Além das dificuldades em atrair o apoio de partidos para sua candidatura ao Palácio do Planalto, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro (Podemos) enfrenta agora o impasse sobre a construção de palanque nos estados. Até então, o deputado estadual Arthur do Val (Podemos) seria a principal vitrine para Moro ao se lançar como candidato ao governo de São Paulo. O pré-candidato paulista, no entanto, retirou seu nome da disputa depois da divulgação do áudio em que ele diz que refugiadas ucranianas “são fáceis porque são pobres”.
O rompimento de Moro com Arthur do Val foi exposto antes mesmo que o pré-candidato ao governo paulista retirasse seu nome da disputa. Em nota, o ex-juiz afirmou que jamais dividirá seu palanque e apoiará “pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento”.
“Lamento profundamente e repudio veementemente as graves declarações do deputado Arthur do Val divulgadas pela imprensa. O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas quem têm esse tipo de opinião e comportamento", afirmou Moro.
Arthur do Val se filiou ao Podemos em janeiro deste ano e pleiteava disputar o Palácio dos Bandeirantes dando palanque para a candidatura de Moro no maior colégio eleitoral do país. Integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), o pré-candidato pretendia eleger outros nomes do grupo com o apoio do ex-juiz.
Dois dias antes do áudio de Arthur do Val ter sido divulgado, Moro havia destacado a atuação do deputado estadual na Ucrânia, que embarcou para o país para, supostamente, prestar auxílio aos ucranianos. “O Dep. Arthur do Val e Renan Santos, do MBL, decidiram reportar in loco o conflito na fronteira da Ucrânia. Também angariaram ajuda financeira para amparar refugiados. É sempre louvável quando saímos do discurso e partimos para a prática”, escreveu o ex-juiz nas redes sociais.
Até o momento, integrantes do Podemos afirmam que a candidatura de Moro ao Planalto não foi abalada. No entanto, reconhecem, nos bastidores, as dificuldades para ampliar o grupo político em torno do ex-juiz.
"Ainda estamos mensurando os estragos [causados pelo áudio de Arthur do Val]. Mas a candidatura do Moro vai até o fim, mesmo que seja em uma coligação enxuta", avaliou uma liderança do Podemos.
A sigla, que avalia expulsar Arthur do Val, ainda não definiu se terá outro nome na disputa pelo governo de São Paulo que garanta palanque para Sergio Moro na disputa. Paralelamente, os principais adversários do ex-juiz já contam com acordos no estado, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pretende apoiar o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que vai apoiar a candidatura do ministro Tarcísio Freitas (sem partido).
Reduto eleitoral de Moro, Paraná ainda não tem palanque para o ex-juiz
Assim como em São Paulo, Sergio Moro ainda não tem um palanque garantido no Paraná, considerado o reduto eleitoral do ex-juiz. O ex-deputado estadual e ex-prefeito de Guarapuava Cesar Silvestri Filho pretendia disputar o governo estadual pelo Podemos, no entanto, acabou trocando a sigla de Moro pelo PSDB, que tem como pré-candidato à Presidência o governador João Doria.
A troca de Silvestri ocorreu depois que a cúpula do Podemos passou a negociar apoio à reeleição do governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD). Nos bastidores, integrantes do Podemos afirmam que o veto ao nome de Silvestri foi dado pelo senador Álvaro Dias, que pretende ser candidato ao Senado na chapa encabeçada por Ratinho Junior. O governador, no entanto, resiste em garantir apoio ao nome de Sergio Moro ao Planalto e mantém proximidade com o presidente Bolsonaro.
"Lamentável a saída dele [Silvestri], mas acho que temos de respeitar. Essas construções de liderança dentro dos partidos são normais. O Podemos está forte. Não é esse fato de ontem que gera o enfraquecimento do partido”, disse Moro em entrevista à Rádio Difusora.
Além do Paraná, o Podemos também deve apoiar o projeto de reeleição do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). O fluminense, contudo, é filiado ao mesmo partido de Bolsonaro e pretende dar palanque para o presidente no estado.
No Nordeste, Moro pode dividir espaço com Bolsonaro
O pré-candidato do Podemos também enfrenta dificuldades para construir palanques no Nordeste, onde o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro já traçaram suas estratégias. Até o momento, o único aceno que o ex-juiz teve foi do deputado Capitão Wagner, pré-candidato ao governo do Ceará.
O parlamentar, que pretende trocar o Pros e se filiar ao União Brasil, já sinalizou que poderia ceder espaço para Sergio Moro no estado. O pré-candidato, no entanto, é próximo de Bolsonaro e também deve abrir espaço para os aliados do presidente no estado.
Ainda no Nordeste, lideranças do partido de Moro não descartam apoiar o ex-presidente Lula na Bahia. O estado é governador pelo PT e a sigla conta com o apoio do Podemos na base do governador Rui Costa.
“Antes de mais nada, é preciso saber se Moro será candidato. Ele vai mudar de partido? A candidatura de Moro nem foi discutida regionalmente”, afirma o presidente do Podemos na Bahia, deputado João Barcelar.
O apoio à candidatura de Moro também foi vetada no estado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que pretende concorrer ao governo da Bahia pelo União Brasil. A sigla chegou a negociar uma aliança em torno do nome de Moro em nível nacional, mas a falta de apoio ao ex-ministro nos estados teria sido um dos principais entraves da negociação.
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