A Gazeta do Povo fez uma série de entrevistas com os candidatos que nas eleições de 2022 disputam a cadeira do Paraná no Senado Federal. Foram feitas as mesmas perguntas a todos os concorrentes, que puderam responder por escrito, dentro de um limite máximo de caracteres previamente informado aos candidatos. Entre os 10 candidatos, apenas Alvaro Dias (PODE) não participou da série – o candidato alegou falta de tempo para responder às questões. Nesta terça-feira (20), a Gazeta do Povo traz as respostas dos candidatos sobre o assunto privatização. Confira:
Como se posiciona em relação a privatizações de estatais?
Aline Sleutjes (Pros): Entre os anos 1930 e 1980, o Brasil vivenciou um longo período de industrialização. Isso, em grande parte pelo papel ativo do Estado na formação dessa economia industrial. Porém, isso mudou na década de 90, com a tendência do liberalismo econômico e o controle do Estado apenas sobre as atividades dos setores absolutamente essenciais para o bem público. Portanto, vemos na atualidade a busca da redução da interferência e intervenção do Estado na economia. As atividades que necessitam da intervenção estatal são somente a segurança, educação, saúde e assistência social. Quanto mais enxuta a máquina, maiores são os recursos que podem ser destinados às políticas públicas, melhorando a qualidade de vida de todos.
Desiree Salgado (PDT): Nem Estado nem mercado são sempre eficientes. É preciso analisar cada caso com esmero, sempre tendo em vista o melhor atendimento dos direitos das pessoas e a melhor prestação de serviços. A febre privatizante de alguns governantes não é novidade – e também não é fórmula de sucesso para os governos. O Estado deve ser suficiente. Muitas estatais cumprem papel estratégico, com prestação de serviços ou recursos sem a busca de lucro (chegando a locais em que a iniciativa privada não teria interesse, justamente por não ser lucrativo), e por garantirem a soberania nacional. Não é à toa que a França está estatizando sua empresa de energia ou que há tantos casos de remunicipalização de sistemas de saneamento.
Dr Carlos Saboia (PMN): Importantíssimo. Estatal é cabide de emprego, principalmente para pessoas com má intenção. Não tem cabimento manter estatais. Esse é o princípio básico da democracia americana, por exemplo. Eu não estou criando nada, estou apenas me espelhando num modelo que é bem-sucedido.
Laerson Matias (Psol): Não há razão nenhuma para privatizar estatais e empresas públicas. As estatais cumprem um papel importante, como faz o Banco do Brasil, a Caixa Econômica e os Correios, que garantem serviços do Oiapoque ao Chuí. Temos visto a importância da Petrobras no controle dos combustíveis. Até recentemente estávamos submetidos aos preços de mercado para os combustíveis e ninguém suportava mais os preços. O preço do diesel tem sufocando a economia e implicado em carestia de vida. Os trabalhadores brasileiros estão sendo humilhados nos corredores dos mercados, buscando produtos de baixa qualidade e reduzindo o consumo básico. Eu sou defensor das estatais, das universidades públicas, das empresas públicas.
Orlando Pessuti (MDB): Essa é uma questão que precisa ser analisada caso a caso. Existem estatais que funcionam muito bem como empresas públicas e não precisariam ser privatizadas. E há as estatais que prestam serviços que a iniciativa privada poderia cuidar até com mais eficiência. Nesse caso, a privatização seria indicada. Não sou daqueles que pregam o Estado máximo. Nem defendo o Estado mínimo. Devemos busca o Estado ideal, onde cabem tanto uma quanto a outra prática. Não sou favorável, por exemplo, à privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e da Eletrobrás. Há setores dentro de cada uma dessas estatais que podem e devem der privatizadas, mas sou contrário à privatização total delas.
Paulo Martins (PL): Totalmente favorável. O estado não precisa ter correios, refinarias ou 700 mil imóveis. Não faz sentido. Isso só gera uma prestação de serviço ruim para a população. É a verdadeira imagem do atraso. E o país todo paga a conta. Além disso, quanto mais empresas estatais, mais chances de corrupção. Veja a o que houve com a Petrobras e o petrolão. Sempre cito que, quanto mais torneiras, maiores as chances de vazamentos. O estado não precisa ser “tocador de negócios”. O estado precisa dar condições para que os empresários, e empreendedores toquem os seus negócios, sem burocracia, gerem renda, riqueza, abram postos de trabalho. É assim que vamos seguir crescendo e melhorando a vida do cidadão.
Roberto França (PCO): Devemos unificar os trabalhadores das estatais para barrar, com greves e ocupações, as privatizações dos Correios, Eletrobrás, Petrobras, CEF, portos, etc; cancelamento de todas as privatizações realizadas (Vale, companhias energéticas, bancos, telefonia, etc); cancelamento de todos os leilões do petróleo brasileiro; nacionalização e estatização, sem indenização, de todas as reservas, refinarias, etc, entregues aos tubarões internacionais; reestatização da Petrobras, 100% nas mãos do Estado e sob o controle dos trabalhadores, com eleição de todos os seus postos de direção pelos trabalhadores.
Rosane Ferreira (PV): Somos contrárias. Estatais não impedem que a iniciativa privada atue no país. Pelo contrário, dinamizam a economia e são uma grande fonte de renda, desenvolvimento e inovação tecnológica. Estamos entregando nosso patrimônio, incluindo ativos estratégicos que qualquer país sério jamais privatizaria. O resultado é a perda gradual da nossa soberania, como no caso da venda da Eletrobras, com a redução da taxa de investimento em serviços essenciais. A população pagará cada vez mais caro para sustentar os lucros de acionistas. O lucro é de poucos e o prejuízo é de todos. A maior parte do mundo desenvolvido está reestatizando empresas estratégicas e nós caminhamos no sentido inverso.
Sergio Moro (União): Sou favorável à desestatização e abertura do capital de empresas estatais, não só para garantir que possamos aliviar a máquina pública em investimentos direto para essas empresas, mas para trazer melhorias na vida do cidadão. Além disso, é fato exposto pelo nosso trabalho na Lava Jato que essas empresas são utilizadas como moeda de troca entre partidos. Quando uma empresa pública não atua gerando benefícios, podemos colocar a iniciativa privada para gerar essa administração porque seu objetivo final não é somente lucrar, mas sim gerar bem-estar e garantir que a empresa está cumprindo o seu papel.
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