A candidata ao governo do Paraná pela Federação Psol/Rede Sustentabilidade, Professora Angela, foi a entrevistada do jornal Meio-Dia Paraná, da RPC, nesta sexta-feira (16). Em 20 minutos a candidata respondeu perguntas sobre emprego, educação, segurança e fez uma série de críticas ao atual governador e candidato a reeleição Ratinho Junior (PSD).
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A candidata começou a entrevista se apresentando ao eleitorado. “Sou a Professora Angela, professora da rede pública estadual, casada, mãe de três filhos que estudam nas escolas estaduais do Paraná”. Em seguida, na mesma resposta, fez críticas à entrevista concedida por Ratinho Junior ao Meio-Dia Paraná de quinta-feira (15). “Eu não poderia começar essa entrevista sem dizer que o Ratinho Junior tem que lavar a boca para falar dos servidores públicos, para falar dos trabalhadores da educação. Ontem, aqui nessa poltrona, ele falou que têm servidores que falsificam atestado, que muitas vezes não estão doentes e que tudo isso onera o estado”, disse a candidata afirmando que a atual administração estadual é a responsável pelo adoecimento dos servidores da educação.
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“Eu quero dizer que é ele [Ratinho Junior] que adoece a educação, ele que não pensa no futuro dos nossos jovens, dos nossos adolescentes. Então quero dizer que ele cumpra o seu papel e não adoeça os servidores, e só assim ele vai poder falar da educação com dignidade”.
Questionada pelos jornalistas da RPC sobre o trecho em seu plano de que governo em que diz que, se eleita, seu governo teria “um lado”, a candidata do Psol justificou a proposta afirmando que a administração pública no Paraná “sempre pensa nos grandes”. “Se pensa nos grandes empresários, se pensa nos grandes produtores rurais, no agronegócio, e não se faz um governo voltado para os debaixo”.
Professora Angela justificou ainda sua proposta dizendo que seu governo seria voltado para a classe trabalhadora, mulheres, LBTQIA+, negritude e juventude, para os ribeirinhos, indígenas e quilombolas. “São essas pessoas que vão ser o centro das atenções no nosso governo”, explicou.
“Não governar para todos é porque eu sei que o agronegócio, esse grande empresário, que está tendo várias isenções fiscais, não vai votar em mim. Então eu sei que a nossa política não vai ser voltada para eles. Eles vão ter que se adequar às regras para eles poderem continuar fazendo o que fazem no estado. Por exemplo, as grande indústrias vão ter que ter compromisso com reuso de água, não vão ter a mesma isenção de impostos que elas têm, as grandes empresas, as multinacionais”.
Ainda justificando sua proposta de governar para 99% da população, a candidata criticou a política de isenção de impostos do atual governo que, segundo ela, beneficia as grandes empresas presentes no Paraná. “Enquanto nós tivemos milhares de pequenos e médios comerciantes, produtores fechando as portas, falindo durante a pandemia... Então, quando eu digo que é para os 99%, é porque o nosso foco vai ser nesses 99%, que, historicamente, não tiveram vez e voz nos governos”.
Transformar o Paraná em um “garantidor” de empregos
Sobre a proposta de transformar o Paraná em um “garantidor” de empregos, a candidata explicou que a ideia é desenvolver obras públicas e “ações para gerar empregos”. Segundo ela, esse plano proporcionaria ao trabalhador direitos trabalhistas que são deixados de lado no que chamou de “subempregos” e “empregos informais”.
“O Ratinho Junior fala, por exemplo, orgulhosamente, que o Paraná aumentou bastante o número de empregos, que hoje diminuiu o número de desempregados no Paraná, só que o que ele não fala é que 50% da população paranaense ganha até um salário mínimo, e quem sobrevive hoje com essa carestia com um salário mínimo? Quem que consegue ir no mercado e sair de lá tranquilamente ganhando um salário mínimo?”.
