No limite do prazo para as convenções partidárias, ex-presidente Lula busca acordo com partidos que já lançaram candidatos a presidente| Foto: Ricardo Stuckert/PT
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De olho em ampliar o arco de alianças da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT intensificou nesta semana o diálogo com alguns partidos que têm pré-candidatos ao Palácio do Planalto. O objetivo: atraí-los para a coligação do ex-presidente em uma ofensiva para tentar vencer a eleição já no primeiro turno.

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A estratégia não deu muito certo com o União Brasil, mas o núcleo da campanha petista já conseguiu articular o apoio do Pros, que tinha lançado a candidatura do coach Pablo Marçal, e está otimista em fechar com o Avante do presidenciável Andre Janones.

O primeiro acordo, com o Pros, foi selado nesta quarta-feira (3), depois de uma reunião entre Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo do Lula, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), indicado como vice na chapa de Lula, e o presidente nacional do Pros, Eurípedes Junior. "O apoio do Pros à candidatura de Lula está sendo alinhado na maioria dos estados da federação. A formalização do apoio vai ocorrer na convenção do partido nesta sexta-feira (5)", informou o PT em nota.

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A aliança ainda pode vir a ser contestada na Justiça pela ala do Pros que lançou a candidatura de Pablo Marçal há menos de uma semana. Como a Gazeta do Povo mostrou, atualmente o partido vive uma disputa pela presidência da legenda.

Em nota, Marçal prometeu judicializar a questão, caso o Pros ratifique o apoio a Lula na nova convenção partidária. "Esclarecemos que qualquer ação no sentido de descumprir a indicação realizada na convenção e contrária ao ordenamento jurídico vigente, será objeto de judicialização, uma vez que já existe o registro da candidatura aguardando apenas a homologação do TSE", informou o coach.

Eurípedes Júnior reassumiu o comando do Pros no último domingo (31) depois de uma decisão do vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Jorge Mussi. Com a medida, a Corte afastou do comando do partido o então presidente Marcus Holanda, que estava na função desde março. A indicação de Marçal para se lançar à Presidência se deu na gestão de Holanda.

Agora, a expectativa é de que Eurípedes Júnior busque um acordo na legenda para viabilizar a aliança com Lula até a data da nova convenção. Procurada pela Gazeta do Povo, a Executiva Nacional do Pros se limitou apenas a confirmar que o partido irá apoiar a chapa do PT. O advogado de Eurípedes, Bruno Pena, disse à Gazeta que considera "muito pouco provável" uma nova alteração no comando do partido.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Lula tenta pavimentar vitória no primeiro turno com as desistências

Em outra frente, o PT espera selar um acordo com o Avante para que André Janones abra mão de sua candidatura à Presidência para apoiar Lula. Depois de diversos acenos pelas redes sociais, o encontro entre o petista e o deputado mineiro vai ocorrer nesta quinta-feira (4), em São Paulo, onde a aliança já poderá ser sacramentada.

Nos cálculos do PT, a desistência de Janones e a retirada da candidatura de Marçal não devem ter grandes impactos na transferência de votos, mas ajudam na estratégia de Lula para tentar vencer a disputa ainda no primeiro turno. O último levantamento do instituto Datafolha mostrou Janones e Marçal com 1% das intenções de voto, cada. De acordo com a pesquisa, a corrida presidencial é liderada pelo ex-presidente Lula com 47%, seguido pelo presidente Bolsonaro com 29%.

Para líderes petistas, a adesão destas siglas amplia o arco partidário em torno da candidatura Lula. Paralelamente, o petista ganharia cerca de um minuto no tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV. Até o momento, a coligação de Lula conta com a adesão do PSB, PCdoB, PSol, PV, Rede e Solidariedade.

