Candidato ao Senado nas eleições de 2022, Orlando Pessuti (MDB) foi o entrevistado desta terça-feira (20) no Meio Dia Paraná, da RPC. Ele foi questionado sobre assuntos como financiamento público de campanha eleitoral, e aproveitou para defender o retorno da arrecadação junto a empresas. Ele explicou ainda que defende o fim da reeleição para cargos do Poder Executivo e também o fim da figura do suplente de senador. O ex-governador do Paraná ainda criticou o orçamento secreto – “coisa escabrosa” – e a gestão Bolsonaro na presidência da República – “ele está refém do Centrão”.
Cinco candidatos ao Senado pelo Paraná – entre dez inscritos na disputa – participam de uma série de entrevistas à RPC. O critério de escolha dos candidatos foi a posição deles na pesquisa de intenção de votos feita pelo Ipec (*), encomendada pela RPC, e divulgada em 23 de agosto último. Os cinco melhores colocados no levantamento – além de Pessuti, Paulo Martins (PL), Rosane Ferreira (PV), Sergio Moro (União) e Alvaro Dias (PODE) - serão entrevistados por jornalistas da RPC. A ordem da transmissão, com 20 minutos para cada candidato, foi definida por sorteio. Paulo Martins já foi entrevistado, na segunda-feira (19). Também disputam a cadeira do Paraná no Senado os seguintes nomes: Aline Sleutjes (Pros), Desiree (PDT), Laerson Matias (Psol), Roberto França (PCO) e Dr Saboia (PMN).
Financiamento de campanha
Questionado sobre financiamento de campanha eleitoral, Pessuti afirmou que defende o retorno do dinheiro privado e que o financiamento público, via Fundo Eleitoral, não o beneficiou. “Até agora eu não tive uma doação física sequer para a minha campanha. Recebi quase R$ 1,5 milhão de Fundo Eleitoral, que é um valor pequeno para campanha de senador. E só estou recebendo este valor porque minha suplente é uma mulher afrodescendente. Caso contrário, eu teria apenas R$ 500 mil. Hoje você não consegue arrecadar e os detentores de mandato é que ficam com o maior volume de dinheiro do Fundo Eleitoral”, reclamou o emedebista. “Eu quero voltar ao financiamento privado, com todo um regramento e controle. Uso agora [o dinheiro público, do Fundo Eleitoral] porque não tenho outra alternativa para fazer minha campanha”, afirmou ele.
Fim da reeleição e dos suplentes
Ainda no campo da reforma política e eleitoral, Pessuti também propôs o fim da reeleição de prefeitos, governadores e presidentes. “Na maioria das vezes, a pessoa se elege e imediatamente já começa a trabalhar pensando na sua reeleição. E aí sai do foco principal, que é o programa que propôs na eleição”, criticou ele, acrescentando que, no Paraná, “Ratinho Junior está fazendo um bom governo”, mas, criticou o atual chefe do Planalto. “A nível nacional, Bolsonaro acabou refém do Centrão e de outros setores do Congresso Nacional para buscar a reeleição”, afirmou ele.
Pessuti também disse que é favorável ao fim dos suplentes dos senadores. “O segundo candidato a senador mais votado deveria ser o primeiro suplente e assim por diante. Porque tem muitas barganhas da hora de escolher suplentes. Ou coloca a mãe, a tia, um filho, uma irmã. Eu coloquei dois suplentes que tem vivências na vida pública”, afirmou Pessuti. Seu primeiro suplente é o empresário Claudio Quadri (MDB), que já foi três vezes prefeito da cidade de Capitão Leônidas Marques. A segunda suplente de Pessuti é a atual presidente da Câmara de Pontal do Paraná, a vereadora Nega Borges (MDB).
Atuação no Senado
O candidato do MDB também defende que tem condições para contribuir com o avanço de reformas relevantes, como a tributária. “Precisa de um trabalho de convencimento dos senadores. Sempre tive facilidade em argumentar e agregar companheiros e companheiras para deliberar sobre assuntos estratégicos. Tenho uma história de articulação e diálogo”, afirmou ele, lembrando que, no currículo, possui “cinco mandatos como deputado estadual, sete anos como vice-governador, um ano como governador, fui secretário da Agricultura, diretor do BRDE”.
ICMS e orçamento secreto
O candidato ao Senado pelo MDB também foi questionado na RPC sobre a regra que atrelou o repasse de ICMS aos municípios a indicadores educacionais. “Por um determinado período, eu adotaria uma sistemática de compensação [da redução do ICMS]. E, depois de um determinado prazo, isso seria tirado”, sugeriu Pessuti. Questionado sobre a fonte de recursos para colocar em prática a compensação financeira, o emedebista afirmou que o próprio Tesouro tem condições de assumir isso. “É fazer ajustes. Até furar o teto foi possível furar. Recursos existem. Se tem dinheiro para fazer orçamento secreto, então tem dinheiro para compensar municípios que eventualmente perderem receita do ICMS”, criticou ele. Pessuti afirmou que o orçamento secreto adotado pela atual legislatura é uma “coisa escabrosa” e que, se eleito, não pretende utilizar “nem orçamento secreto, nem emenda PIX”.
Agronegócio e desmatamento
Ao final da entrevista, Pessuti também reforçou que se coloca como um representante do agronegócio e que os “eleitores do Paraná não estão satisfeitos com os nossos atuais senadores”. “Dos dez candidatos ao Senado, somente eu e a colega candidata Aline Sleutjes somos representantes do agronegócio. Desde que o Osmar Dias saiu de lá, o Paraná, que é o estado mais importante do agronegócio, não tem um representante”, afirmou ele, que em seguida foi questionado sobre desmatamento.
“Congresso europeu aprovou uma resolução que dificulta a importação de produtos que vem de áreas desmatadas. De acordo com a ONG SOS Mata Atlântica, o Paraná foi o terceiro estado brasileiro que mais desmatou áreas de Mata Atlântica no primeiro semestre deste ano. Como equilibrar produção agrícola e a preservação do meio ambiente para que o Paraná se mantenha como um grande exportador para o mercado europeu?”, questionaram os jornalistas. Em sua resposta, o emedebista afirmou que “temos que ter juízo, consciência e ação” e disse que, ao longo dos seus cargos públicos, apresentou “diversos projetos que cuidavam destas questões ambientais”. “Aqueles que não respeitam a legislação ambiental têm que ser multados e punidos. Mas precisamos trabalhar de forma harmônica, porque não se pode deixar de produzir alimento. Sem comida, não se vive. Sem ar e água limpa, também não se vive”, concluiu o candidato.
(*) A pesquisa eleitoral encomendada pela RPC TV para o Ipec entrevistou 1,2 mil pessoas, entre os dias 19 e 21 de agosto, em 57 municípios paranaenses. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o código BR‐05619/2022; e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o código PR‐07859/2022.
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