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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

A pesquisa Exame/Ideia divulgada no fim de fevereiro indicou que o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem 0,8% das intenções de voto para a Presidência da República. O parlamentar, que é o presidente do Senado, ficou em sétimo lugar no levantamento. Sua pontuação foi inferior à do deputado André Janones (Avante-MG), que se autointitula um membro do "baixo clero" do Congresso. O desempenho de Pacheco na pesquisa, que reflete quadro já identificado em outros levantamentos, reforça a ideia de que o PSD dificilmente manterá sua pré-candidatura até o fim.

O partido, hoje, já especula outro nome: o do governador gaúcho Eduardo Leite. Ele ainda é filiado ao PSDB e buscou ser o candidato tucano ao Palácio do Planalto. Perdeu para o também governador João Doria (SP) nas prévias feitas pelo partido em novembro. Mas, embora tenha reconhecido publicamente a derrota, passou a defender alternativas. Em 24 de fevereiro, admitiu que foi convidado pelo PSD "para uma candidatura nacional". Mas disse não havia tomado uma decisão.

Além de Leite, outra ideia no radar do PSD é a de descartar a candidatura própria e apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, se aproximou de Lula e mantém as negociações para trazer o ex-governador Geraldo Alckmin (SP) para a disputa. Kassab, aliás, chegou a ter uma mensagem sua veiculada nas comemorações do aniversário do PT, no último dia 10 – seu nome esteve ao lado de dirigentes de partidos de esquerda, como PCdoB, PDT e Psol.

Integrantes do PSD divergem sobre candidatura de Pacheco

O deputado federal Reinhold Stephanes Junior (PSD-PR) avalia que a candidatura de Pacheco não chegou a ser um projeto apoiado para além da cúpula do partido. "Já se sabia que essa candidatura não teria o apoio de nenhum deputado do partido. Aqui todo mundo é [Jair] Bolsonaro ou Lula", disse ele, que é apoiador do atual presidente da República e que defenderá sua reeleição. O partido tem também outros parlamentares que defendem o governo, como Sargento Fahur (PR) e Joaquim Passarinho (PA).

Na mão oposta, os "lulistas" do PSD se equilibram de acordo com negociações regionais. Na Bahia, por exemplo, o senador Otto Alencar anunciou recentemente que disputará o governo do estado. Ele terá o apoio do PT e o atual governador, o petista Rui Costa, será o candidato ao Senado em sua chapa.

Apesar da variedade de posições políticas dentro da legenda, o secretário-geral do PSD, o senador Alexandre da Silveira (MG), mantém o discurso de que o partido terá um candidato na disputa presidencial. "O PSD decidiu ter candidato próprio e está unido nesse propósito", diz.

Silveira assumiu o mandato no Senado recentemente, após a renúncia de Antônio Anastasia, também do PSD, que deixou o Congresso para ocupar o cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Silveira encarou uma polêmica ainda antes de ocupar a cadeira no Legislativo: foi convidado por Bolsonaro para ser o líder do governo no Congresso, cargo vago desde dezembro. Recusou justamente por não querer desagradar os planos nacionais do PSD.

O senador considera os números ruins de Pacheco nas pesquisas como algo "muito natural". Ele lembra que Pacheco não formalizou o interesse em concorrer ao Palácio do Planalto. Pacheco não chegou a falar em sua pré-candidatura nem quando se filiou ao PSD, em outubro do ano passado. A cerimônia de filiação foi tratada como um lançamento de pré-candidatura presidencial, mas Pacheco evitou citar abertamente o interesse e disse que a questão seria decidida no futuro.

"Se o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco, decidir por sua candidatura à Presidência da República, ele tem assegurado o apoio de todo o PSD e o compromisso do presidente Gilberto Kassab. Não há qualquer discussão em relação a isso, isso é público. Se o presidente Rodrigo decidir por não se candidatar – e ele tem toda a liberdade para decidir isso no momento que considerar mais adequado –, nós buscaremos outros nomes", diz Alexandre Silveira.

O senador fala também que o PSD não trabalhará com parâmetros de pesquisas para definir pela continuidade ou não da candidatura. "Não estamos preocupados com números neste momento. Nenhum nome que se apresentar vai começar com 20%, 30%. Ninguém espera isso. Isso só vai ocorrer durante o período eleitoral, quando os candidatos ficarem mais conhecidos, apresentarem seu histórico, capacidade de execução e liderança, projetos para o país", diz.

O secretário-geral do PSD chama ainda o governador Eduardo Leite de "grande quadro" e considera que ele é um dos nomes que pode personificar o projeto nacional do partido.

Partido compõe o Centrão e nunca teve candidato a presidente

O PSD existe há pouco mais de dez anos e é presidido por Gilberto Kassab desde seu início. Nesse período, passou por duas eleições presidenciais e não lançou candidato em nenhuma delas. Em 2014, participou da coligação vitoriosa encabeçada por Dilma Rousseff (PT). Já em 2018 fez parte do grande conjunto de partidos que, no papel, apoiou a candidatura de Geraldo Alckmin (então no PSDB) – embora já registrasse, naquele momento, filiados mais inclinados ao apoio a outras candidaturas, em especial a de Jair Bolsonaro, à época no PSL.

Atualmente, o partido conta com um ministro no governo Bolsonaro, o titular das Comunicações, Fábio Faria. Mas ele não deve permanecer na legenda.

O perfil heterogêneo do PSD foi "previsto" por Kassab logo nos seus primeiros meses de existência. Em entrevista concedida em março de 2011, o presidente da sigla disse que o PSD não seria "nem esquerda, nem direita e nem de centro".

Metodologia da pesquisa citada na reportagem

O levantamento do instituto Ideia, encomendado pela revista Exame, ouviu 1,5 mil eleitores entre os dias 18 e 22 de fevereiro. A pesquisa foi registra no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-05955/2022. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

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