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Simone Tebet, Lula e Alckmin.
Simone Tebet tem usado a aliança de Lula com Alckmin para convencer empresários neste segundo turno| Foto: Divulgação/Simone Tebet

Reforço da campanha do PT neste segundo turno, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem feito sinalizações ao mercado financeiro e ao empresariado em nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A emedebista, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno da disputa presidencial, tem atuado como interlocutora de Lula numa ofensiva de levar a candidatura petista para fora do campo da esquerda. 

Em encontro com representantes do setor produtivo e financeiro, ela vem dizendo que tudo será negociado com outros setores da sociedade, além de sugerir que a agenda econômica de Lula será de centro. Além disso, ela e outros novos aliados do ex-presidente vêm buscando argumentar que a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) representa um risco para a democracia, e que isso é ruim para os negócios.

Na segunda-feira (17), por exemplo, Simone Tebet se reuniu em São Paulo com mais de 650 empresários, banqueiros, CEOs de corporações e economistas. A senadora esteve ao lado do economista Armínio Fraga, que foi presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e da ex-ministra e deputada eleita Marina Silva (Rede).

Até o momento, o ex-presidente vem sendo questionado por diversos setores sobre quais serão as suas propostas para a economia, caso seja eleito. O petista já indicou que pretende revisar a reforma trabalhista, acabar com o teto de gastos e disse que não pretende fazer privatizações. No entanto, o candidato do PT não indicou qual será a âncora fiscal do país. 

Questionado pelos presentes no evento, Simone Tebet afirmou que Lula tem o compromisso de negociar todas as pautas com os partidos de centro. De acordo com a senadora, a composição do Congresso vai exigir uma maior habilidade de Lula para avançar com as reformas e outra propostas. "Lula terá de negociar uma concertação com os partidos do centro se quiser governar", disse a emedebista.

O encontro ocorreu na casa da ambientalista Teresa Bracher e de seu marido, o banqueiro Cândido Bracher. O local escolhido foi o mesmo onde Simone Tebet começou sua campanha no primeiro turno das eleições. "Foi aqui que tudo começou [na casa dos Bracher] e eu recebi o apoio para a minha candidatura", afirmou a emedebista.

De acordo com os organizadores, o encontro não foi uma manifestação de apoio a Lula e a presença não significava necessariamente concordância com a candidatura do PT. No entanto, para a campanha do ex-presidente, foi uma tentativa de conseguir novos apoios.

Tebet apresentou argumentos para empresários apoiarem Lula

Durante o encontro, a senadora Simone Tebet apresentou uma lista de argumentos para que os empresários votem em Lula neste segundo turno. A lista constava de um documento, elaborado pela senadora juntamente com a anfitriã Teresa Bracher e Neca Setúbal, ligada ao banco Itaú.

O texto tinha diversos temas, como "A Venezuela já é aqui" e "Foca no Alckmin". No campo que tratava sobre a defesa da democracia, o texto associa a gestão Bolsonaro à situação da Venezuela. “A Venezuela já é aqui. O aumento de militares do governo, embates regulares com outros Poderes, descrédito do processo eleitoral, armamento da população civil e tentativa de calar a imprensa. Essas medidas são do manual chavista de fazer política, e o resultado é a instauração de um governo autoritário", diz o texto – a ditadura instaurada por Hugo Chávez levou a economia venezuelana a uma profunda crise.

Na área econômica, o documento argumenta que o governo Bolsonaro não é liberal porque "não reduziu o protecionismo, não fez abertura comercial e não fez política de inclusão [do Brasil] nas cadeias globais de produção”. Ainda de acordo com o texto, "o Brasil tem hoje um liberalismo sem alma, sem democracia e sem inclusão social”. 

Paralelamente, o documento apresentado por Simone Tebet sugere que os empresários lembrem do vice de Lula o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) – um nome que costumava agradar ao empresariado. "Contra Bolsonaro, no segundo turno, foca no Alckmin e aperta 13!", diz o texto.  

Presente no evento, Fernando Reinach, integrante do fundo Pitanga, disse essa será a primeira vez que vai votar em Lula. “Eu estava decidido a anular. Mas cheguei à conclusão que anular seria achar que os dois são iguais, o que não é verdade”, afirmou.

Tebet reforça narrativa da campanha do PT sobre defesa da democracia 

Assim como a campanha do PT, a senadora Simone Tebet tem reforçado o discurso de que a eleição de Lula representa a manutenção da democracia. Aos empresários, ela disse que Bolsonaro representa um risco para o sistema democrático e que ele poderia tentar um terceiro mandato em 2026.

"A democracia já está fragilizada. Desde o primeiro dia do governo Bolsonaro. Eu estava lá em Brasília. O governo coloca uma instituição contra outra. E hoje já domina o Legislativo com o orçamento secreto. Poderá aumentar o número de ministros do Supremo Tribunal Federal e concentrar mais poder, acovardar os ministros do STF e, talvez, até implantar um terceiro mandato", afirmou Tebet.

Aos empresários, a senadora do MDB defendeu que o momento atual exige que os setores da sociedade se posicionem. “Não cabe a omissão da neutralidade. Não é uma questão de escolher o menos pior. Mas escolher o único que representa a democracia. Nunca votei no Lula ou na esquerda”, completou.

O economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, cobrou um posicionamento dos empresários na defesa da democracia. “Sempre acreditei no caminho liberal e solidário para o desenvolvimento do país. Eu nunca votei no Lula. A realidade do bolsonarismo acabou se impondo. A mudança do meu voto espelha o medo da deterioração da democracia. Se havia alguma dúvida, isso desapareceu. Vou votar no Lula sem qualquer condição”, afirmou. Fraga, em outras ocasiões recentes, tem argumentado que a economia depende da manutenção da democracia.

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