A campanha do PT pretende intensificar as agendas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB) em estados do Sudeste como estratégia de conter o avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) nessa região. Juntos, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro concentram 40,77% dos eleitores nestas eleições, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, o petista realizou nesta quinta-feira (18) seu primeiro comício no intuito de fortalecer o seu palanque na região. O estado é considerado um dos mais estratégicos para a campanha e líderes petistas avaliam que é preciso fortalecer a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSB) ao governo do estado. Nos cálculos petistas, o crescimento de Kalil pode ampliar a vantagem de Lula sobre Bolsonaro na disputa presidencial pelo estado.
"O Kalil é uma pessoa muito importante em Belo Horizonte e em toda a região da capital. Agora o meu papel é tornar o Kalil conhecido em todo o interior de Minas Gerais. Eu vou tentar mostrar a importância de Minas Gerais eleger um cara igual o Kalil", disse Lula em entrevista à rádio Super 91,7 FM.
O ex-prefeito de Belo Horizonte, no entanto, ainda enfrenta dificuldades para superar o atual governador e candidato à reeleição Romeu Zema (Novo). Levantamento da Quaest de agosto (veja a metodologia abaixo) mostrou Zema na liderança com 46% das intenções de votos, ante 24% de Kalil.
Reservadamente, líderes do PT avaliam que Kalil precisa crescer para conseguir chegar com mais competitividade ao segundo turno. Nos cálculos do núcleo de campanha, Zema deve se aliar a Bolsonaro no segundo turno, o que poderia implicar em um fortalecimento do atual presidente no estado mineiro. Bolsonaro tentou fechar uma aliança com Zema ainda no primeiro turno, mas o atual governador acabou optando por apoiar Felipe D'Avila (Novo).
A campanha de Lula também acompanha o crescimento das intenções de voto de Bolsonaro junto aos mineiros. Ainda de acordo com a Quaest, o petista lidera com 42%, ante 33% do atual presidente. O número de agosto, no entanto, mostrou uma queda de Lula e um crescimento de Bolsonaro em relação ao levantamento anterior. Em julho, o petista registrava 46%, e o presidente 28%.
Em São Paulo, Lula foca na região metropolitana e Alckmin vai ao interior
Depois de abrir sua campanha no ABC Paulista, Lula vai realizar neste sábado (20) seu primeiro comício em São Paulo. A expectativa da campanha é que o petista foque na região metropolitana, enquanto Geraldo Alckmin se dedique ao interior do estado.
De acordo com a Quaest, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), candidato ao governo paulista, lidera com 34% das intenções de voto, seguido pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), ambos com 14% cada. Internamente, o PT avalia que um segundo turno de Haddad contra Tarcísio seria mais confortável, pois reproduz a polarização entre Lula e Bolsonaro. O ex-ministro é o candidato do atual presidente no estado.
Apesar da vantagem de Haddad no estado, a campanha observa também o crescimento de Bolsonaro na disputa presidencial entre os paulistas. Ainda de acordo com a Quaest, Lula e o atual presidente estão tecnicamente empatados no estado, com 37% e 35% das intenções de voto respectivamente. Em comparação com julho, o levantamento mostrou uma estagnação do petista, enquanto Bolsonaro cresceu de 32% para os atuais 35%.
Dentro do comitê de campanha do PT a avaliação é de que o crescimento de Bolsonaro na região está se dando pela desidratação da terceira via e pelo crescimento das campanhas antipetistas no estado. Segundo a Quaest, as intenções de votos dos demais candidatos caíram de 17% para 13%.
Nesta quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, sinalizou que uma das estratégias de Bolsonaro é reforçar o antipetismo no eleitorado. “Há quem não goste de Bolsonaro? Sim. Mas não existirá um antibolsonarismo. Já o antipetismo sempre existiu e nunca vai acabar. Antibolsonaro é alergia. Antipetismo é epidemia”, escreveu Nogueira nas redes.
Para conter a estratégia, Lula amplia as agendas junto aos eleitores da capital, enquanto Alckmin vai focar em encontros com prefeitos do interior paulista. A expectativa do PT é usar a influência do ex-governador junto das prefeituras para diminuir as resistências do eleitorado ao ex-presidente petista. Na mesma estratégia, Márcio França, candidato ao Senado na chapa e ex-governador do estado, também vai cumprir agendas ao lado de Alckmin.
Reduto de Bolsonaro, Rio de Janeiro entra na estratégia de Lula no Sudeste
Base do clã Bolsonaro, o Rio de Janeiro também entrou na estratégia da campanha de Lula e o estado deve receber ainda no mês de agosto um comício petista. Nesta fase da campanha o ex-presidente pretende focar na região da baixada fluminense, onde o palanque de Lula, aberto pelo candidato ao governo Marcelo Freixo (PSB), enfrenta mais resistências.
Candidato à reeleição e responsável pelo palanque de Bolsonaro no estado, Cláudio Castro (PL) aparece na liderança com 25% das intenções de voto, ante 19% de Freixo, segundo pesquisa da Quaest. Além disso, a militância de esquerda no estado está dividida entre a candidatura de Alessandro Molon (PSB) e de André Ceciliano (PT) ao Senado. Na avaliação de integrantes da campanha de Lula, estes impasses podem acabar favorecendo Bolsonaro no estado.
A expectativa do PT é que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), também intensifique as articulações na região para ampliar o apoio ao ex-presidente na região. Paes já declarou voto em Lula e, apesar de apoiar a candidatura de Rodrigo Neves (PDT) ao governo fluminense, vem trabalhando como um dos principais articuladores do presidenciável petista no interior do estado.
O último levantamento da Quaest mostrou que Lula e Bolsonaro estão empatados com 39% das intenções de voto, cada. A pesquisa de agosto, no entanto, mostrou uma estagnação do petista, enquanto Bolsonaro cresceu quatro pontos percentuais. Em julho, o atual presidente tinha 34%.
Para mensurar a força de Bolsonaro no estado, a campanha de Lula pretende acompanhar os efeitos do ato convocado pelo presidente para o 7 de setembro na cidade. Como a Gazeta do Povo mostrou, a campanha do Planalto quer que o Rio de Janeiro seja o principal palco das manifestações de apoio ao presidente.
Metodologia de pesquisas citadas na reportagem
O levantamento da Quaest, encomendado pelo banco Genial, entrevistou 2 mil pessoas presencialmente de Minas Gerais, entre os dias 6 e 9 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com os números MG-09990/2022 e BR-08299/2022.
Em São Paulo, o levantamento da Quaest, encomendado pelo banco Genial, entrevistou presencialmente 2 mil pessoas, entre os dias 5 de agosto e 8 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 2,4 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números SP-02135/2022 e BR-07655/2022.
No Rio de Janeiro, o levantamento da Quaest, encomendado pelo banco Genial, ouviu, de forma presencial, 1,5 mil eleitores do estado entre os dias 12 e 15 de agosto. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral com os números RJ-07554/2022 e BR-08389/2022.
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