Além de sondar a preferência de voto dos eleitores na corrida presidencial deste ano, a pesquisa divulgada pela Exame/Ideia nesta quinta-feira (21) avaliou o impacto das medidas do governo federal e do Congresso Nacional para reduzir o custo dos combustíveis no país. O resultado do levantamento demonstra que a queda no preço da gasolina ainda não foi capaz de romper a "bolha" dos que já apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é candidato à reeleição.
Para 39% dos entrevistados, as medidas para reduzir o preço dos combustíveis surtiram efeito nas últimas semanas. Entretanto, o mesmo percentual de eleitores afirmou que ainda não notou a diferença nos postos, enquanto outros 19% discordam que essa política diminuiu o valor pago pelos consumidores pela gasolina.
"O eleitor que percebe como positivo a queda no valor do combustível é o mesmo eleitor que aprova o governo Bolsonaro. Mas esse impacto pode ser positivo ao longo dos próximos meses, assim como pode ser positivo o impacto da PEC [dos Benefícios, que vai aumentar o valor do Auxílio Brasil até dezembro próximo]. Lembrando que valor de combustível não impacta as classes E e D e impacta menos a classe C, que usa o automóvel de uma forma diferente do que as classes A e B", explica Cila Schulman, vice-presidente do instituto de pesquisa Ideia.
Para ela, outro aspecto importante para analisar o impacto da redução no preço dos combustíveis e da PEC das Benefícios é que as classes sociais têm demandas diferentes a serem atendidas. "Essas medidas foram tomadas só agora e o pagamento demora a ser feito. Portanto, o efeito disso, a gente só vai ver em dois meses. Para as classes E, D e C o que vai impactar é a redução no preço dos alimentos, que é o que mais pressiona esses eleitores. Para as classes A e B, o impacto pode ser positivo, não só diretamente pelo combustível, mas pela percepção de que o governo está tomando medidas", analisa.
Avaliação negativa do governo Bolsonaro cresce
A pesquisa Exame/Ideia apresentou um crescimento na avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro, apesar dos esforços do presidente para reduzir o preço dos combustíveis e conter a alta da inflação. No último levantamento divulgado em 23 de junho, 44% dos entrevistados avaliavam o atual governo como ruim ou péssimo. Agora, na amostragem de julho, essa taxa subiu para 48%.
"Esse dado de aprovação do governo é o mais importante dessa eleição, já que uma reeleição é sempre se o eleitor quer continuar ou não com um governo. E o governo Bolsonaro tem índices bastante desafiadores. Tem um desapontamento do eleitor com o governo dele; não um arrependimento, mas um desapontamento", explica Schulman.
Outro índice negativo que variou na comparação entre os dois levantamentos da Exame/Ideia, mas dentro da margem de erro, é a rejeição aos pré-candidatos à Presidência. Em junho, Bolsonaro registrava 44% nesse indicador e subiu dois pontos percentuais na pesquisa de julho.
Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou queda nesse índice na comparação entre as pesquisas. Em junho, ele marcava 42% de rejeição entre os eleitores entrevistados e, em julho, apresentou 40%.
Ainda sobre a avaliação ao governo Bolsonaro, a pesquisa da Exame/Ideia perguntou aos entrevistados se "o Brasil está no rumo certo ou errado". Para 54% dos que responderam, o país está no caminho errado. Dentre esse público, 36% atribuem essa responsabilidade ao governo federal.
Apesar desses indicadores, o resultado da pesquisa Exame/Ideia não aponta resolução da eleição no primeiro turno. A tendência é que Bolsonaro e Lula se enfrentem no segundo turno pela presidência da República.
"Para que a eleição acabe no primeiro turno, ela teria que ter um voto útil do eleitorado do Ciro Gomes [em favor de Lula], mas esse eleitor tem se mostrado resiliente", explica a vice-presidente do Instituto Ideia.
Metodologia das pesquisas citadas
O instituto Ideia entrevistou, por telefone (fixos residenciais e celulares), 1.500 eleitores entre os dias 15 e 20 de julho. O levantamento foi contratado pela revista Exame e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-09608/2022. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa completa pode ser baixada em PDF neste link.
O instituto Ideia entrevistou, por telefone (fixos residenciais e celulares), 1.500 eleitores entre os dias 17 e 22 de junho. O levantamento foi contratado pela revista Exame e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o protocolo BR-02845-2022. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa completa pode ser baixada em PDF neste link.
Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais
A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. Você pode conferir os levantamentos mais recentes neste link, além de reportagens sobre o tema.
As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população. Métodos de entrevistas, a composição e o número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar o resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.
Feitos esse apontamentos, a Gazeta considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.
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