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Pré-candidatos à Presidência: Luiz Inácio Lula da Silva (PT); presidente Jair Bolsonaro (PL); Sergio Moro (Podemos); e Ciro Gomes (PDT)| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula; Flickr Palácio do Planalto; Saulo Rolim/Podemos; Assessoria de Imprensa do PDT

A rejeição dos candidatos à Presidência é um dado para a qual o eleitor e os veículos de comunicação, em geral, dão menos importâncias nas pesquisas eleitorais – e nem todos os institutos perguntam aos entrevistados em quem eles não votariam de jeito nenhum. Mas a rejeição, nesta etapa de pré-campanha, revela uma informação importante: nomes mais rejeitados, mesmo com altos índices de intenção de voto, têm menos potencial de crescimento quando as eleições se aproximam; e vice-versa.

A Gazeta do Povo elencou os índices de rejeição apresentados pelas pesquisas deste ano do Instituto Quaest dos principais presidenciáveis. Confira a seguir:

A rejeição dos dois principais pré-candidatos neste momento – ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) – é alta, acima dos 40% do eleitorado. Mas Lula, nesse aspecto, tem um potencial de crescimento maior, pois 43% dos eleitores dizem que não votam nele de jeito nenhum contra 66% de Bolsonaro.

A pesquisa do Instituto Quaest também revela que os nomes da terceira via, com exceção de Simone Tebet (MDB), têm rejeição acima de 50% dos eleitores. Isso indica tendência de dificuldade de crescimento para todos eles, com exceção da emedebista.

Aliados trabalham para reduzir rejeição de Bolsonaro 

De acordo com o Instituto Quaest, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é o nome da corrida presidencial com os piores índices de rejeição. Nos dois levantamentos deste ano do instituto, 66% dos entrevistados afirmaram que não votariam nele. Apesar disso, Bolsonaro aparece em segundo lugar nas intenções de voto com 23% em ambas as pesquisas.

Para ampliar a viabilidade do presidente, aliados do Planalto têm montado estratégias para reduzir a rejeição de Bolsonaro junto ao eleitorado. Neste ano, o governo pretende investir cerca de R$ 1 bilhão em propaganda institucional para mostrar os feitos da gestão do presidente.

Além disso, os governistas acreditam que propostas como o Auxílio Brasil (substituto do Bolsa Família), o arrefecimento da pandemia de Covid-19 e a melhora nos índices da economia serão determinantes para a melhora do desempenho de Bolsonaro.

De acordo com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o segundo turno se dará entre Lula e Bolsonaro e será decidido pela menor rejeição.  "Acho que vamos chegar na eleição com uma rejeição ao PT muito maior do que ao Bolsonaro. Acho que vai ser uma disputa de rejeição", disse o ministro durante entrevista recente à TV Band.

Para Lucas Fernandes, analista da BMJ Consultoria, os índices de rejeição de Lula e de Bolsonaro já são consolidados neste momento, pois eles são mais conhecidos pelo eleitorado. Contudo, Fernandes avalia que não é impossível, mas será difícil para Bolsonaro reverter os seus índices.

"Ele [Bolsonaro] tem de fato uma rejeição que é muito preocupante, acima dos 60%. A gente tem mais da metade dos eleitores dizendo que não votaria no Bolsonaro de jeito nenhum. Não é impossível reverter, mas é muito difícil. Mas o que eu gostaria de destacar é que o presidente incumbente, aquele que está no cargo, é sempre o vetor de insatisfação do eleitorado. Mas, quando começa a campanha, o presidente tem a máquina e esse índice de rejeição pode acabar diminuindo", explica o analista.

Liderança de Lula e rejeição de Ciro dificultam espaço para o pedetista

Liderando as pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), registrou 43% de rejeição entre o eleitorado nos dois levantamentos do instituto Quaest deste ano. Enquanto isso, o petista somou 45% das intenções de voto.

Já Ciro Gomes (PDT) teve 54% dos eleitores que disseram que não votariam nele de jeito nenhum. O índice é menor do que em janeiro (58%), mas ainda assim, bem maior do que o de Lula – que tende a ocupar o campo da esquerda nas eleições presidenciais, disputado pelo pedetista.

Para Felipe Nunes, CEO da Quaest, a consolidação de Lula na liderança da corrida presidencial e a estagnação dos índices de rejeição representam uma dificuldade para que Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT, amplie sua viabilidade. Na avaliação de Nunes, o pedetista disputa voto no mesmo campo da esquerda que Lula. "Isso só demonstra a dificuldade que ele [Ciro Gomes] terá de convencer o eleitor de deixar de votar em Lula e passar a votar nele", argumenta.

"Os eleitores de Lula e Bolsonaro são os mais engajados e já estão com os votos decididos, o que impede o crescimento dos demais candidatos", completa Nunes.

