O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato a presidente pelo PT, foi sabatinado pela CNN na noite de segunda-feira (12). Lula disse que, se for eleito, não vai rever as privatizações feitas em governos anteriores, criticou a política sobre armas do governo de Jair Bolsonaro (PL), culpou o deputado federal Aécio Neves (PSDB) pelo "clima de animosidade" no país, e também sugeriu que é preciso expandir o crédito para aquecer a economia. O petista também relacionou Bolsonaro com Adolf Hitler e Benito Mussolini.
Ao ser questionado sobre a política de armas em um eventual novo governo do PT, Lula fez críticas à gestão de Bolsonaro nessa área e afirmou que o presidente teria “legalizado o tráfico de armas”.
"Tráfico de armas não tem que combater mais porque o presidente [Bolsonaro] legalizou. O presidente pensa que quem está comprando arma é o coroinha da igreja, é o pastor. Não, quem está comprando armas é o crime organizado, legalizado pelo presidente da República". Lula não mencionou, por exemplo, os decretos do Executivo com flexibilizações para a realização de atividades de coleção de armas de fogo, tiro desportivo e caça, os chamados CACs.
Ao tratar da situação política do país, Lula disse que o “clima de animosidade” foi criado em 2014 pelo então candidato a presidente Aécio Neves (PSDB), hoje deputado federal, ao questionar o resultado do pleito na Justiça.
“Primeiro [a judicialização da política] é culpa da classe política. Qualquer coisinha recorre à Suprema Corte. E aí nós temos um problema que foi a eleição da Dilma [Rousseff] de 2014, quando o candidato que ela derrotou não quis aceitar o resultado. (…) O Aécio afrontou a vitória da Dilma, entrou com recurso na Justiça e é responsável pelo clima de animosidade que está criado neste país”, disse.
Lula também opinou que a negação da política permitiu que surgissem líderes como Adolf Hitler e Benito Mussolini e colocou Bolsonaro na mesma relação de políticos.
“A negação da política, a destruição da política, permitiu que surgisse um Bolsonaro, como permitiu na Alemanha que surgisse um Hitler, como permitiu na Itália que surgisse um Mussolini. Toda vez que você nega a política, o que vem dela é muito pior”, afirmou o petista.
Expansão de crédito e privatização
O candidato a presidente também abordou temas econômicos e disse que, se for eleito, vai adotar medidas para expandir o crédito e retomar os investimentos. Segundo ele, são ações necessárias para aquecer a economia.
"A economia não tem mágica. Nós vamos ter que colocar, sabe, crédito para essas pessoas, vamos ter que fazer muito crédito, o BNDES vai voltar a ser um banco de investimento, o Banco do Brasil vai voltar a cuidar não só da agricultura, mas do micro e pequeno empreendedor, a Caixa Econômica vai voltar a financiar habitação e saneamento básico nesse país e nós vamos fazer a economia voltar a crescer", disse Lula.
Ao ser perguntado sobre a possibilidade de rever as privatizações feitas anteriormente, ele falou que isso não irá ocorrer, mas que precisará ter conhecimento sobre a situação, caso seja eleito.
"Eu não falei em rever privatização. Eu não falo em rever privatização. Eu vou ganhar as eleições, eu preciso tomar pé da situação, eu preciso saber que a necessidade primária desse país é dar comida para esse povo", comentou Lula.
Em 11 de junho, porém, o candidato petista postou uma sequência de tuítes criticando a privatização da Eletrobras e afirmando que, se eleito, iria "restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro".
"A Eletrobrás foi construída ao longo de 60 anos, com o suor de gerações de brasileiros. O resultado desse crime de lesa-pátria é a perda da nossa soberania energética. É a entrega de um bem essencial ao desenvolvimento de um país inteiro para empresários que só visam o lucro", escreveu. "Mas podem ter certeza: se vencermos a eleição de outubro (...) nós vamos restaurar a soberania do Brasil e do povo brasileiro", finalizou.
Outros temas
Na sabatina, Lula também reconheceu que houve corrupção em seu governo, negou ter participado dos crimes e criticou a Operação Lava Jato. Ele voltou a repetir o discurso de que foi absolvido. Mas as condenações foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Agronegócio, demarcação de terras indígenas, loteamento de cargos e participação de Geraldo Alckmin (PSB), vice da chapa, na articulação política foram outros temas abordados na entrevista.
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