Além das redes sociais, os programas no YouTube e os podcasts nas plataformas digitais já são alternativas para as campanhas dos principais nomes da corrida presidencial deste ano. Sem regulamentação específica por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), estes formatos podem alavancar as pré-candidaturas junto ao eleitorado de forma mais segmentada, principalmente entre os mais jovens, apontam estrategistas.
"A nossa lei eleitoral fala apenas de rádio e TV. Então os políticos ficam livres para usarem esses novos formatos e assim buscam atingir novos públicos, principalmente os mais jovens, que são os principais consumidores de podcasts e de canais do YouTube", explica Luís Roberto Mirada, especialista em direito eleitoral.
Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) lançou neste ano um aplicativo onde reúne todas as informações do político e de sua família. Batizada de "Bolsonaro TV", a plataforma reúne todas as redes sociais do presidente, e segundo aliados do governo, a medida é mais uma forma de unificar a base eleitoral de Bolsonaro. Até esta segunda-feira (7), o aplicativo estava disponível apenas para celulares Android e contava com mais de 100 mil downloads.
No final de janeiro, o PDT protocolou uma medida cautelar junto ao TSE em que requer informações sobre o financiamento do Bolsonaro TV. A sigla questiona quais são os recursos usados para sua elaboração e quer saber se houve participação de empresas na fase de desenvolvimento e uso de dinheiro público. De acordo com o registro do aplicativo, o advogado Rogério Cupti de Medeiros Junior, lotado como assessor do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) seria desenvolvedor da plataforma.
Para o presidente Bolsonaro, a ação é uma "forçação de barra". “As plataformas Apple e Android autorizam [o aplicativo] de acordo com a legislação do país. É uma forçação de barra a tentativa de banir pessoas nessa plataforma”, disse o presidente durante entrevista à Jovem Pan News.
PT cria podcast para tentar atrair eleitorado evangélico para a campanha de Lula
Na busca de atrair uma fatia do eleitorado evangélico para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o PT pretende lançar no mês que vem um podcast e um programa de entrevistas destinados para este público. De acordo com integrantes do partido, a estratégia visa atrair fiéis mais jovens e a “base” das igrejas.
“Vamos procurar dialogar com o público evangélico a partir da base, sem necessariamente passar pela cúpula. Vamos levar para o podcast pessoas que pertencem a essas igrejas e estão preocupadas com a situação do país, da qual o Bolsonaro não conseguiu dar conta”, afirmou o secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto.
Em outra frente, Lula tem dedicado um espaço na sua agenda para conceder entrevistas para podcasts já consolidados nas plataformas de streaming. De acordo com o Spotify, o episódio do podcast Mano a Mano, do rapper Mano Brown, com o ex-presidente foi o mais reproduzido da plataforma de streaming no Brasil em 2021.
Já o episódio do podcast Podpah com a presença do petista bateu recorde de acessos simultâneos no YouTube e chegou a ser acompanhado por 292 mil pessoas no dia dois de dezembro do ano passado. Até o momento, o número foi o maior já registrado pelo canal.
"A comunicação é uma ferramenta fundamental e estratégica para a disputa política. Ela será uma ferramenta fundamental tanto em 2022 quanto na disputa política pós-eleições", completa Tatto.
"deMorô!", podcast de Sergio Moro vai mirar eleitorado jovem
Na esteira dos seus adversários, o pré-candidato pelo Podemos, o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro, lançou o podcast "deMorô!" no YouTube e Spotify. O primeiro episódio foi ao ar em 28 de fevereiro, quando Moro recebeu a esposa Rosângela e o médico e professor Denizar Vianna para uma conversa sobre doenças raras no Brasil. Novos episódios devem ser publicados a partir da segunda quinzena de abril.
De acordo com aliados, o objetivo do programa é atrair o eleitorado jovem e quebrar a imagem “formal e sisuda” de juiz de Sergio Moro. Nesse novo programa, Moro deixa o papel de entrevistado e passa a ser o entrevistador.
Produzido pelo marqueteiro argentino Pablo Nobel, o programa terá entrevistas com médicos, professores e outros especialistas. A ideia é que Moro apresente suas propostas de governo e promova debates com os convidados.
A estratégia faz parte do plano do marqueteiro de tornar a imagem de Moro menos formal. O pré-candidato participou de uma edição do podcast Flow, onde falou por mais de 4 horas sobre diversos temas, como seu trabalho na Lava Jato, a participação no governo Bolsonaro e também sobre ser fã de videogame e torcer para o São Paulo Futebol Clube. Até o momento, o vídeo acumula mais de 2,2 milhões de visualizações no YouTube.
Em cadeira gamer, Ciro Gomes reage a entrevistas de seus adversários
Como forma de contrapor as ideias de seus adversários, o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato pelo PDT, pretende promover vídeos de reações às entrevistas concedidas pelos demais candidatos aos podcasts. A proposta veio depois do vídeo de "react", na linguagem da internet, em que Ciro Gomes reagiu a respostas dadas por Sergio Moro ao podcast Flow.
No vídeo, que foi ao ar no canal de Ciro no YouTube e também ganhou outras redes sociais, o pedetista pegou um trecho em que o ex-juiz falava sobre a privatização da Petrobras e criou um cenário para expor sua opinião sobre o tema, em oposição a Moro. Ele encerrou sua análise com ataques ao o ex-juiz, a quem chamou de "charlatão".
Integrantes da pré-campanha de Ciro avaliam que o “react” feito com a entrevista de Moro teve boa repercussão nas redes sociais e, por isso, deve ser repetido com outros presidenciáveis. Em outra estratégia, o pedetista tem promovido semanalmente uma live em seu canal, intitulada "Ciro Games", onde promove debates sobre diversos temas de seu governo com uma linguagem voltada para o público jovem.
Em um dos episódios, Ciro Gomes aproveitou a repercussão do Big Brother Brasil (BBB), reality da TV Globo, para criticar seus adversários políticos. Na ocasião, Ciro tratou da escolha do líder, como no programa, e então falou sobre os governos Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT, Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL).
Doria usa memes para ampliar popularidade nas redes sociais
Na estratégia criada pelo especialista em mídia digital Daniel Braga, o governador de São Paulo, João Doria, pré-candidato pelo PSDB, tem usado a linguagem dos "memes" para tentar alavancar sua popularidade nas redes sociais. Em uma das publicações, o PSDB também aproveitou a repercussão do BBB e compartilhou uma imagem de Doria como participante do programa. Na imagem, o tucano era apresentado como “pai da vacina”.
O governador também tem apostado nas redes o uso de montagens debochadas como forma de rivalizar diretamente com o presidente Jair Bolsonaro. O tucano incorporou ao personagem a "calça apertada", expressão usada por Bolsonaro e seus seguidores para ironizar seus trajes.
Em uma das publicações, Doria usou um meme com Bolsonaro correndo atrás dele, imagem que costuma ser associada a pessoas com mania de perseguição. "Sai, maluco, todo dia isso", diz Doria na postagem, após Bolsonaro afirmar que ele estava "obcecado pelo poder". Outro bordão usado pelo governador é o "Vou te vacinar", em alusão à vacina do Instituto Butantan, a Coronavac, um de deus principais trunfos na disputa com o presidente.
Para Daniel Braga, que irá compor a equipe de marketing da campanha do tucano, a liberdade das redes e a interação direta com o público é uma forma rápida de falar com eleitor.
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