Candidato do PTB, Padre Kelmon diz que a Igreja Ortodoxa possui diferentes denominações, e que foi ordenado em uma delas no Peru.| Foto: Divulgação/SBT
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Novato na corrida eleitoral à Presidência da República e em disputas de cargos públicos, Padre Kelmon Luís (PTB) contestou nesta segunda-feira (26) a informação de que não teria vínculo com a Igreja Ortodoxa brasileira. Ele ganhou notoriedade ao participar do debate promovido pelo SBT e CNN Brasil no último sábado (24) no lugar de Roberto Jefferson, que teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Padre Kelmon se apresentou como religioso sem especificar de qual ordem faz parte. Logo após o debate, uma nota emitida no dia 14 de setembro pela Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil, tida como representante da dissidência católica no país, passou a circular nas redes sociais contestando a adesão do político.

O documento afirma que tem sido procurado por pessoas e entidades contestando as afirmações de Kelmon, por ele usar publicamente “insígnias próprias da nossa Tradição Siríaca Ortodoxa”. A ordem, chamada de patriarcado, afirma que “o referido candidato não é membro de nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil em nenhuma de suas paróquias e comunidades, missões ou obras sociais, bem como não é e nunca foi seminarista ou membro do clero [...] quer no Brasil, quer em qualquer outro país”.

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No entanto, a campanha de Padre Kelmon disse à Gazeta do Povo que existem vários patriarcados ortodoxos que são independentes e autocéfalos, ou seja, com domínio próprio e autorregulamentados.

“Portanto, a afirmação da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia não faz sentido. Para Padre Kelmon, o que precisa haver entre as igrejas é mais respeito uma com as outras”, disse a campanha à reportagem.

Segundo a campanha, Padre Kelmon faz parte da Igreja Siro Ortodoxa Malankar, uma denominação à parte que tem o religioso como sacerdote. Na última semana, a arquidiocese da ordem emitiu uma nota à de Antioquia esclarecendo a situação e pedindo que se junte à campanha do candidato do PTB.

Ele é padre, mas não é candidato da Igreja

Caio Queiroz, padre representante do patriarcado de Antioquia no Brasil, disse à reportagem que Padre Kelmon chegou a tentar participar da denominação no passado, mas que o processo de adesão não avançou. No entanto, afirma que não há nada que o desabone exceto pelo uso de símbolos que são característicos deste patriarcado.

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“Ele usa o véu monástico da Igreja Sirian Ortodoxa, que somente a nossa que usa. Buscamos esclarecer isso, que ele tentou fazer parte no passado, mas não recebeu o grau de ordem, embora continue utilizando-o e remetendo à nossa igreja. Mas, julgar que ele não seja padre é temerário”, disse o religioso.

A campanha de Padre Kelmon disse que ele foi ordenado presbítero em 2015 pela denominação Igreja Apostólica Ortodoxa da América, de São Paulo, e depois aderiu à Igreja Católica Apostólica Ortodoxa do Peru, com reconhecimento da atual situação eleitoral pelo arcebispo Ángel Ernesto Moran Vidal. Em um documento enviado à reportagem, o patriarcado diz que o religioso solicitou uma licença eclesiástica para poder participar da eleição pelo tempo que for necessário.

A entidade ainda ressaltou que Padre Kelmon realiza trabalhos sociais em nome da denominação no estado da Bahia, onde é “reconhecido por seu inquestionável trabalho pastoral e social em benefício da comunidade, razão pela qual é sempre convidado para diversas atividades e eventos em prol do desenvolvimento do povo brasileiro”.

Para o padre Caio Queiroz, também não haveria nenhum impeditivo de se posicionar politicamente, desde que seja em defesa de missões pontuais onde os religiosos atuam.

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“A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia não impede nenhum de seus membros, sejam eles clérigos ou leigos, de participarem de movimentos políticos desde que sejam clérigos autorizados por seus arcebispos”, disse.

De vice à cabeça de chapa

Padre Kelmon Luís foi alçado de vice à cabeça de chapa do PTB à Presidência da República em meados de agosto após o TSE barrar a candidatura de Roberto Jefferson ao cargo. Na decisão, o tribunal justificou a inelegibilidade dele em razão de sua condenação a sete anos de prisão, no Supremo Tribunal Federal (STF), pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do mensalão, em 2013. O caso o enquadra na Lei da Ficha Limpa, afirmou o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet.

Além de padre do patriarcado ortodoxo, Kelmon Luís é também líder do Movimento Cristão Conservador Latino Americano (Meccla), que tem como objetivo a defesa de valores cristãos. Seu vice, o pastor Luiz Cláudio Gamonal, presidente interinamente o Movimento Cristão Conservador do partido.