Propostas de Janones serão incorporadas ao plano de governo do PT

Para que Janones abra mão de sua candidatura, o PT pretende incorporar propostas defendidas pelo deputado ao plano de governo de Lula. Entre elas, a que a cria um programa de renda mínima. Janones defende, por exemplo, a transformação do Auxílio Brasil de R$ 600 em um programa permanente, a criação de uma cota dupla do auxílio para mães solo e a inclusão de pessoas inscritas no Cadastro Único entre os beneficiários do auxílio, que hoje conta apenas com a antiga base de dados do extinto Bolsa Família.

Além disso, o deputado pretende encampar pautas sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiência e do acesso ao apoio em saúde mental. "Eu vou encontrar o Lula e, se ele encampar as minhas principais propostas, eu desisto da candidatura. Eu não vou entrar em propostas vagas. Vamos cobrar medidas objetivas e colocarei ele contra a parede", disse Janones em entrevista ao UOL.

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Presidente nacional do Avante, Luís Tibé admite as conversas com o PT, mas afirma que a decisão sobre a desistência virá do próprio candidato. "Janones não está pontuando mais, estamos tendo essas conversas com PT. Por enquanto, ele vai ser candidato, foi aprovado em convenção, agora é muito pessoal, não tem como forçar a mão", disse.

Líderes do PT avaliam que as propostas feitas pelo mineiro não fogem das pautas defendidas por Lula. Interlocutor do ex-presidente com o mercado financeiro, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) já sinalizou que o PT vai defender a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir do ano que vem. "O PT foi o primeiro a defender o valor de R$ 600 de auxílio", afirmou o parlamentar nas redes sociais.

Lula conta com influência de Janones nas redes sociais

Além da entrada do Avante na coligação do PT, a campanha de Lula espera usar a influência de Janones nas redes sociais para atrair mais eleitores. O deputado mineiro ganhou milhares de seguidores em 2018, depois de atuar na greve dos caminhoneiros.

Suas lives feitas diretamente de pontos de bloqueio em rodovias eram vistas por milhares de pessoas, consolidando Janones como um nome forte para as eleições legislativas daquele ano. Acabou eleito com 178 mil votos, sendo o terceiro mais votado em Minas Gerais, atrás apenas de Marcelo Álvaro Antônio (então no PSL) e Reginaldo Lopes (PT). Janones conseguiu desbancar figuras de peso, como Aécio Neves, ex-governador e ex-presidenciável do PSDB.

Agora, o PT projeta contar com essa influência de Janones nas redes sociais para tentar conquistar novos eleitores fora do campo da esquerda. No Facebook, por exemplo, o deputado mineiro concentra mais de 8 milhões de seguidores, à frente dos 4,9 milhões de Lula. Na avaliação do núcleo petista, a campanha petista ainda enfrenta dificuldades para dominar o discurso na internet e o engajamento de Janones nas redes pode acabar beneficiando Lula.

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Acordo do PT com União Brasil trava em disputas regionais

Na mesma estratégia, o partido de Lula tentou um acordo com o União Brasil, depois que o deputado Luciano Bivar (PE) abriu mão de sua candidatura ao Palácio do Planalto. Bivar não pontuou no último levantamento Datafolha, contudo o seu partido terá a maior fatia no tempo de propaganda no rádio e na TV.

Contudo, o acordo com o partido de Bivar acabou travando em impasses nas disputas em alguns estados, segundo líderes do PT. Na Bahia, por exemplo, o União Brasil terá como candidato o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Uma das exigências de Bivar era que o PT retirasse a candidatura de Jerônimo Rodrigues, mas o diretório petista no estado acabou resistindo ao acordo.

Além disso, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), candidato à reeleição, também resistia a um acordo com o partido de Lula. Já em São Paulo, o União Brasil fechou uma aliança com o governador e candidato à reeleição Rodrigo Garcia (PSDB), enquanto o PT aposta na candidatura de Fernando Haddad.

Sem um acordo com o PT e sem a candidatura de Bivar, o União Brasil lançou a senadora Soraya Thronicke na disputa presidencial.

Metodologia da pesquisa citada

O Datafolha entrevistou 2.556 eleitores entre os dias 27 e 28 de julho em 183 cidades. O levantamento foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-01192/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

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