O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aposta, nesta reta final da campanha do primeiro turno, na mobilização de artistas, celebridades e influenciadores digitais na busca do chamado voto útil de eleitores que hoje preferem outros candidatos. Paralelamente, o petista também fez um último aceno a grandes empresários, num jantar realizado na terça-feira (27), em que sinalizou que seu governo não vai adotar medidas econômicas que possam preocupar o setor produtivo. Além de ser um agrado ao empresariado, o jantar também faz parte da estratégia da campanha de conquistar eleitores de centro para tentar vencer a eleição no primeiro turno.
Na segunda-feira (29), Lula realizou um ato de campanha com a participação de diversos artistas e influenciadores, tais como o cantor Caetano Veloso, a cantora Duda Beat e o humorista Paulo Vieira. Além disso, Lula já recebeu apoio de nomes como os das cantoras Anitta e Ludmilla, do humorista Fábio Porchat e do youtuber Felipe Neto.
A campanha do PT aposta na mobilização das celebridades como forma de engajar os eleitores na reta final da disputa. Nos cálculos petistas, os artistas e influenciadores de redes sociais incentivam que seus seguidores compareçam às urnas no próximo domingo (2). Como a Gazeta do Povo mostrou, a abstenção é uma das grandes preocupações por parte do núcleo de articulação de Lula, já que ela historicamente é maior nos segmentos sociais que mais tendem a votar no petista.
Com forte presença nas redes sociais, Felipe Neto acumula mais de 16 milhões de seguidores no Instagram e outros mais de 14 milhões no Twitter. No último final de semana, por exemplo, o youtuber postou uma foto com Lula e, em menos de 24 horas, a publicação já contava com mais de 1 milhão de curtidas.
Além de declarar apoio à candidatura de Lula, Neto também tem usado as suas redes para divulgar candidatos aos governos estaduais, assembleias legislativas e para o Congresso Nacional que apoiam o petista em todo o país. Lula tem defendido que, além da sua eleição, será preciso eleger uma bancada alinhada com as suas pautas para que ele possa avançar com as suas promessas de campanha.
Paralelamente, a campanha de Lula tem contado com o apoio de fã clubes de artistas para manter o engajamento nas redes sociais. Nesta segunda, por exemplo, os fãs clubes da cantora Anitta foram responsáveis por impulsionar o evento pró-Lula nas redes sociais.
Durante toda a transmissão, ao menos seis frases relacionadas a “Super Live Brasil da Esperança” estavam nos Trend Topics do Twitter, incluindo a hashtag “#BrasilDaEsperança“, que ocupou o primeiro lugar na lista de assuntos mais comentados da rede social. A página “Anitta Crave”, com mais de 180 mil seguidores no Twitter, fez uma cobertura do comício.
Antes disso, as páginas ligadas à cantora já haviam feito uma mobilização batizada de "Fã clubes pela Democracia" junto aos fãs de outras artistas. "Vem que vem que meu FC [fã clube] faz tudo. Aprenderam comigo", escreveu a cantora.
Mobilização de Lula com artistas mira eleitores de Ciro e de Simone Tebet
Concebido pela mulher do ex-presidente Lula, a socióloga Rosângela Silva, a Janja, o evento do petista com os artistas tinha como objetivo mirar nos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e de Simone Tebet (MDB). O humorista Fábio Porchat e os cantores Caetano Veloso e Tico Santa Cruz são nomes que apoiavam o candidato pedetista, mas já sinalizaram voto em Lula diante do movimento pelo voto útil.
O voto útil é um fenômeno eleitoral que ocorre quando o eleitor não vota no candidato que queria, e acaba escolhendo uma segunda opção que tem mais chances de vencer já no primeiro turno.
Diante do movimento, Ciro Gomes chegou a dizer que esses artistas são pessoas que "já estão com a vida ganha" e não têm preocupações maiores "com o dia seguinte", ou seja, com o que acontecerá no pós-eleição.
Em resposta, Caetano fez uma gravação para as redes sociais e relembrou uma frase do fundador do PDT, Leonel Brizola. "Brizola dizia que artista não dá voto, mas tira. Então...", disse o cantor antes da imagem com a tag "Tira Gomes" aparecer no frame. Desde então, o material tem sido compartilhado em diversos grupos de WhatsApp.
No evento desta semana, a cantora Valesca discursou e disse que não entende como alguém ainda pode considerar votar em Ciro Gomes. "Com o governo que a gente está vivendo [de Bolsonaro], a pessoa ainda vai pensar em votar nesse candidato aí?", disse. Na mesma linha, o cantor Pe Lu, da extinta banda Restart, defendeu, por exemplo, que quem não gosta de Lula deve priorizar a democracia e escolher outros candidatos somente nas próximas eleições.
Agora, a expectativa da campanha é replicar ao máximo os discursos dos artistas nas redes sociais e nas últimas inserções da propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Lula se reúne com empresários para acenar ao centro
Ainda na estratégia para a reta final do primeiro turno, o ex-presidente Lula se reuniu na noite da terça-feira (27) com empresários em um jantar organizado pelo grupo Esfera Brasil. Para os aliados do candidato do PT, o movimento faltando poucos dias para o primeiro turno reforça o compromisso de que seu eventual novo governo será mais ao centro.
A expectativa era de que o encontro com os empresários ocorresse apenas em durante a campanha do segundo turno. Contudo, aliados como o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula, defenderam que o encontro neste momento poderia garantir novas adesões de integrantes do mercado financeiro, além de ser um sinal positivo para eleitores de centro.
O grupo Esfera Brasil se autodenomina como uma organização criada para fomentar o pensamento e o diálogo sobre o Brasil. Reúne empresários, empreendedores e a classe produtiva – alguns deles, dirigentes de grandes empresas brasileiras. Em agosto, por exemplo, o grupo teve uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em abril, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, esteve com os mesmos empresários num jantar parecido. Na ocasião ela estava acompanhada de Gabriel Galípollo, ex-banqueiro e conselheiro do PT para assuntos econômicos.
O evento contou com a presença de ao menos 43 empresários representantes de empresas como Bradesco, BTG Pactual, XP Investimentos, Cosan, MRV Engenharia, Multiplan Hapvida e Casas Bahia. O empresário Flávio Rocha, dono da Riachuello e aliado do presidente Bolsonaro, também esteve no encontro.
Segundo interlocutores da campanha, Lula reforçou a promessa de que se for eleito não fará qualquer movimento sem diálogo com todos os segmentos sociais. O petista esteve acompanhado de Alckmin e de outras lideranças do PT como o deputado Alexandre Padilha (SP).
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