Bolsonaro começa a diminuir a rejeição entre as mulheres e os eleitores de Nordeste e Sudeste| Foto: Isac Nobrega/PR
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A avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) alcançou em agosto os melhores patamares nas pesquisas eleitorais Genial/Quaest, realizadas desde julho de 2021.

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O levantamento mais recente da Quaest, encomendado pela Genial Investimentos e divulgado nesta quarta-feira (3), aponta que as avaliações negativas ao governo Bolsonaro marcaram 43%. Em julho do ano passado o índice estava em 44%, mas já chegou a 56% em novembro. O pior índice em 2022 foi registrado em fevereiro: 51% avaliavam negativamente o governo Bolsonaro (os resultados do ano passado constam em relatório da pesquisa Genial/Quaest registrada em janeiro no TSE. Veja a metodologia abaixo).

Da mesma forma, as avaliações positivas ao mandato presidencial cresceram cinco pontos percentuais, comparando-se os levantamentos publicados em janeiro e agosto deste ano, passando de 22% para 27%. Em julho do ano passado, 26% dos entrevistados avaliavam positivamente o governo. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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"Como o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 600 começa agora no mês de Agosto, muitos esperavam que a melhora ocorresse nas próximas semanas, mas a pesquisa mostra que os eleitores já sentem melhoras na economia comparado ao começo do ano, e que já há uma expectativa em relação ao novo valor do Auxílio", pontua Guilherme Russo, cientista político e diretor de Inteligência e Insight na Quaest Consultoria e Pesquisa.

Essa melhora nas avaliações do mandato de Bolsonaro também foi sentida em núcleos da população com maioria de intenções de voto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por exemplo, entre julho e agosto houve queda nas avaliações negativas em determinados perfis do eleitorado:

  • Nordestinos: queda de 55% para 49%;
  • Jovens (16 a 24 anos): 54% para 46%;
  • Pessoas com apenas o ensino fundamental completo: 50% a 44%;
  • Pessoas que recebem até 2 salários mínimos: 49% a 43%;
  • Católicos: 51% a 45%;
  • Beneficiários do Auxílio Brasil: 48% a 39%;

"Essa melhora registrada agora também deve aparecer nas próximas pesquisas", analisa Jorge Ramos Mizael, cientista político e diretor da Metapolítica Consultoria. "Pela desigualdade do Brasil ser muito alta, quando começar o pagamento governamental para essas classes mais baixas a tendência é que essa população encare essa medida como algo fundamental para a decisão do voto".

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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Como os eleitores estão avaliando o Auxílio Brasil e o preço dos combustíveis?

A pesquisa da Genial/Quaest também avaliou com o eleitorado a opinião sobre o aumento nos valores pagos aos beneficiários do Auxílio Brasil e sobre a política de preços dos combustíveis no país.

Em junho, o presidente Bolsonaro era apontado como o principal responsável pelo preço alto dos combustíveis no Brasil por 28% dos entrevistados. Na pesquisa desta quarta, o índice caiu para 21% neste mês e os fatores externos voltaram a despontar como o principal vilão da alta dos preços: 34% dos entrevistados citaram a conjuntura internacional.

Sobre o aumento no valor pago aos beneficiários do Auxílio Brasil, o percentual de eleitores entrevistados que tem ciência sobre esse tema subiu de 61% em julho para 82% em agosto.

A transferência desse aumento para o voto também foi avaliada pela pesquisa Genial/Quaest. Dos eleitores entrevistados em agosto, 24% avaliam que aumenta a intenção de votar em Bolsonaro com essa medida, enquanto 46% apontam que o tema não tem relevância no voto e 28% dizem que diminui a possibilidade de votar no presidente.

"Se essa tradução de avaliação em voto for grande, o Auxílio Brasil vai ter um peso muito importante na corrida eleitoral, especialmente porque o ex-presidente Lula recebe muitos votos do grupo de beneficiários. Conquistar esse eleitorado significa não só ganhar votos, mas também retirar votos do Lula. Entretanto, a pesquisa mostra claramente que hoje o Auxílio ainda não impactou substantivamente a corrida", avalia Russo, da Quaest.

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Dos eleitores que indicaram que poderiam votar em Bolsonaro graças ao aumento do Auxílio Brasil, 10% declaram intenção de voto em Lula na pesquisa de agosto e 12% em outros candidatos.

"Se a gente olhar para trás, quando começou o pagamento do Auxílio Brasil foi quando o Bolsonaro conseguiu seus melhores números. Mas eu acredito que isso tenha um teto. Daqui a pouco vai estabilizar", finaliza Mizael.

Metodologia das pesquisas Genial/Quaest

A pesquisa foi realizada pelo instituto Quaest e contratada pela Genial Investimentos. Foram ouvidos 2.000 eleitores presencialmente entre os dias 28 de julho e 31 de julho de 2022 em todas as regiões do país. A margem de erro estimada é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o intervalo de confiança é de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral, sob o protocolo BR-02546/2022.

Os números referentes às pesquisas Genial/Quaest do ano passado constam em relatório da pesquisa eleitoral divulgada em 12 de janeiro. Da mesma forma, ela foi realizada pelo Instituto Quaest e encomendada pelo Banco Genial, com registro no TSE sob o número BR-00075/2022. O levantamento ouviu 2 mil eleitores entre os dias 6 e 9 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos; e o nível de confiança é de 95%.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. Você pode conferir os levantamentos mais recentes neste link, além de reportagens sobre o tema.

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As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população. Métodos de entrevistas, a composição e o número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar o resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Feitos esses apontamentos, a Gazeta considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.