O último debate entre os candidatos ao governo de Minas Gerais no primeiro turno, realizado na noite desta terça-feira (27) pela TV Globo, teve o candidato à reeleição Romeu Zema (Novo) como principal alvo, e poucas menções aos padrinhos políticos dos demais participantes. Estiveram presentes o atual governador; Carlos Viana (PL), apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL); Lorene Figueiredo (Psol); Marcus Pestana (PSDB) e Alexandre Kalil (PSD), que faz campanha para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado.
Zema foi alvo da artilharia de todos os participantes, que o acusaram de estar promovendo uma “privatização” dos serviços públicos, que enfrentam restrições orçamentárias por causa do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) que Minas e a União formalizaram em julho.
O candidato à reeleição disse que recebeu um estado “quebrado” pela gestão do petista Fernando Pimentel, e que teria colocado o “trem de Minas” nos trilhos.
A declaração, porém, foi rebatida pelo tucano Marcus Pestana, que disse que o candidato à Presidência da República no mesmo partido de Zema, Felipe d’Avila (Novo), teria publicado um ranking onde "Minas está na zona do rebaixamento, em 26º lugar [em solidez fiscal]". Zema contrapôs, falando do legado de sua gestão na educação e na saúde.
Lorene rebateu e trouxe à discussão as parcerias público-privadas na gestão de hospitais regionais. A candidata socialista disse que, neste modelo proposto por Zema, os empresários "vão faturar em cima da população mineira". O mesmo, segundo a candidata, ocorre com a distribuição de vouchers aos estudantes que frequentam escolas técnicas privadas.
Isso, porque, o RRF impede a realização de concursos públicos ou contratação de novos servidores enquanto o estado estiver em recuperação, o que abre a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada para o atendimento nas unidades de saúde. As regras até podem ser flexibilizadas dependendo do acordo com a União, mas é uma negociação que ficará a cargo do próximo governador mineiro.
“O Novo é um partido de empresários e tem em Minas um gerente que quer transformar o estado numa S/A, sociedade anônima (forma jurídica de constituição de empresas sem que o capital social seja nomeado). Devemos fazer uma negociação com a União e um fórum de governadores, coisa que empresário não sabe fazer, de definir políticas públicas”, criticou a candidata do Psol.
Incomodado com os questionamentos, Zema disse que Viana e Lorene apoiam o antigo governo de Fernando Pimentel (PT), o que foi sucedido por uma risada da candidata. “Parece que está tendo muito direcionamento pro meu governo, muitas acusações”, disse.
Também foram abordados temas como a merenda escolar, aluguel social, auxílio funeral, diversidade sexual, a possibilidade de mineração na Serra do Curral, segurança pública, saneamento, além das críticas ao RRF, aprovado em julho deste ano, que inclui a privatização de estatais, imposição de um teto de gastos que pode restringir investimentos, congelamento de carreiras e salários de servidores, entre outros.
Zema diz que tem apoio de prefeitos petistas
Ao dizer que seu governo está sendo atacado pelos adversários, Zema afirmou que tem tido o apoio de prefeitos do PT que indicam estarem mais satisfeitos com a sua gestão do que com a do antecessor Fernando Pimentel.
“Esse pessoal aqui está muito bom de discurso, só acusando o meu governo. Quantos prefeitos estão apoiando esse pessoal do PT/Pimentel (que hoje está coligado com o PSD de Alexandre Kalil)? Quase nenhum. Estão todos me apoiando, porque eles sabem e sofreram”, rebateu.
Zema também disse que conseguiu retomar alguns dos programas assistenciais que a gestão anterior teria suspendido, como o “Piso Mineiro de Assistência Social Variável” às famílias em situação de pobreza extrema, o auxílio reciclagem aos catadores de materiais, entre outros.
Ao que Viana completou, dizendo que isso só foi possível porque o presidente Bolsonaro não cobrou a dívida pública de quase R$ 160 bilhões que o estado tem com a União. “Minas conseguiu, nesses últimos quatro anos, algum avanço, se é que teve, porque não pagou a dívida, colocada debaixo do tapete”, emendou sem ser questionado.
Críticas pontuais a Bolsonaro e o PT
As citações a Bolsonaro e Lula ficaram restritas a questões pontuais, como o projeto do metrô de Belo Horizonte, que Kalil afirmou que "nem o governo petista ou qualquer outro teria ajudado a fazer", e questões sobre violência contra a mulher que, segundo Laurene, "vem do comportamento machista do presidente".
A candidata do Psol também jogou na conta de Bolsonaro e dos partidos do chamado "centrão" a falta de políticas públicas voltadas às minorias tanto no estado como no país, por conta de uma ideologia mais conservadora. Viana concordou que é conservador e evangélico, mas que respeita a todos desde que também seja respeitado.
Lorene Figueiredo ressaltou que o país está vivendo o que seria uma “política do ódio” de um presidente que quer acabar com os partidos de esquerda. Lembrou, ainda, do caso da morte da ex-vereadora carioca, Marielle Franco, e pediu que o ex-presidente Lula precisa ser aprovado no primeiro turno.
Logo depois, o candidato do presidente reafirmou, em vários momentos, que se orgulha de fazer parte da chapa que apoia o presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele “tem feito muito por nós". "Não tenho vergonha de dizer. Minas Gerais recebeu muito apoio e vamos trabalhar muito mais pelo nosso estado”.
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