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Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) lideram a corrida presidencial faltando um mês para realização do primeiro turno| Foto: Divulgação/Band

A menos de um mês para as eleições, os cenários trazidos por oito das nove pesquisas eleitorais para presidente publicadas nesta semana apontam com mais clareza para um segundo turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) -veja abaixo as metodologias e links para os resultados.

Mesmo o Datafolha, que até meados de agosto indicava vitória do petista no primeiro turno, mostrou, na pesquisa desta quinta-feira (1º), que Lula não mais supera as intenções de voto dos demais candidatos somados.

No Datafolha esse movimento veio de uma queda de 2 pontos de Lula (de 47% para 45%), mesmo que dentro da margem de erro da pesquisa, e do crescimento de Ciro Gomes (PDT, 9%) e de Simone Tebet (MDB, 5%) – de 2 e 3 pontos percentuais, respectivamente. Bolsonaro se manteve estável, com 32%.

Outra pesquisa que captou um movimento semelhante foi a BTG/FSB, publicada na segunda-feira (29): Lula caiu dois pontos em relação ao dia 22 de agosto (de 45% para 43%), Bolsonaro se manteve estável (em 36%), Ciro cresceu três (de 6% para 9%) e Simone, um ponto percentual (de 3% para 4%) – a margem de erro máxima também é de dois pontos percentuais para mais ou para menos (quanto maior o percentual de um candidato, mais próxima de 2 pontos estará a margem de erro).

O único instituto que aponta para uma possibilidade maior de definição em primeiro turno, a favor de Lula, é o Ipec (antigo Ibope): Lula com 44% e os demais candidatos, somados, chegam a 43%.

Das nove pesquisas publicadas, todas com registro no TSE, Lula lidera em sete: Ipespe, PoderData, Genial/Quaest, BTG/FSB, Datafolha, Ipec e CNT/MDA. Dentre essas, a intenção de voto do petista varia entre 45% (Datafolha) e 42,3% (CNT/MDA) – uma diferença que está próxima à margem de erro destas pesquisas.

Já as intenções de voto para Bolsonaro vão de 32% (Genial/Quaest, Datafolha e Ipec) a 36% (PoderData e BTG/FSB) – ou seja, há uma diferença mais significativa entre os institutos para captar o eleitorado do presidente, que pode decorrer da diferença de metodologia das pesquisas, já explicadas em reportagem anterior da Gazeta do Povo.

Há também duas pesquisas que indicam um empate técnico entre Lula e Bolsonaro. A Paraná Pesquisas mostra Lula à frente, com 41,3% e Bolsonaro com 37,1%. A distância entre ambos fica quase no limite da margem de erro da pesquisa, que é de 2,2 pontos para mais ou para menos. Já a pesquisa Modalmais/Futura, mostrou, pela primeira vez, Bolsonaro à frente, com 40,1%, contra 36,9% de Lula. A margem de erro também é de 2,2 pontos para mais ou para menos.

Boas notícias para Tebet e Ciro, mas pouca expectativa de mudanças

A avaliação de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo é de que, no geral, as pesquisas da semana mostram que houve pouca variação na corrida eleitoral após o início da campanha, do horário de propaganda eleitoral gratuita, do primeiro debate entre os candidatos e das frequentes sabatinas com os candidatos que vêm sendo realizadas por vários veículos de comunicação.

Cila Schulman, especialista em marketing político e sócia do instituto de pesquisa Ideia, atribui essa pouca movimentação nas últimas semanas ao fato de que as eleições neste ano estão sendo disputadas por dois candidatos a presidente já bem conhecidos dos eleitores: o atual incumbente e um ex-presidente. Essa peculiaridade, avalia Cila, faz com que o número de eleitores que tem certeza sobre seu voto seja maior do que em eleições passadas, deixando pouca margem para movimentações de Ciro, Simone e outros presidenciáveis que estão na disputa com uma intenção de votos de 1% ou menos.

“No Datafolha, que pegou a reação ao debate da Band e às sabatinas no Jornal Nacional, o Ciro e a Simone variaram pra cima. O Ciro porque se saiu bem na sabatina e a Simone porque foi muito bem no debate. Mas isso não muda o curso da eleição”, afirma Cila.

De acordo com a pesquisa do Datafolha, 76% dos eleitores entrevistados dizem que estão totalmente decididos sobre seus votos. A convicção do voto é especialmente significativa entre os potenciais eleitores de Lula e Bolsonaro: 83% e 84%, respectivamente. A pesquisa Genial/Quaest desta semana também indica que o eleitorado destes dois candidatos está certo do seu voto: dos que disseram que votariam em Bolsonaro, 75% afirmaram que a decisão é definitiva; em Lula, 76% estão convictos.

