Candidato à reeleição em 2022, o senador pelo Paraná Alvaro Dias (PODE) resolveu partir para o contra-ataque, durante uma transmissão ao vivo nesta terça-feira (27), via Facebook. Durante mais de 50 minutos, o candidato respondeu a críticas que recebeu ao longo da campanha e falou de projetos defendidos e aprovados no Legislativo. Parte da fala, contudo, foi dedicada a rebater declarações de Sergio Moro (União), seu adversário nas urnas. Alvaro não citou nomes, mas deu recados diretos ao ex-correligionário, a quem chamou de “Pinóquio novo na política”. “Vamos parar de brincadeira porque política é coisa séria. Está certo que estagiário comete erro. E erro é perdoável. Mas, agressão à inteligência das pessoas, não”, ironiza Alvaro, no vídeo.
O candidato do Podemos se refere ao fato de Moro tentar associá-lo “ao PT e à esquerda”. O ex-juiz federal tem reforçado que Alvaro possui o apoio do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e que o senador é “o verdadeiro candidato do PT”. “Tem um candidato aí que diz que eu fiz um acordo secreto com o socialismo. Porque eu tenho apoio aqui no Paraná do PSB, que é do Luciano Ducci. Luciano Ducci é uma pessoa honrada, ficha limpa, foi prefeito de Curitiba, e hoje é presidente do PSB no Paraná. Muita honra para mim ter o apoio do Luciano Ducci”, afirma Alvaro, que é sustentado pela coligação "Por Amor ao Paraná", reunindo, além do PODE e do PSB, também o Patriota, a Federação PSDB/Cidadania e o PSC.
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“Que barbaridade, que feio. O cara quer ser senador brincando com a inteligência das pessoas. Diz que, para derrubar a esquerda, tem que votar nele. Que bonito, né? Ele teve oportunidade de esmagar políticos corruptos e fez tudo errado”, alfineta o senador, que, até aqui, tinha publicamente evitado bater de frente com o ex-correligionário. Antes aliados, Alvaro e Moro romperam no final de março, quando o segundo optou por se filiar ao União Brasil.
Alvaro acrescenta que a associação que Moro tenta fazer é “um insulto aos eleitores do Paraná”, que “não são idiotas e sabem muito bem o que fazer no dia 2”. “Não dizem que estou há muito tempo [na política]? Então há muito tempo o povo me conhece. Sabe o que eu faço, sabe o que eu fiz, sabe qual foi o meu comportamento, sabe o que eu penso. Eu às vezes tenho até dificuldade de fazer campanha porque acho que estou me tornando repetitivo em dizer certas coisas”, argumenta ele.
Durante as gestões petistas no governo federal, Alvaro se tornou uma das principais vozes da oposição, especialmente no período em que esteve filiado ao PSDB. Já durante a gestão Bolsonaro, admite que não está na bancada de oposição, mas pondera que tem votado "com independência" no Senado.
Embora o PODE esteja na aliança que respalda a candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Planalto, Alvaro tem evitado falar de presidenciáveis na campanha. Em recentes declarações, contudo, já fez acenos discretos tanto a Lula (PT) quanto a Bolsonaro (PL). No Paraná, Alvaro é simpático à reeleição de Ratinho Junior (PSD), embora não tenha conseguido o apoio do governador à sua candidatura. Ratinho Junior e Bolsonaro defendem o nome de Paulo Martins (PL) ao Senado.
“Eu quero voto de todo lado. Da esquerda, da direita, do centro, de cima, de baixo, de todo mundo. Todo voto me honra muito. Não insulte os paranaenses com esta conversa fiada”, declara ele, ainda sobre as falas de Moro.
Em outros momentos da live, Alvaro fez novas indiretas a Moro, relembrando polêmicas como a do domicílio eleitoral e a do auxílio-moradia. Também ironizou o discurso da “renovação política”, em resposta a críticas que recebe pelo tempo de Senado. “Renovação política é um discurso velho. Desde que eu me entendo por gente, eu escuto isso. E é falacioso. Tem alguns que tem cara nova e por dentro é uma velharia, uma lata velha”, responde ele, que soma 44 anos de mandatos eletivos. “Ganhei 9 eleições. Eu não fui nomeado. Eu sempre fui eleito. E alguns acham que isso é demérito”, diz ele.
Alvaro ainda fez críticas ao debate promovido pela Gazeta do Povo na noite de segunda-feira (26). “Na verdade, colocaram lá um ringue para que os candidatos ao Senado pudessem se digladiar, um contra o outro. Eu tinha um compromisso de jantar lá no Madalosso, com o candidato Paulo Rossi. Não participei desta brincadeira”, diz ele. Entre os oito candidatos convidados, Alvaro foi o único ausente, fato lembrado e criticado pelos adversários durante o encontro.
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