O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tenta a reeleição nestas eleições de outubro. Para isso, o partido fechou uma coalizão com mais nove legendas, embora o vice seja um correligionário, o advogado Mateus Simões.
Seus quase quatro anos de governo foram marcados por desafios no ajuste das contas públicas do estado, que já vinha enfrentando uma crise financeira desde 2016, com atraso e parcelamento dos salários dos servidores públicos.
Em março de 2020, Zema enfrentou a primeira crise de seu governo, ao sancionar parcialmente um projeto de lei que previa um reajuste para a segurança pública muito menor do que havia sido aprovado na Assembleia Legislativa e proposto pelo próprio governo.
O episódio resultou na renúncia do então secretário de governo de Minas Gerais, Bilac Pinto, e na saída do vice-governador, Paulo Brant, do Novo – posteriormente ele se filiou ao PSDB. Recentemente, Zema reconheceu que foi um erro ter proposto um reajuste de 41% às forças de segurança no seu primeiro ano de mandato – a reposição aprovada em 2020 foi de 13%.
Já em 2022, o governo foi novamente pressionado pela categoria para fazer a recomposição salarial. Policiais militares e civis fizeram manifestações por mais de um mês, pedindo também para que o governo não avançasse em outra pauta considerada prioritária para Zema: aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), um mecanismo que proporcionaria ao estado melhores condições de pagar as dívidas com a União, mas que, em contrapartida, exigiria que o estado adotasse medidas para conter o crescimento de suas despesas por um período de nove anos.
O projeto de adesão ao RRF foi aprovado pela Assembleia mineira, mas os termos e restrições serão negociados pelo próximo governador do estado.
Antes disso, Zema conseguiu uma vitória na justiça depois que o Supremo Tribunal Federal atendeu uma solicitação do governo ao limitar a 10% o reajuste para todos os servidores do estado em 2022. Os deputados estaduais haviam aprovado reajustes de até 33% para os funcionários públicos de segurança, educação e saúde, sem apresentar as "estimativas financeiras" dos impactos das emendas.
Ainda sobre as contas públicas, em meados de 2021, o governo conseguiu colocar o pagamento dos salários servidores em dia, cancelando os parcelamentos.
No seu governo, Zema também fechou um acordo com a Vale para compensar os danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, desastre que matou 270 pessoas em janeiro de 2019. A mineradora se comprometeu a pagar a Minas Gerais R$ 37,68 bilhões, valor que deverá ser investido em obras de infraestrutura para a região atingida.
No auge da pandemia de Covid-19, em 17 de março de 2021, Zema decretou toque de recolher e fechamento do comércio não essencial em todos os municípios de Minas Gerais. O toque de recolher acabou sendo suspenso em 5 de abril, após ação judicial.
Na época, o governador criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que a postura dele diante da crise sanitária “contribuiu para confundir a população”. Por outro lado, Zema foi um crítico da CPI da Covid-19, que buscou indiciar o presidente por crimes contra a humanidade.
Zema venceu as eleições de 2018 em segundo turno contra Antonio Anastasia (PSDB), com 71,8% dos votos. Antes de entrar para a política, ele era sócio-proprietário e presidente do conselho de administração do Grupo Zema, um dos maiores de varejo e postos de combustíveis de Minas Gerais. A empresa existe desde 1923 e foi fundada pelo bisavô do atual governador. Zema, que é formado em Administração de Empresas, assumiu a gestão da companhia no início da década de 1990. Deixou o conselho da empresa em 2016.
Antes de ingressar no Novo, Zema estava filiado ao PR (Partido da República, atual PL) há 18 anos, mas disse que nunca participou de atividades partidárias da sigla.
Ficha do candidato
- Nome: Romeu Zema
- Vice: Mateus Simões (Novo)
- Partido: Novo
- Idade: 57 anos
- Data de nascimento: 28/10/1964
- Ocupação: Empresário
- Grau de Instrução: Ensino Superior
- Estado Civil: Divorciado
- Município de nascimento: Araxá/MG
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