Um terço dos parlamentares que compõem o Senado terá o mandato encerrado no início do ano que vem. São senadores eleitos em 2014 ou suplentes que assumiram a cadeira ao longo da legislatura. Ao contrário dos colegas que têm vaga garantida até 2026, esses senadores precisam encarar as urnas novamente em outubro se não quiserem ficar sem mandato a partir de fevereiro.
A maior parte deles buscará um novo mandato de oito anos na chamada "Câmara Alta" do Congresso. Alguns concorrerão a outros cargos, como o governo de seus estados ou a uma vaga de deputado federal.
Cinco parlamentares divulgaram que não participarão das eleições e, portanto, não terão cargo público eletivo no ano que vem. Dois senadores ainda não definiram seus planos e uma congressista buscará o cargo máximo da República: Simone Tebet (MS) é pré-candidata a presidente pelo MDB.
A Gazeta do Povo levantou os planos de todos os senadores que estão na reta final do mandato. Confira, abaixo, as ambições dos parlamentares.
Reeleição, a opção da maioria
Um total de 14 senadores em término de mandato tentará a reeleição. Nesta categoria estão representantes do Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul e Tocantins.
A lista contém alguns "medalhões" do Congresso, como o ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), Omar Aziz (PSD-AM), que ganhou notoriedade ao comandar a CPI da Covid, e a ex-ministra da Agricultura Kátia Abreu (PP-TO). Também destacado na CPI da Covid, Otto Alencar (PSD-BA) confirmou que buscará novo mandato no Senado, após ter seu nome especulado para concorrer ao governo da Bahia.
Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), os senadores Roberto Rocha (PTB-MA), Wellington Fagundes (PL-MT), Telmário Mota (Pros-RR) e Romário (PL-RJ) tentarão a reeleição em outubro. O ex-jogador de futebol ainda encara uma disputa informal com o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), que tenta receber a chancela do grupo do presidente para concorrer ao Senado.
Entre os 14 senadores que concorrerão à reeleição há três ex-suplentes. O governista Luiz do Carmo (PSC-GO), que era "reserva" do atual governador goiano Ronaldo Caiado (União Brasil); Mailza Gomes (PP-AC), que também recebeu o mandato após a eleição do titular do governo, Gladson Cameli (PP), outro candidato à reeleição; e Alexandre Silveira (PSD-MG). Este último chegou ao posto após Antonio Anastasia (PSD-MG) renunciar ao Senado para assumir como ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
A pré-candidatura de Silveira à reeleição fez parte das composições partidárias de 2022. Seu partido se aliou ao PT em Minas Gerais e fará parte do palanque do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo estado mais populoso do país. O PT, no entanto, tinha a pretensão de lançar o deputado federal Reginaldo Lopes como candidato ao Senado. A pré-candidatura foi retirada para pavimentar o apoio do PSD mineiro a Lula. Silveira chegou ao Senado em fevereiro e, antes de sua posse, foi convidado por Bolsonaro para ser o líder do governo na casa.
Rose de Freitas (MDB-ES), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Lasier Martins (Podemos-RS) são os outros atuais senadores que devem disputar a reeleição em 2022.
Fora das urnas por decisão própria (ou não)
São cinco os senadores que anunciaram que não devem disputar as eleições de 2022: Tasso Jereissati (PSDB-CE), Paulo Rocha (PT-PA), Nilda Gondim (MDB-PB), Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Maria do Carmo Alves (PP-SE).
As histórias por trás das decisões dos congressistas são diferentes entre si. Jereissati encararia na disputa o ex-governador Camilo Santana (PT), que entregou o mandato com bons índices de aprovação e surge como favorito absoluto para obter uma cadeira no Senado. O tucano, porém, é visto como opção em seu partido caso o PSDB indique o vice na chapa presidencial de Simone Tebet.
Já Paulo Rocha foi alvo de uma disputa interna. Presidente do PT do Pará, o deputado federal Beto Faro apresentou seu nome para o Senado contra o colega de partido, cuja candidatura à reeleição seria natural. O diretório local fez prévias e Faro foi o vencedor.
Gondim, Alves e Bezerra não concorrerão a nenhum mandato, mas devem permanecer influentes no ambiente político. O pernambucano e a paraibana terão filhos na disputa pelos governos de seus estados – respectivamente, Miguel Coelho (União Brasil) e Veneziano Vital do Rego (MDB). Bezerra, que foi líder do governo Bolsonaro no Senado até o ano passado, disse que em 2022 é "candidato a pai de governador".
