O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou de comparecer ao debate neste sábado (24) para realizar um comício na mesma hora, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. O petista não citou em seu discurso o debate do SBT/CNN, que contou com a participação de outros presidenciáveis. Ele foi criticado por seus adversários por faltar ao evento.
O ex-presidente disse que já tinha eventos marcados previamente, por isso não poderia comparecer ao debate. A decisão é vista como parte de uma estratégia da campanha de preparação para o debate da TV Globo, considerado decisivo, e que será realizado no próximo dia 29.
"Eu adoraria participar porque eu tenho um profundo prazer de participar de debate, é bom. Lamentavelmente, o debate do SBT demorou um pouco. Minha coordenação mandou uma carta para fazer um pool, quando veio a resposta do debate, eu já tinha agenda no Rio e em São Paulo", afirmou Lula nesta sexta.
Durante o comício, o candidato à presidência da República citou o disparo de mensagens pelos canais do Programa Paraná Inteligência Artificial (PIÁ), Detran, Polícia Civil e Secretaria de Estado de Educação. “Vai dar Bolsonaro no primeiro turno! Senao, vamos a rua para protestar! Vamos invadir o congresso e o STF! Presidente Bolsonaro conta com todos nos!!”, dizia a mensagem recebida por paranaenses neste sábado (24).
“Eles estão mandando informações mentirosas para as pessoas, como fizeram com o Haddad, em 2018, com o ‘kit gay’. Eles vão fazer a mesma coisa, mas eu não vou fazer o jogo rasteiro deles. Vou continuar conversando com vocês olho no olho, porque se alguém ganhar as eleições para presidente mentindo, ele vai governar mentindo, se ele ganhar as eleições fraudando, ele vai ser uma fraude e não é isso que nós queremos com vocês”, disse Lula sobre o episódio.
Em nota, a Celepar (Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná) informou que as "mensagens foram feitas a partir de uma empresa terceirizada, a Algar Telecom, sem qualquer iniciativa e envolvimento da Celepar e do Governo do Estado. O caso foi encaminhado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao Ministério Público Eleitoral para apuração.
Lula voltou a dizer a seus apoiadores que, se eleito, vai acabar com os sigilos de 100 anos determinados pelo atual governo. Ele defendeu que os eleitores reforcem a base de uma eventual nova gestão, votando em deputados federais e senadores aliados. "Eu estou falando bravo, mas o Lulinha que vai governar é o Lulinha paz e amor, porque eu vou tratar todo mundo com respeito", disse o ex-presidente.
Bandeira do Brasil
Lula também criticou o uso da bandeira do Brasil como símbolo de campanha pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). "O nosso adversário, tudo o que ele faz na vida é verde e amarelo, ele diz que o Brasil é dele, ele diz que as Forças Armadas são dele, que o partido dele é o Brasil”, disse o petista.
Lula então abriu uma bandeira do Brasil e disse que ela “pertence a história do nosso país e a 215 milhões de brasileiros”.
"Se o Bolsonaro quiser ter uma bandeira partidária, ele que crie vergonha e crie um partido político, como eu criei o meu partido político", disse o ex-presidente abrindo uma bandeira do PT. Ele ressaltou: "A gente não mistura a bandeira do Brasil com a do nosso partido".
Mulheres no governo
O petista afirmou que, se eleito, vai colocar “um monte de mulher no governo”. No debate da Band, no dia 28 de agosto, Lula se recusou a firmar um compromisso de formar um ministério com metade de mulheres e homens. Ele chegou a dizer que a iniciativa "é plenamente possível", mas que não assumiria o compromisso "numericamente".
No evento deste sábado, o candidato exaltou o papel da mulher na sociedade. “As mulheres não querem mais ser objeto de cama e mesa, as mulheres querem ser sujeito da história. Elas querem fazer política, participar e decidir. Elas sabem administrar. Por que a mulher tem que ganhar menos que um homem? Não tem sentido”, afirmou.
Armas
O ex-presidente criticou os decretos de armas do governo Bolsonaro que flexibilizaram o acesso a armas de fogo e munição. Lula ressaltou que não vê problema em alguém que tem uma propriedade rural ter uma arma.
“Eu quero saber por que um homem de bem quer arma? Um homem de bem quer emprego. A juventude quer livro, educação, cultura. Na verdade, quem está comprando as armas são gente do crime organizado, que antes eram obrigados a roubar o arsenal das Forças Armadas no Rio de Janeiro… Eu vou acabar com essa história, nada contra alguém que tem uma propriedade rural e quer ter uma arma, nada contra. Agora, o governo precisa distribuir livro”, disse.
Marina Silva discursou no comício
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) defendeu o compromisso de acabar com o racismo, a fome, e o trabalho em prol da democracia e das minorias. Em seu discurso, ela relembrou a frase do seringueiro e ambientalista Chico Mendes, repetida por Lula há 40 anos: “Chegou a hora da onça beber água”.
“É a força do povo que vai enquadrar o Bolsonaro para que ele nunca mais pise no nossos direitos, para que ele nunca mais nos devolva para o mapa da fome, para que ele nunca mais destrua as nossas florestas. O destino do Brasil é um país próspero, justo e sustentável. Lula presidente do Brasil. Chegou a hora da onça beber água”, disse Marina.
O vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), o candidato ao Senado Márcio França (PSB), e o candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) também discursaram no comício.
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