Eleito senador pelo Paraná neste domingo (2), Sergio Fernando Moro nasceu em Maringá e tem 50 anos de idade. Filiado ao União Brasil, Moro venceu sua primeira disputa nas urnas. Ele é casado e tem dois filhos. Sua esposa, a advogada Rosângela Moro, foi eleita deputada federal por São Paulo, também filiada ao União Brasil.
Moro se formou em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), também fez mestrado e doutorado. Na UFPR, acabou atuando como professor na área de Direito Penal. Se tornou juiz federal em 1996, e esteve à frente da condução de processos ligados a escândalos como Caso Banestado e Lava Jato.
Abandonou a magistratura no final de 2018, quando já era nacionalmente conhecido pelos julgamentos ligados à Lava Jato: atendendo a um convite de Jair Bolsonaro, se tornou ministro da Justiça. À frente da pasta, permaneceu apenas entre janeiro de 2019 e abril de 2020. Pediu demissão alegando que o presidente Bolsonaro interferia de forma indevida no trabalho da Polícia Federal.
Mas, ao longo da campanha eleitoral, Moro se esquivou sobre o tema e, apesar do rompimento no passado com o chefe do Executivo, fez acenos claros ao eleitorado de Bolsonaro, priorizando a bandeira anti-PT. “Eu tenho divergências importantes com Bolsonaro. Mas tenho mais convergências”, declarou Moro, em entrevista recente.
Trajetória
Moro se tornou conhecido nacionalmente ao julgar processos da Operação Lava Jato quando era juiz federal da 13ª Vara Criminal de Curitiba, entre 2014 e 2018. Foi ele quem condenou, em primeira instância, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá – processo que depois foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). No período, ele descartava entrar para a política.
Mas, Moro aceitou o convite de Jair Bolsonaro (PL), eleito em 2018 à presidência da República, para ser ministro da Justiça e Segurança Pública. No comando da pasta, ele destaca a transferência de líderes de facções criminosas para presídios federais. Seu “pacote anticrime”, contudo, acabou modificado no Congresso Nacional – ele defendia, por exemplo, a prisão já após condenação em segunda instância.
O ex-juiz federal deixou o governo Bolsonaro em abril de 2020, depois de entrar em rota de colisão com o presidente por causa da troca no comando da Polícia Federal e mudanças na Receita Federal e no Coaf – órgão de inteligência que detecta movimentações suspeitas de lavagem de dinheiro. Moro ainda acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal para blindar sua família de investigações sobre suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Bolsonaro nega as acusações e afirma que Moro é “traidor”.
Quando ainda era ministro de Bolsonaro, Moro sofreu um forte desgaste, a partir do vazamento de conversas entre ele e o então coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol. A troca de mensagens, obtidas a partir de um ataque hacker ao aplicativo Telegram, lançou dúvidas sobre a imparcialidade de Moro no papel de juiz federal.
Na época, ele declarou que não reconhecia a autenticidade das mensagens, mas que, ainda que fossem verdadeiras, não haveria ilegalidades no conteúdo. Posteriormente, as conversas influenciaram a decisão do STF para declarar a imparcialidade de Moro no julgamento de Lula no caso do tríplex do Guarujá.
Depois de sair do governo Bolsonaro, Moro trabalhou como diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal por um ano. Ao voltar ao Brasil, se filiou ao Podemos, partido que planejava lançá-lo como candidato à presidência da República. Mas, uma semana antes do fim do prazo para trocas partidárias, Moro anunciou que estava saindo do Podemos para se filiar ao União Brasil.
Como foi a campanha
De 2018 para cá, a trajetória política de Moro foi tumultuada, incluindo a costura para se lançar candidato ao Senado pelo Paraná. Já fora do governo Bolsonaro, Moro se filiou ao Podemos de Alvaro Dias, de olho na disputa ao Planalto. Mas, perto do prazo final para trocas partidárias, Moro abandonou o Podemos, anunciando filiação ao União Brasil. A mudança pegou aliados do Podemos de surpresa.
No União Brasil, Moro não conseguiu espaço para manter uma candidatura à presidência da República. Também chegou a pedir uma mudança de domicílio eleitoral – de Curitiba para São Paulo -, mas a Justiça Eleitoral barrou a troca.
Já inscrito na disputa ao Senado pelo Paraná, Moro passou parte da campanha se defendendo das críticas dos adversários sobre a tentativa de mudar o domicílio eleitoral. Mas, a principal bandeira da sua campanha foi o ataque ao PT e a Lula. “Minha candidatura é de centro-direita, de combate à corrupção e de defesa da Lava Jato”, reforçou ele, ao longo do último mês.
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