Do Legislativo ao Executivo
O senador Dário Berger (PSB) é pré-candidato ao governo de Santa Catarina. Ele é opositor do governo Bolsonaro, o que o qualifica como uma exceção no estado que deu a maior votação proporcional ao presidente no segundo turno das eleições de 2018. Berger deverá ter como adversários na corrida local seus dois colegas de Senado: Esperidião Amin (PP) e Jorginho Mello (PL), ambos defensores de Bolsonaro.
O outro senador em fim de mandato que se apresenta como pré-candidato ao governo é um velho conhecido dos brasileiros: Fernando Collor (PTB-AL). Ex-presidente da República, Collor deve confirmar sua pré-candidatura no próximo dia 14. Ele concorrerá contra o atual governador Paulo Dantas (MDB), que chegou ao cargo no mês passado ao vencer eleições indiretas. O emedebista deverá ter o apoio do senador Renan Calheiros (MDB) e de seu filho, o ex-governador Renan Filho (MDB), que é pré-candidato ao Senado.
Para ficar no Congresso
Os senadores José Serra (PSDB-SP) e Elmano Férrer (PP-PI) anunciaram que serão candidatos a deputado federal em outubro. Serra tentará voltar à casa onde exerceu mandato entre 1987 e 1995.
O paulista disse em entrevista ao Estadão que optou pela candidatura à Câmara a pedido do partido, "para ajudar a fortalecer e ampliar a bancada e o debate naquela Casa". Ao longo dos últimos anos, o senador conviveu com problemas de saúde e no ano passado se licenciou do Congresso por cinco meses, para tratamento da doença de Parkinson.
O PSDB ainda não definiu como se portará na disputa pela vaga de São Paulo no Senado. Suplente de Serra, o ex-deputado José Aníbal se apresentou como pré-candidato pelo partido. Mas a legenda pode ceder a vaga a outra agremiação, para angariar apoio ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tentará a reeleição.
Já Ferrer viu um declínio de sua popularidade na comparação entre 2014 e 2018. Quando foi eleito ao Senado, recebeu 62,3% dos votos válidos do eleitorado piauiense. Quatro anos depois, quando concorreu ao governo estadual, foi a opção de apenas 1,28% dos eleitores. Seu partido optou por apresentar o ex-prefeito Joel Rodrigues.
Indefinição no Paraná e no Distrito Federal
O senador com a maior votação proporcional do Brasil em 2014, Alvaro Dias (Podemos-PR), ainda não confirmou se tentará a reeleição em outubro próximo. Embora não seja o seu desejo, Dias poderá ser o candidato do partido à Presidência da República, cargo que já disputou, sem sucesso, em 2018, após a saída conturbada do ex-juiz Sergio Moro, então presidenciável do Podemos.
A pré-campanha para o Senado no Paraná concentra um número elevado de nomes, como o deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL), que concorre com o apoio do presidente Bolsonaro. O próprio Moro, que teve a transferência de domicílio eleitoral para São Paulo negada pela Justiça Eleitoral, pode agora disputar o Senado pelo Paraná e concorrer diretamente contra Alvaro Dias, que foi seu padrinho na política.
Dias ainda cobra de Ratinho Júnior um apoio negociado há meses, mas o governador até agora não se manifestou a favor da reeleição dele ao Senado. Diante desse quadro, o próprio senador já disse a aliados que não descarta sair candidato ao governo do Paraná.
Já o senador Reguffe (União Brasil-DF) também não anunciou seus planos para 2022. Ele é citado como pré-candidato ao Senado e também ao governo local. A indefinição tem travado negociações dos partidos tanto para a disputa pela cadeira no Senado quanto pela chefia do Executivo.
De suplente a senador, de senador a suplente
Outro parlamentar cujas pretensões dificultaram negociações locais é Jean Paul Prates (PT-RN). Ele foi eleito em 2014 como suplente de Fátima Bezerra (PT) e assumiu o mandato após a petista ter vencido a disputa pelo governo do Rio Grande do Norte em 2018.
Bezerra é candidata à reeleição e, na busca por um arco grande de alianças, se aproximou do PDT, que apresentou o ex-prefeito Carlos Eduardo como nome ao Senado. Prates "bateu o pé" e disse que não cederia sua vaga ao pedetista. Ameaçou sair do PT e disse ter sido sondado por diferentes partidos para concorrer ao Senado. Mas, no fim, decidiu continuar no partido e deve ser nomeado o primeiro suplente da chapa de Eduardo.
Mandato de oito anos e renovações parciais
Os senadores são eleitos para mandatos de oito anos – o que os difere dos deputados, cujos mandatos têm a metade da duração. Outra diferença é que a renovação do Senado não envolve todos os parlamentares como na Câmara. A cada quatro anos, se encerram os mandatos de dois terços ou de um terço do Senado, o que varia a cada período. A eleição de 2022 é das que está em disputa um terço das vagas da casa.
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