Foco do movimento Brasil 200+ é eleger uma bancada de deputados federais comprometidas com pautas como o combate à corrupção| Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O universo de grupos da sociedade civil que quer participar da política e qualificar representantes para a disputa das eleições passou a ter um novo integrante neste ano: o Projeto Brasil 200+. A entidade tem como foco a eleição de nomes comprometidos com pautas de combate à corrupção e busca eleger ao menos 200 deputados federais – daí o "200" em seu nome.

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O 200+ tem como integrante mais conhecido o ex-procurador Deltan Dallagnol, que comandou a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba e é pré-candidato a deputado federal no Paraná pelo Podemos.

Dallagnol foi uma das personalidades consultadas pelo 200+ para definir a pauta de diretrizes do grupo. A lista de princípios inclui temas como o fim do foro privilegiado, a defesa da prisão dos condenados em segunda instância e a redução dos recursos destinados ao fundo eleitoral ou mesmo sua extinção. As regras também estabelecem que um integrante do grupo que for eleito deverá se afastar do cargo caso se torne réu por corrupção, e renunciar se for condenado.

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O 200+ não planeja apoiar financeiramente os candidatos para a disputa de outubro, e nem restringe os partidos dos eventuais participantes. Seu coordenador, Guy Manuel, ressalta que a lista de princípios do projeto contou com apoios "do Novo ao Psol".

Manuel, que é engenheiro, apresenta o 200+ como um projeto criado a partir de movimentos de cidadania. Endossam o grupo organizações como o Vem Pra Rua, que ganhou notoriedade à época das manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o Lide, grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria (PSDB).

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Foco do Brasil 200+ é o Legislativo

Manuel disse que o 200+ não apoiará candidatos na corrida presidencial. Isso, segundo ele, não se deve a eventual repulsa ou endosso às pré-candidaturas já colocadas, mas sim ao foco efetivo do grupo, que é a eleição para o Congresso Nacional.

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"Nós não estamos discutindo Executivo, nem federal e nem estadual. Quem faz as leis, quem mexe no orçamento, quem aprova a indicação de embaixadores, ministros do Supremo Tribunal Federal e presidentes do Banco Central é o Congresso", disse.

Segundo Manuel, os brasileiros atualmente tendem a achar que o presidente da República "tem poderes de rei" e, na verdade, "ele não pode muita coisa". "Ele [presidente] tem amarras orçamentárias ou na aprovação de normas. Ele ainda pode vetar uma norma aprovada pelo Congresso, mas o Congresso tem poder de derrubar o veto", ressalta.

"A maioria dos brasileiros não sabe em quem votou para o Congresso, e para a eleição de agora tende a tomar a decisão de última hora. A gente quer lembrar ao eleitor que o Congresso Nacional é a instância mais importante. E isso independentemente de quem vai ser o presidente da República", disse.

O projeto, segundo Manuel, permitirá aos seus candidatos mais alcance midiático durante o período eleitoral. "Hoje em dia, o peso do horário eleitoral gratuito é ainda bastante significativo. E, na maior parte dos casos, os candidatos ao Legislativo têm bem pouco espaço para se apresentar. Nós queremos usar a internet para impulsionar alguns nomes, fazendo lives com eles, por exemplo", apontou.

A inscrição no 200+ é voluntária e gratuita, e pode ser feita tanto pelos pré-candidatos quanto por seus apoiadores. "Acontece de um apoiador nosso ter conhecimento de um pré-candidato que tem bandeiras que se encaixam com as nossas, e aí fazemos o contato. É uma forma de criarmos um 'banco de candidatos' que se comprometam com a nossa pauta", declarou Manuel.

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Congresso tem o poder de travar o presidente, diz Deltan

O ex-procurador Deltan Dallagnol avalia que as bandeiras do 200+ se encaixam com o que ele procurou ao deixar o Ministério Público e formalizar suas pretensões políticas. "A minha pauta é o Congresso Nacional. Se eu quero um Congresso melhor, não adianta esperar que isso vai acontecer com um, dois ou três deputados. Precisamos de um projeto que garanta um grande número de pessoas capacitadas", disse.

Ele avalia que o ambiente político nacional tem um cenário no Congresso de "negociatas e fisiologismo" que se manteria seja qual fosse o presidente da República em exercício. "O Congresso pode travar as ações do presidente. Se queremos um país que avança, precisamos qualificar o Congresso Nacional", ressaltou.