A dúvida sobre o voto útil do eleitor do Ciro

Entre os eleitores de Ciro, Simone e outros presidenciáveis, a certeza do candidato a presidente é menor. Na Genial/Quaest, 65% destes eleitores dizem que podem mudar de ideia até 2 de outubro. O Datafolha mostra que, dos 9% que dizem votar em Ciro, 57% consideram mudar o voto. É preciso pontuar, porém, que o pedetista tem melhorado esse índice, em relação às pesquisas anteriores: em 18 de agosto, por exemplo, eram 64% os potenciais eleitores de Ciro que diziam que poderiam mudar de candidato.

Se esta tendência de fortalecimento de Ciro continuar, as chances do voto útil em Lula para definição da corrida presidencial ainda em um primeiro turno ficarão mais remotas. Mas, se isso se reverter, a vantagem sobre o voto no pedetista será do ex-presidente Lula, segundo avalia o analista político Lucas Fernandes, da BMJ Consultoria. Ele lembra que as pesquisas desta semana, como a do próprio Datafolha, mostram uma preferência a Lula como segunda opção de voto para 35% dos potenciais eleitores do Ciro. Bolsonaro, seria escolhido como segunda opção por 24% dos eleitores de Ciro.

Por outro lado, a estabilidade de Bolsonaro em oito das nove pesquisas divulgadas nesta semana (a exceção é a Modalmais/Futura, que mostrou crescimento um pouco acima da margem de erro) esconde um dado que pode vir a ser uma vantagem para o presidente nas próximas pesquisas: a melhora na avaliação do governo, um ponto que, segundo Cila, é fundamental para a campanha do presidente.

Na pesquisa Ipespe divulgada na quarta-feira (1º), por exemplo, a avaliação do governo Bolsonaro melhorou três pontos em relação ao levantamento anterior, em 25 de julho. O movimento também foi observado na Genial/Quaest, com aumento de três pontos no intervalo de um mês (3 de agosto).

A dificuldade, porém, é que Bolsonaro ainda não conseguiu imprimir o mesmo ritmo desta melhora sobre percepção do governo nas intenções de voto dele: tanto no Ipespe quanto na Genial/Quaest ele manteve os mesmos percentuais dos levantamentos de um mês atrás (35% e 32%, respectivamente).

Metodologia das pesquisas citadas

Ipespe

O Ipespe, contratado pela XP, entrevistou por telefone 2.000 eleitores. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 26 e 29 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR-04347/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

Datafolha

O Datafolha entrevistou pessoalmente 5.744 pessoas com 16 anos ou mais na pesquisa mais recente, realizada entre 30 de agosto e 1º de setembro de 2022 e registrada no TSE sob o protocolo BR-00433/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

Modalmais/Futura

O instituto Futura, contratado pelo banco Modal, entrevistou por telefone dois mil eleitores. A pesquisa mais recente foi realizada entre 24 e 25 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR-07568/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

PoderData

PoderData ouviu, por telefone, 3,5 mil eleitores nas 27 unidades da federação. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 28 e 30 de agosto de 2022 e foi registrada no TSE sob o número BR-06922/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Veja o resultado aqui.

Genial/Quaest

A Quaest, contratada pelo Banco Genial, entrevistou pessoalmente 2.000 eleitores. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 25 e 28 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR-00585/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

Paraná Pesquisas

O Paraná Pesquisas entrevistou pessoalmente 2.020 pessoas com 16 anos ou mais. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 26 e 30 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR-03492/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. O levantamento foi feito com recursos próprios. Veja o resultado aqui.

CNT/MDA

A MDA, contratada pela CNT, entrevistou 2.002 eleitores presencialmente. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 25 e 28 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR 00950/2022. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

BTG/FSB

A FSB, contratada pelo BTG Pactual, entrevistou 2.000 eleitores por telefone. A pesquisa mais recente foi realizada entre os dias 26 e 28 de agosto de 2022 e está registrada no TSE sob o protocolo BR-08934/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança atinge 95%. Veja o resultado aqui.

Ipec

O Ipec entrevistou 2 mil eleitores em 128 municípios entre os dias 26 e 28 de agosto de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e está registrada no TSE com o protocolo BR-01979/2022. Veja o resultado aqui.

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