O PT planeja colocar em atividade, a partir desta sexta-feira (11), os "comitês populares de luta", uma nova estratégia para ampliar o apoio popular. O partido planeja lançar 5 mil unidades do comitê por todo o território nacional. A presidente da sigla, deputada Gleisi Hoffmann (PR), definiu o projeto como "a grande novidade" que o partido apresentou aos seus filiados nas comemorações do aniversário de 42 anos, celebrado nesta quinta-feira (10).
Segundo Gleisi, os comitês relembrarão "as origens do PT", com a mobilização política feita "no chão da base". A parlamentar disse também que a expectativa do partido é fazer com que os locais funcionem não somente no período eleitoral.
O partido ainda não especificou com precisão como funcionarão os comitês. Uma cartilha elaborada pela direção nacional da sigla, que norteará as atividades dos órgãos, começará a ser distribuída também nesta sexta. No discurso de comemoração dos 42 anos da sigla, a deputada Gleisi disse que "só a experiência mostrará" como as organizações efetivamente se comportarão.
Um texto no site do PT expõe que os comitês podem estar "organizados em torno de um espaço físico ou em um simples aparelho de celular". A menção ao telefone é referência à internet e ao universo das redes sociais, um campo em que o partido admite ter perdido espaço para a direita.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também em pronunciamento durante a comemoração do aniversário do partido, afirmou que a internet representa "uma invenção da ciência que compromete a própria ciência". Ele se referia ao que chamou de disseminação de notícias falsas sobre a pandemia de coronavírus.
O combate ao que consideram "fake news" também estará entre as metas do comitê. “A pessoa que conhece o vizinho, a vizinha, vai estar desfazendo as mentiras à medida em que elas forem lançadas”, afirmou a deputada Maria do Rosário (PT-RS), durante evento promovido pelo PT no dia 2, quando a ideia foi apresentada publicamente pela primeira vez.
Comitês são resposta a uma "angústia interna", diz dirigente do partido
A secretária de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT, Lucinha Barbosa, que é uma das líderes do projeto, afirmou que os comitês são fruto de "um bom calor de discussão interna" que vigora dentro do partido. "Há um convencimento [entre os petistas] de que é necessário implantar", destacou.
Segundo Barbosa, os comitês atendem a uma "angústia interna" do PT, que é a de organização interior e de diálogo com a população geral. "Precisamos organizar a base", acrescentou.
A secretária do partido ressaltou que os comitês serão municiados com informações fornecidas pela direção nacional do partido – e esta, segundo ela, será a principal dificuldade para o funcionamento cotidiano do PT. "Construir o comitê é tranquilo, o problema é manter", declarou.
"Amor" é base do marketing eleitoral; Alckmin é ignorado
Ao longo desta quinta, o PT manteve uma programação ao vivo na internet que culminou com uma cerimônia composta pela cúpula do partido. Falaram no ato Lula e Gleisi, além do ex-ministro Fernando Haddad, apresentado como pré-candidato ao governo de São Paulo.
A pré-candidatura de Haddad tem sido motivo de disputas entre o PT e dois partidos que devem se aliar ao partido no plano nacional, Psol e PSB. As duas legendas também têm nomes para o governo paulista – o militante sem-teto Guilherme Boulos e o ex-governador Márcio França, respectivamente.
Os presidentes dos dois partidos, Carlos Siqueira (PSB) e Juliano Medeiros (Psol), aliás, tiveram mensagens de parabéns ao PT veiculadas durante a cerimônia. Além deles, outros dois comandantes de agremiações apareceram entre quem congratulou o partido: Luciana Santos (PCdoB) e Gilberto Kassab (PSD).
Em sua fala, Lula repetiu o rito habitual de relembrar feitos de seus mandatos na presidência da República (entre 2003 e 2010) e de afirmar que foi vítima de perseguição, que culminou em seu período na cadeia. O petista também destinou parte de seu pronunciamento a elogiar a ex-presidente Dilma Rousseff. A sucessora de Lula esteve em destaque nas últimas semanas após lideranças do PT, como o presidente do partido no Rio de Janeiro, Washington Quaqua, dizerem que ela não terá "relevância eleitoral" na disputa de 2022.
Mas o foco principal de Lula no discurso foi celebrar o "amor". O ex-presidente disse que não está ressentido por conta do tempo que passou na prisão e que, se eleito para um novo mandato na Presidência, não atuará com rancor contra os que considera perseguidores. O mote do "amor" também esteve em um jingle tocado por mais de uma vez durante a cerimônia.
Nem Lula nem nenhuma outra liderança do partido que discursou no ato da noite desta quinta mencionou o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que tem sido cotado para ser o candidato a vice na chapa do petista. Alckmin ainda não definiu seu futuro partidário, mas segundo o ex-governador França está "99,9%" escolhido como vice de Lula.
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