Apesar do acordo que garantiu a filiação do ex-governador Geraldo Alckmin no PSB a fim de indicá-lo como vice na chapa do PT com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as cúpulas dos dois partidos ainda travam embates na construção de palanques estaduais. A fim de evitar desgastes, Lula se movimenta para redirecionar posições de diretórios do PT em até sete estados nos quais o partido defende candidaturas próprias ou chapas restritas à esquerda.
Neste final de semana, por exemplo, Lula desembarca no Rio de Janeiro para acalmar os correligionários. Para o governo fluminense, o líder petista já indicou que a sigla irá apoiar a candidatura do PSB, encabeçada por Marcelo Freixo. A legenda de Freixo, no entanto, pretende ainda indicar o deputado Alessandro Molon para a disputa ao Senado, o que causa descontentamento no diretório petista.
Na quebra de braço, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual André Ceciliano (PT) trabalha para ser o candidato ao Senado pela chapa. "O nosso posicionamento é claro: Freixo ao governo e Ceciliano ao Senado Federal. Não abriremos mão de estar na chapa majoritária", afirma João Freitas, presidente do diretório estadual do PT no Rio.
A decisão, no entanto, deve passar por uma intervenção de Lula. Segundo integrantes da cúpula nacional do partido, o ex-presidente irá tratar do assunto durante sua passagem pelo Rio. Na mesma linha, Marcelo Freixo afirma que a composição da chapa será decidida em conjunto.
"Nossa coligação para a disputa estadual conta com seis partidos. As indicações para a chapa serão feitas em conjunto, mas lá mais na frente", afirmou o pré-candidato. Até que uma definição ocorra, André Ceciliano pretende rodar o estado se apresentando como candidato ao Senado pelo PT.
Alckmin evita atuar na divisão de palanque para o governo de São Paulo
Em São Paulo, a disputa entre PT e PSB diz respeito à candidatura ao governo estadual. Até o momento, petistas defendem a manutenção de Fernando Haddad, enquanto o PSB tem como pré-candidato Márcio França.
Questionado sobre a possibilidade de duplo palanque no seu reduto eleitoral, o ex-governador Geraldo Alckmin, que já teve Márcio França como vice durante seu governo estadual, defendeu que a definição caberá aos partidos. No entanto, acenou para a legitimidade de França manter sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes.
"As coisas se fazem no seu devido tempo. Eu saí há alguns meses do PSDB e hoje estou no PSB. Agora decidida a filiação, essas conversas [sobre candidaturas] são sempre partidárias. Isso foi mais um passo dado. O Márcio França tem todas as condições de ser candidato a governador e pontua muito bem nas pesquisas. A decisão não é agora, é mais na frente", afirmou Alckmin.
Lideranças do PSB, no entanto, têm defendido que França retire sua candidatura em detrimento de Haddad. Eles afirmam que o ex-governador está isolado e poderia enfrentar dificuldades para levar seu nome adiante. O desejo é que ele seja candidato ao Senado. Paralelamente, o PT espera que França apoie Haddad e possa atrair parte do eleitorado conservador no estado e de policiais, com quem o ex-governador tem proximidade.
Uma decisão só deve ser tomada em maio, quando pesquisas serão feitas pelo PT e pelo PSB, no intuito de avaliar a viabilidade de ambas candidaturas. Recentemente, França ironizou as informações de que deixará a disputa ao governo. "Eu digo: serei eleito governador de São Paulo", escreveu nas redes sociais.
Pernambuco impõe nova divisão de palanque para Lula
Apesar do acordo da cúpula do PT para apoiar a candidatura de Danilo Cabral (PSB) para o governo de Pernambuco, a saída da deputada federal Marília Arraes dos quadros petistas vai implicar em um novo palanque para Lula no estado. Depois de acusar o PT de usá-la de ''massa de manobra'', a deputada decidiu se filiar ao Solidariedade para concorrer ao governo do estado.
"Indelicadamente, usam o meu nome, como massa de manobra. Tudo isso não é compatível com o bom senso que deve nos nortear na política", disse Marília.
Neste cenário, o deputado federal André de Paula seria o candidato ao Senado pelo PSD. O movimento desidrataria o arco de alianças do PSB, que governa o estado desde 2007. A articulação provocou uma reação do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que afirmou que Lula “tem juízo” e não prejudicará a aliança por um segundo palanque no estado.
De acordo com integrantes do PT, Lula sinalizou para Marília que tem compromisso com a candidatura de Danilo Cabral e que não subiria em um segundo palanque no estado. O líder petista, no entanto, não teria desmotivado a articulação da deputada federal.
"Tive uma boa conversa política em São Paulo com o presidente Lula. Marilia Arraes apoia Lula, incondicionalmente. Lula é patrimônio do povo. Não é propriedade de ninguém", afirmou a deputada.
Lula acena para o centro em outros palanques estaduais
Na Bahia, o ex-presidente Lula tem amenizado o rompimento com o PP no estado. O partido, que tem o vice-governador João Leão, rompeu com o governador Rui Costa (PT) e indicou apoio ao nome de ACM Neto (União Brasil) para o governo estadual. O PT iria concorrer ao governo com a candidatura do senador Jacques Wagner, que acabou desistindo da disputa no começo deste mês.
Nos bastidores, integrantes do PT alegam que Wagner desistiu da corrida diante do favoritismo de ACM Neto na disputa. Paralelamente, petistas admitem a existência de um acordo informal entre ACM Neto e Lula no estado. Com isso, o PT lançou como pré-candidato Jerônimo Rodrigues, como forma de garantir um palanque para Lula no estado.
Em Minas Gerais, o ex-presidente defendeu na semana passada, em entrevista à rádio Itatiaia, que o PT apoie a pré-candidatura do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), ao governo. O partido havia lançado no ano passado o nome do prefeito de Teófilo Otoni, Daniel Sucupira.
Na entrevista, Lula afirmou que o PT já deveria ter apoiado a reeleição de Kalil em 2020, em vez de lançar uma candidatura própria pouco competitiva, o que produziu, segundo o ex-presidente, uma situação “vexatória” na capital mineira.
Lula também pretende intervir na costura pelo governo da Paraíba. No estado, lideranças petistas tentaram declarar apoio ao governador João Azevêdo (PSB). Lula, por sua vez, deu aval para que o ex-governador Ricardo Coutinho, que trocou o PSB pelo PT em 2021, com apoio do ex-presidente, costurasse uma chapa com Veneziano Vital do Rêgo (MDB) como candidato ao governo.
Já no Rio Grande do Norte, o ex-presidente sinalizou que o PT deve abrir mão da reeleição do senador Jean Paul Prates para que o ex-senador Garibaldi Alves (MDB) entre na chapa. Com isso, o MDB seria contemplado com a candidatura na chapa de reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT).
De político estudantil a prefeito: Sebastião Melo é pré-candidato à reeleição em Porto Alegre
De passagem por SC, Bolsonaro dá “bênção” a pré-candidatos e se encontra com evangélicos
Pesquisa aponta que 47% dos eleitores preferem candidato que não seja apoiado por Lula ou Bolsonaro
Confira as principais datas das eleições 2024
Deixe sua opinião