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Segundo turno da eleição para presidente em Curitiba. #voto #cabine #justificativa #eleitoral #urna #biometria
Eleições de 2018: paranaenses não lembram em quem votaram para deputado.| Foto: Aniele Nascimento/Arquivo/Gazeta do Povo

Um levantamento feito pelo Instituto Opinião no fim de agosto aponta que 55% do eleitorado paranaense não lembra o nome dos candidatos a deputado estadual em que votaram em 2018, contra 36% que afirmaram lembrar o nome dos candidatos. Outros 5% disseram não ter votado, enquanto 4% afirmaram ter votado em branco ou nulo.

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O motivo para o esquecimento pode estar relacionado a desinteresse pela política, principalmente pela atuação dos políticos que ocupam os cargos legislativos, como deputados e senadores. E pode trazer impactos negativos.

“O reflexo é: se o eleitor não se recorda em quem votou, como ele vai acompanhar a atuação desse parlamentar caso ele tenha sido eleito?", questiona Daniela Drummond, doutora em Ciência Política e pesquisadora do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

"A democracia brasileira é muito jovem, pouco mais de 30 anos, e em processo de consolidação e recentemente ameaçada; então, é fundamental que as pessoas se conscientizem do seu poder de ação, mobilização e cobrança como cidadão”, complementa.

Diferente da escolha dos votos para cargos do Executivo, prefeito e presidente, para o qual o eleitor já está mais familiarizado com os candidatos, a escolha dos nomes para cargos do Poder Legislativo acaba ficando em segundo plano e isso também pode refletir na falta de identificação e o consequente esquecimento do eleitor.

“As pessoas justificam como falta de tempo e não têm o hábito de acompanhar o mandato do candidato que votaram após eleito ou mesmo a atuação do partido que ele faz parte, por isso se esquecem. Muitas vezes, também, para os cargos legislativos o eleitor escolhe em quem vai votar pela indicação de alguém de confiança, seja um amigo, algum familiar, então ele vota e logo se esquece em quem votou”, destaca a pesquisadora.

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Ela observa ainda que a falta de interesse pela política acaba afastando o eleitor da compreensão sobre a importância do voto para cargos legislativos, que são responsáveis pela aprovação de leis que impactam diretamente em toda a sociedade. “Não sabe diferenciar os espectros ideológicos esquerda, centro e direita; a linha de atuação de um candidato depende da sua ideologia e do seu partido, por isso é importante que as pessoas aprendam e se interessem por política”.

Esquecimento enfraquece alternância de poder

Há um outro fator importante que pesa nessa "amnésia eleitoral". A falta de interesse e as decepções do eleitor com a política contribuem para a proliferação do voto espontâneo, aquele escolhido em cima da hora - sem pesquisa ou conhecimento mais aprofundado do candidato. Essa atitude, comum entre parte dos eleitores brasileiros, contribui para eleições de nomes já consolidados no imaginário do eleitorado.

É o que explica o professor de Comunicação e Marketing Pessoal do Candidato, Achiles Junior. “Quando chega próximo ao período da eleição, os brasileiros, mesmo dando cada vez mais atenção para a política, ainda procrastinam muito. Deixam para escolher o candidato na última hora e acabam votando por impulso”, explica Achiles, que é doutor em Tecnologia e Sociedade e Mestre em Gestão de Negócios.

O professor reforça que esse comportamento do eleitor, aliado ao medo de “perder” o voto é prejudicial à democracia. “Isso está mudando, estamos aprendendo a votar, é um caminho longo até termos uma consciência da relevância do voto”, destaca.

“Esse esquecimento acaba impactando os candidatos. Mesmo aqueles que acabam se envolvendo em algum tipo de polêmica conseguem ter uma votação igual ou até maior no segundo pleito. Muitas vezes não entendemos, mas é porque a maioria dos eleitores esquece dos fatos e acaba votando naquele em quem tem mais familiaridade”.

Fruto, novamente, da falta de acesso à informação e do baixo interesse de parte dos eleitores pela política. “Às vezes um candidato se envolve em alguma polêmica em Curitiba, por exemplo, mas no interior do estado essa informação não chega com o mesmo peso que aqui e isso gera um esquecimento no eleitor. Na hora de votar ele acaba escolhendo o candidato que está mais presente no seu imaginário, esquecendo as polêmicas”.

57% dos entrevistados dizem confiar nas urnas eletrônicas

A pesquisa também revelou que a maioria dos paranaenses diz confiar nas urnas eletrônicas. Quando perguntados “sobre o sistema de votação e as urnas eletrônicas, você diria que: confia, confia muito ou não confia?”, 57% dos entrevistados disseram confiar nas urnas eletrônicas. Outros 18% disseram confiar muito.

Apenas 24% dos entrevistados afirmaram não confiar no sistema eleitoral brasileiro. 2% não souberam ou não opinaram.

Para 81% dos entrevistados a democracia é a melhor forma de governo

Os pesquisadores também perguntaram aos eleitores qual era a melhor forma de governo. Para a grande maioria, 81% dos entrevistados, a democracia é a melhor forma de governo.

Para 6% dos eleitores entrevistados “tanto faz se é uma democracia ou uma ditadura”; 3% disseram que “em certas circunstâncias é melhor uma ditadura do que um regime democrático”; e 9% não souberam ou não quiseram opinar.

A pesquisa também perguntou se os eleitores deixaram de conversar com amigos ou familiares sobre política para evitar discussões. A resposta "não" foi a mais repetida, por 52% dos entrevistados. No entanto, 46% afirmaram ter deixado de falar sobre política para evitar discussões. Somente 2% não souberam ou não opinaram.

Os entrevistados também foram questionados se receberam algum tipo de ameaça física ou verbal nos últimos anos por causa do seu posicionamento político. Mais uma vez, a resposta negativa liderou o estudo: 83%. Admitiram problemas 16% dos que participaram do levantamento. Um número bem restrito, de 1%, não soube ou não opinou sobre o tema.

A maioria dos entrevistados, 51%, também discorda que a posse e porte de armas de fogo tornam a sociedade brasileira mais segura, contra 38% de posição contrária (a favor do armamento). O grupo dos que não concordam nem discordam é de 8%; e dos que não sabem ou não opinaram, 3%.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa eleitoral feita com recursos próprios pelo Instituto Opinião entrevistou 1,2 mil pessoas, em 52 municípios, entre os dias 28 e 30 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com os números PR-09894/2022 e BR-03073/2022.

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