Dos 23 partidos com representantes na Câmara dos Deputados, 13 elegeram menos deputados federais em 2022 do que detêm atualmente. As diminuições de bancada entre os partidos trazem desde reduções pequenas, como a do Republicanos, que caiu de 44 para 41 representantes, como tombos significativos, como o do PSDB, que passou de 22 para 13 parlamentares.
Em números absolutos, o maior declínio foi do PP. O partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), tem 58 deputados e elegeu 47 no domingo (2), uma redução de 11 nomes. A segunda maior redução foi a do PSB, que regrediu em dez deputados: de 24 para 14.
Já em termos proporcionais, a maior queda foi a do PTB. A legenda que lançou Padre Kelmon à Presidência da República conta atualmente com três deputados e elegeu em 2022 somente um, Bebeto (RJ). Outra redução percentual significativa foi a do Novo, que tem oito representantes e elegeu apenas três. Adriana Ventura (SP), Marcel Van Hattem (RS) e Gilson Marques (SC) já são deputados e conseguiram a reeleição.
O número de deputados federais é crucial no jogo político brasileiro. Não apenas pela força que traduz na Câmara, mas também porque o tamanho da bancada é referência para a distribuição de verbas públicas às agremiações. Recursos de fundo partidário e fundo eleitoral são distribuídos de acordo com, entre outros critérios, o tamanho das bancadas dos partidos na Câmara.
A quantidade de deputados federais também é determinante para que um partido tenha acesso ao horário eleitoral gratuito em rádio e televisão.
Outro elemento influenciado pelo tamanho da bancada na Câmara é a participação de candidatos nos debates televisivos. A regra obriga o convite a candidatos que sejam de partidos com no mínimo cinco deputados federais. Ou seja: caso suas legendas tivessem a representação equivalente ao conquistado no último domingo, Padre Kelmon e Felipe D'Ávila (Novo) poderiam não ter estado nos debates da eleição de 2022.
"Time que não entra em campo perde a torcida", diz deputado do PSB
Representantes de PSDB e PSB avaliam que a diminuição das bancadas de seus partidos é resultado da polarização política que o Brasil vive há anos, quadro no qual o eleitorado tem mostrado interesse em privilegiar candidatos de esquerda ou direita, sem considerar como prioridade as correntes de centro.
"Desde as eleições passadas houve uma guinada do eleitorado em favor da direita. Com isso, foi construída uma pirâmide em torno da direita e, como resposta, também uma em torno da esquerda. E quem ficou no centro foi prejudicado", afirmou o vice-líder do PSB na Câmara, deputado Heitor Schuch (RS). Ele citou que o quadro afetou, além do seu partido, agremiações como Cidadania e PDT, que também sofreram redução em seus quadros.
Já Adolfo Viana (BA), líder do PSDB na Câmara, é da opinião que o encolhimento do seu partido é também fruto de pouco protagonismo das legendas de centro no quadro político atual. O partido do deputado não lançou candidatura própria na eleição de 2022, tendo optado por apoiar o nome de Simone Tebet (MDB).
O PSB de Schuch também não teve candidato próprio. O partido integra a coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com o vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin. Para Schuch, isso inibe o fortalecimento da agremiação. "Eu sou partidário de que nenhum partido deveria concorrer se não tivesse um candidato na eleição majoritária. Já diria o ex-governador Alceu Collares [que governou o Rio Grande do Sul entre 1991 e 1995]: time que não entra em campo perde a torcida", acrescentou.
Schuch disse também lamentar a decisão do PSB de indicar a disputas majoritárias representantes do partido que foram a combates arriscados e agora, derrotados nas urnas, ficarão sem mandato a partir do ano que vem. São os casos de Marcelo Freixo (RJ) e Danilo Cabral (PE), ambos deputados federais que concorreram ao governo, e Alessandro Molon (RJ), também deputado federal, mas derrotado na disputa por uma vaga no Senado. Schuch incluiu na lista o ex-governador Márcio França (SP), que estava sem mandato e fracassou também na corrida ao Senado.
Tanto Schuch quanto Viana dizem que o momento atual é precoce para que seus partidos projetem a atuação na Câmara a partir de 2023. Viana contemporiza e diz que o PSDB é conhecido por ter uma bancada "extremamente qualificada", o que não se modifica com menos nomes integrando o plantel do partido. O representante do PSB, que iniciará no ano que vem seu terceiro mandato na Câmara, declarou que vivenciará uma "situação nova" no Legislativo e pediu que a agremiação reflita sobre os resultados das urnas. "Senão daqui a quatro anos teremos outra redução de 50%", alertou.
Todos os partidos que perderam deputados
Os partidos que tiveram redução na sua bancada, na comparação entre o número atual e o resultado das eleições, foram os seguintes:
- PP - de 58 na bancada atual para 47 eleitos em 2022 (diminuição de 11)
- PSB - 24 para 14 (diminuição de 10)
- PSDB - 22 para 13 (diminuição de 9)
- Novo - 8 para 3 (diminuição de 5)
- Solidariedade - 8 para 4 (diminuição de 4)
- PSD - 46 para 42 (diminuição de 4)
- Republicanos - 44 para 41 (diminuição de 3)
- PCdoB - 8 para 6 (diminuição de 2)
- PDT - 19 para 17 (diminuição de 2)
- PTB - 3 pra 1 (diminuição de 2)
- PSC - 8 para 6 (diminuição de 2)
- Patriota - 5 para 4 (diminuição de 1)
- Pros - 4 para 3 (diminuição de 1)
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