Candidato ao Senado nas eleições de 2022, Alvaro Dias (PODE) foi o entrevistado desta sexta-feira (23) no Meio Dia Paraná, da RPC. Entre os questionamentos feitos pelos jornalistas, estavam o voto contrário ao projeto de lei de combate à fake news e a rejeição à “CPI do MEC”, proposta na esteira de escândalo de corrupção envolvendo o Ministério da Educação, na gestão Bolsonaro. “A CPI do MEC tinha um objetivo dirigido: era para atingir a imagem de um candidato à presidência da República, do candidato à reeleição. Eu não considero isso correto”, afirmou o senador. Ele também aproveitou para rebater uma crítica comum dos adversários, sobre o longo tempo na cadeira do Legislativo. Com 77 anos de idade, ele tenta se eleger para o quinto mandato no Senado. “O Senado não é o lugar para o aprendizado, para o estagiário. O Senado é a Casa para o exercício da experiência”, defendeu ele.
“Alguns dizem que eu estou há um bom tempo lá. Realmente. Mas, que bom que é estar um bom tempo com as mãos limpas. Para poder continuar com as mãos limpas, com a mesma disposição para o trabalho, e com muita experiência”, disse Alvaro.
Cinco candidatos ao Senado pelo Paraná – entre dez inscritos na disputa – participaram de uma série de entrevistas à RPC. O critério de escolha dos candidatos foi a posição deles na pesquisa de intenção de votos feita pelo Ipec (*), encomendada pela RPC, e divulgada em 23 de agosto último. Foram entrevistados pelos jornalistas da RPC os cinco melhores colocados no levantamento – além de Alvaro, Sergio Moro (União), Rosane Ferreira (PV), Orlando Pessuti (MDB) e Paulo Martins (PL). A ordem da transmissão, com 20 minutos para cada candidato, foi definida por sorteio.
Paulo Martins foi o primeiro entrevistado, na segunda-feira (19). Pessuti falou na terça-feira (20), Rosane na quarta-feira (21) e Moro na quinta-feira (22). Também disputam a cadeira do Paraná no Senado os seguintes nomes: Aline Sleutjes (Pros), Desiree (PDT), Laerson Matias (Psol), Roberto França (PCO) e Dr Saboia (PMN).
Proposta contra Fake News
No Senado, Alvaro Dias votou contra o projeto de lei elaborado para combater a fake news e foi questionado sobre isso. Segundo ele, é preciso ser “rigoroso” contra a fake news, mas justifica que o texto que tramitava no Congresso Nacional não estava adequado. “Na época, o senhor disse que faltou debate e que poderia comprometer a liberdade de expressão. O senhor não acha que liberdade de expressão e opinião são uma coisa, e mentira é outra coisa?”, perguntaram os jornalistas. “Nós precisamos debater este assunto e elaborar projetos que possam significar referência internacional, como já fizemos em outras áreas. E o projeto que estava no Senado foi apressado. Eu entendi que deveria aguardar o retorno da Câmara para realmente propor ao país uma boa lei”, disse ele.
“Normalmente, nós somos acusados de legislar mal, e muitas vezes com razão. O Senado é a Casa revisora, o projeto voltaria. Por isso votei contra, porque ele tinha falhas. E eu assumi um compromisso comigo mesmo de votar só aquilo que está correto, do ponto de vista técnico e, sobretudo, em relação ao resultado que apresentará a proposta. De nada adianta vender ilusões, aprovando uma má lei”, continuou o candidato.
Alvaro aproveitou para reclamar que “somos vítimas constantemente” de fake news e que há “vídeos patéticos, hilários, tentando desconstruir a imagem de candidatos, no Brasil todo, sem dúvida um escárnio à inteligência das pessoas”.
Sem assinatura na CPI do MEC
O candidato à reeleição também foi questionado sobre o fato de não ter assinado a CPI do MEC, já que ele próprio lembra que “assinei todas as CPIs durante minha trajetória toda, inclusive para investigar corrupção no governo do meu próprio partido”. Mas, sobre a CPI do MEC, Alvaro Dias defende que “não era o momento”. “A CPI deve ser instalada para provocar o Ministério Público a instaurar procedimentos para a investigação. Neste caso, o MP já estava investigando. A Polícia Federal já estava investigando, inclusive prendendo. O Supremo Tribunal Federal já tinha determinado investigação. A AGU já estava agindo. O próprio Tribunal de Contas da União já estava agindo. Ou seja, todos os instrumentos responsáveis pela investigação já estavam atuando, com competência”, justificou ele.
Ainda segundo Alvaro, a CPI do MEC viraria “palanque eleitoral”. “Tinha um objetivo dirigido: era para atingir a imagem de um candidato à presidência da República, do candidato à reeleição. Eu não considero isso correto. Uma CPI para dar visibilidade a alguns e terminar numa grande pizza. O que tinha que ser investigado e revelado, o MP e a PF já estavam fazendo. A CPI não teria condição de fazer nada além do que a PF já tinha feito”, afirmou ele.
Alvaro argumenta ainda que CPI é ferramenta importante para o Legislativo, mas não pode ser banalizada: “É uma responsabilidade nossa fiscalizar o Poder Executivo, mas não é desta forma, com palanque eleitoreiro, que nós vamos valorizar o instituto da CPI”.
(*) A pesquisa eleitoral encomendada pela RPC TV para o Ipec entrevistou 1,2 mil pessoas, entre os dias 19 e 21 de agosto, em 57 municípios paranaenses. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR‐05619/2022; e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código PR‐07859/2022.
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