Questionada se esses trabalhadores seriam contratados pelo estado, a candidata explicou que seu governo investirá em obras públicas, mas também na agricultura familiar e em pequenos e médios negócios, os quais, segundo ela, são responsáveis por 90% dos empregos no Paraná. “Tudo isso vai garantir pleno emprego, não é apenas emprego público”, explicou.
“Pleno emprego não é só emprego público, são várias formas de incentivar que, tanto no comércio, como na agricultura, nas cooperativas, que tenha emprego para os paranaenses”.
Investir em educação para elevar IDH e desenvolvimento regional sustentável
A candidata do Psol afirmou que, se eleita, vai priorizar investimentos nas áreas da educação, saúde, segurança, invertendo a lógica, segundo afirmou, aplicada pelos governos anteriores. “Nós temos grandes desigualdades regionais no Paraná. Os governos que têm passado, o atual governo, se preocupa em fazer grandes obras públicas, como por exemplo a engorda da orla de Matinhos, que gasta milhões, e assim ele inverte prioridades”, criticou.
“Quando você prioriza grandes obras e não olha para coisas que são essenciais na vida dos paranaenses é claro que vão ter todas essas desigualdades. E a educação, para nós, é fundamental. Eu, como professora, é logico que vamos tentar fazer com que todos os municípios que têm menos recursos, sejam atendidos”.
Psicólogos e assistentes sociais nas escolas contra evasão
Questionada qual seria a solução proposta por seu governo, se eleita, para combater a evasão escolar, Professora Angela afirmou que a militarização das escolas estaduais não é o caminho. Segundo ela a solução seria contratar psicólogos e assistentes sociais para trabalhar junto com as equipes pedagógicas para entender os motivos que levam os alunos a deixarem à escola.
“As pessoas ficaram com a falsa ideia de que as escolas militarizadas teriam a qualidade de um Colégio Militar aqui de Curitiba, e que não é verdade, passa muito longe disso. [...] São apenas militares, na maioria deles, aposentados, que estão nas escolas para tentar cuidar da disciplina. E nós alertávamos que o que a escola precisa é de assistentes sociais, de psicólogos. Esses profissionais ajudariam a entender a raiz desses problemas: porque o aluno está faltando? O que faz com que ele não frequente a escola? Então nós precisamos entender e combater a raiz desse problema, para daí solucionar esse grande problema que é a razão escolar”.
Policiais militares sindicalizados e segurança pública humanizada
Questionada sobre a proposta do plano de governo para a desmilitarização da Polícia Militar, a candidata respondeu que a proposta tem como objetivo diminuir a desigualdade salarial entre oficiais de baixa e alta patente e garantir que “os policiais tenham direito de se sindicalizar, ter suas associações, que sejam tratados como um trabalhador com direitos trabalhistas e de poder fazer suas reivindicações, que hoje eles não podem, isso é uma ação desmilitarizante”.
Professora Angela afirmou que, se eleita, irá desenvolver parcerias com municípios e universidades para promover o que chamou de “uma segurança pública que seja mais humanizada, que respeite os direitos humanos” para guardas municipais.
“Nós temos municípios que têm um policial militar. Mesmo que sejam uma cidade pequena, todas precisam ser atendidas. A pessoa não tem onde reclamar, por exemplo, de violência doméstica, em muitas cidades. A pessoa não tem onde reclamar de abuso sexual. Então, tendo a guarda, nós temos a certeza que vai atender com muito mais qualidade a população”.
Em suas considerações finais, a candidata do Psol convocou os eleitores para conhecer as propostas do partido em suas redes sociais. “A minha candidatura não é de mim mesma, é de um grupo de pessoas que pensam que o Paraná pode ser diferente, pode ser pensado para as pessoas, para os debaixo, para os trabalhadores, para as mulheres, para a juventude, para os LGBTQIA+, para a negritude. Essas pessoas é que vão ser o centro do debate, então conheçam o nosso programa, que chama ‘O Paraná para a gente’”.
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