Moro e Doria são os nomes mais rejeitados da terceira via 

Pré-candidatos como o governador João Doria (PSDB-SP) e o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) tentam se viabilizar como nomes da terceira via. Contudo, ambos registram altas taxas de rejeição entre o eleitorado.

De acordo com o instituto Quaest, 62% dos eleitores afirmaram que não votariam em Sergio Moro em fevereiro, ante 59% registrados em janeiro. Apesar disso, o ex-juiz apareceu em terceiro lugar nas intenções de voto, com 7% e 9%, respectivamente, nos levantamentos dos dois primeiros meses do ano.

Para Moro, o critério para definir quem será o nome da terceira via deve ser o desempenho nas pesquisas. “Tem de se considerar vários fatores e o fundamental é o candidato que se encontrar mais à frente nas pesquisas”, disse o ex-juiz durante debate promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Já o governador de São Paulo, João Doria, tem enfrentado dificuldades para viabilizar sua pré-candidatura dentro do PSDB devido aos índices de rejeição. Em fevereiro, de acordo com a Quaest, 61% dos entrevistados afirmaram que não votariam no tucano. Em janeiro este número era 60%. Enquanto isso, o governador registrou apenas 3% das intenções de voto.

Até o momento, a candidatura de Doria é um impasse dentro do PSDB e nomes do partido defendem que o tucano retire seu nome da disputa. Parte desse grupo defende um embarque na candidatura de Simone Tebet (MDB).

"Doria tem uma alta taxa de rejeição. Já a Simone Tebet tem um potencial de crescimento bem maior. Ela representa algo novo neste processo, por isso estamos entusiasmados com essa candidatura", diz o ex-senador José Aníbal (PSDB).

Aníbal integra o grupo ligado ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, derrotado por Doria nas prévias do partido. (Leite agora cogita sair candidato pelo PSD – o nome dele não foi colocado nas últimas pesquisasdo Instituto Quaest).

Recentemente, Doria sinalizou que pode abrir mão de sua candidatura "lá adiante".  "Não vou colocar o meu projeto pessoal à frente daquilo que sempre foi a índole. Se chegar lá adiante e, lá adiante, eu tiver de oferecer o meu apoio para que o Brasil não tenha mais essa triste dicotomia do pesadelo de ter Lula e Bolsonaro, eu estarei ao lado daquele ou de quantos forem os que serão capacitados para oferecer uma condição melhor para o Brasil", afirmou o governador durante um evento do banco BTG Pactual.

Simone Tebet é quem tem a menor rejeição maior potencial de crescer

De acordo com os últimos levantamentos do instituto Quaest, a senadora Simone Tebet (MDB) é a pré-candidata que até o momento registra os menores índices de rejeição entre os eleitores. Na pesquisa de fevereiro, 18% dos entrevistados afirmaram que conhecem e não votariam em Simone Tebet. Em janeiro, este número era de 19%. Apesar disso, a emedebista registrou apenas 1% das intenções de voto nas duas pesquisas da Quaest deste ano.

Faltando pouco mais de seis meses para o primeiro turno das eleições, a cúpula do MDB aposta que a baixa rejeição de Simone Tebet será determinante para que sua pré-candidatura ganhe musculatura. A emedebista tenta se viabilizar na chamada terceira via e busca uma unificação das candidaturas junto a outros nomes como Moro e Doria.

Na avaliação de integrantes do MDB, Simone Tebet deve ampliar sua viabilidade conforme ganhe exposição com a proximidade da campanha. A emedebista será o principal rosto do partido durante a exibição da propaganda partidária do MDB, que começou a ir ao ar na quinta-feira (10).

Com o slogan “Simone Tebet, uma esperança para o Brasil”, a senadora vai entrar na programação do rádio e da TV e inserções de 30 segundos. O material foi produzido pelo marqueteiro contratado pelo MDB, Felipe Soutello. “Fome, miséria, desemprego, comida muito cara. Nossos problemas não vão ser resolvidos pelos políticos do passado, nem por quem não respeita as instituições e agride a democracia”, afirma Tebet em uma das peças.

Diante da exposição, a cúpula do MDB espera que Simone Tebet amplie sua viabilidade e tenha peso diante dos demais nomes da terceira via. A pré-candidata acredita que os índices de rejeição serão determinantes na decisão sobre a unificação das candidaturas.

"Eu sou muito pouco conhecida, mas em compensação tenho o menor índice de rejeição entre todos os pré-candidatos [à Presidência]. Lá na frente vamos ver se vamos nos unir ou não. Eu estou convicta que eu tenho condições de ser essa candidatura da convergência do centro democrático”, disse Simone durante evento da XP Investimentos.

Metodologia das pesquisas citadas na reportagem 

O levantamento do instituto Quaest, encomendado pelo Banco Genial, ouviu 2 mil entre os dias 06 e 09 de janeiro e foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00075/2022. Em fevereiro, foram ouvidos 2 mil eleitores entre os dias 03 e 06 e o registro no TSE foi feito sob o número BR- 08857/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos em ambos os levantamentos.

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