer aborto até em outro país e as pobres morrem na periferia?", disse em uma conferência sobre direitos humanos.
2016
Em abril de 2016, em discurso durante um evento, o ex-presidente também falou sobre aborto. "Eu sou católico, sou cristão, e sou até conservador. De vez em quando eles perguntavam assim pra mim: Lula, você é contra ou a favor do aborto? Eu respondia: Eu, marido de dona Marisa, pai de cinco filhos, sou contra o aborto, mas como Presidente da República eu vou tratá-lo como questão de saúde pública", disse ele. No mesmo evento, o ex-presidente defendeu que "a mulher tem que ter liberdade sobre o seu corpo. Cada um tem direito de cuidar do corpo do jeito que quiser".
2021
Em participação no podcast Mano a Mano, com o rapper Mano Brown, Lula insistiu em dizer que tem duas posições distintas a respeito do aborto. "Não tenho vergonha de dizer que eu, Lula, pai de 5 filhos, sou contra o aborto. Mas, enquanto chefe de Estado, tenho que tratar o assunto como saúde pública. Eu acho que o aborto é um direito da mulher. Não preciso ser favorável, mas tenho que cuidar para que todos sejam tratados dignamente pela saúde pública", disse o ex-presidente.
2022
Em entrevista a uma rádio em março, o petista disse: "Eu Lula, pai de cinco filhos, fui contra aborto e sempre fui. Agora, eu chefe de Estado, preciso tratar o assunto como saúde pública. Pessoalmente é meu pensamento, mas como vou tratar isso como chefe de Estado? Aí é colocar todas as mulheres em igualdade de condição [...] Cabe ao Estado dar a essas pessoas capacidade de tratamento digno, esse é o papel do Estado. A pauta de costumes não é problemática pra mim. Quando apresentar, vai ser discutida no fórum adequado, que é o Congresso Nacional", disse.
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