Candidato à reeleição na disputa de outubro, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), afirmou que a quantidade de obras previstas na nova concessão rodoviária desenhada pelo governo federal é “mais importante” do que o debate que se faz sobre a tarifa do pedágio. “Claro que temos que ter um preço justo, mas nós estamos avançando para um projeto moderno, que prevê R$ 55 bilhões em obras no Estado”, defendeu ele, durante entrevista, nesta quarta-feira (28), à Gazeta do Povo (veja o vídeo na íntegra). Ele também foi questionado sobre outros assuntos, como tarifas da Copel e da Sanepar, sobre a atuação na pandemia do coronavírus, sobre o pouco espaço a mulheres no seu primeiro escalão.
Ratinho Junior foi o último candidato a participar da série de sabatinas que a Gazeta do Povo realizou com quatro dos nove concorrentes ao Palácio Iguaçu. O primeiro entrevistado foi Roberto Requião (PT), no último dia 21. Em seguida, foram entrevistados Ricardo Gomyde (PDT) e Professora Angela Machado (Psol), nos últimos dias 22 e 23, respectivamente.
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Sobre o tema do pedágio, o candidato à reeleição foi questionado sobre o atraso no processo de nova licitação, o abandono das estruturas das praças de cobrança e o aumento da previsão de valor da tarifa, já que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vem atualizando a planilha do edital, enquanto o Tribunal de Contas da União (TCU) se debruça sobre o documento, para autorizar ou não o leilão. Ratinho Junior defendeu o modelo de concessão que está sendo desenhado pela gestão Bolsonaro e aproveitou para criticar governos passados. “O pedágio foi usado politicamente com mentira, coisa de covarde, porque sabia que não poderia fazer”, afirmou ele, sem citar nomes, mas em referência indireta ao antigo mote do “abaixa ou acaba” de Requião, agora seu adversário nas urnas.
Ratinho Junior acrescenta que o Paraná conseguiu interferir no debate sobre o novo pedágio devido ao “bom relacionamento” com o governo federal. “No Paraná, quase 80% são rodovias federais, que o Estado nem tem muito o que fazer. Se a União quiser fazer concessões sem nem consultar o Estado, ela pode fazer, é um direito. Mas, por uma boa relação, por boas argumentações técnicas, nós conseguimos convencer o Ministério da Infraestrutura da modelagem do menor preço, na bolsa de valores, e sem outorga”, disse ele.
Depois, contudo, o candidato à reeleição sugeriu que poderia impedir a concretização de contratos eventualmente desfavoráveis ao Paraná: “É natural que, se o preço não for aquele que a gente entende que é adequado, eu não assino. Eu não passei as rodovias para o governo federal ainda. Precisa de uma assinatura minha. E a gente só vai fazer aquilo que for bom para o Paraná”.
Ponte de Guaratuba
Ainda sobre a área de infraestrutura, Ratinho Junior também falou sobre a obra da ponte de Guaratuba, e fez críticas à atuação do Ministério Público. “Ao final de 4 anos, a obra da ponte de Guaratuba será entregue?”, questionaram os jornalistas. Ratinho Junior admitiu que a obra não estava no seu plano de governo do atual mandato porque “sabia que era um desafio muito difícil”. “Porque, se ninguém fez a obra em 40 anos, não seria à toa. Mas, depois, a gente começa a ver que não fizeram por incompetência ou porque tinha muita gente que era amiga dos donos da balsa”, sugeriu ele.
Ratinho Junior lembrou que lançou o edital da obra ainda no início de 2020 e que foi impedido de continuar com o processo em função de uma decisão judicial. “Uma promotora do MP do Litoral, que sempre atrapalhou o Litoral, e graças a Deus não está mais, entrou na Justiça exigindo mais um estudo, que todos os técnicos do IAT [Instituto Água e Terra] e do DER [Departamento de Estradas de Rodagem] entenderam que não tinha mais necessidade, porque fizemos vários projetos”, reclamou ele, acrescentando que o novo estudo custou mais R$ 4 milhões ao Estado. “Perdemos na Justiça, uma juíza de primeira instância deu [a liminar], tivemos que recuar. Eu podia brigar na Justiça, ir até o STJ [Superior Tribunal de Justiça], mas era uma briga que levaria mais 10 anos. Então fizemos o estudo, contratamos, e graças a Deus estamos na penúltima fase. E agora vem a fase da obra”, justificou ele.
Nova Ferroeste
Outra obra, a nova Ferroeste, foi destacada por Ratinho Junior. “Por que o novo traçado da Ferroeste é muito importante para o Paraná? O Paraná não é mais o grande produtor de alimentos. Nós estamos nos transformando no supermercado do mundo. O Paraná está aprendendo a fazer a indústria de transformação de alimentos”, disse ele. “O Paraná está ficando deficitário em produção de grãos. Já não conseguimos mais produzir o volume necessário para dar conta destes grandes empreendimentos de proteína animal. Temos que trazer matéria-prima para fazer ração. Então, qual é a estratégia da nova Ferroeste? Nós trazemos os grãos do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, eles param aqui no Paraná, transformamos isso em ração, da ração transformamos em proteína animal, colocamos tudo isso num contêiner refrigerado, e exporta pelo Porto de Paranaguá”, explica ele.
“O prazo médio para fazer um projeto de ferrovia no Brasil é de 10 a 15 anos, historicamente. Nós conseguimos fazer tudo, estudo de engenharia, estudo de viabilidade econômica, estudo ambiental, com as audiências públicas do Ibama, em quase 3 anos. A gente espera que nos próximos meses tenhamos a licença prévia, que a gente daí vai para a bolsa de valores”, prevê ele.
Aliança com Bolsonaro e ausência em debates
Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), Ratinho Junior também foi questionado sobre o relacionamento que teria com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em eventual vitória do ex-presidente na corrida ao Planalto. Ratinho Junior, que no passado já disputou eleição em aliança com o PT, disse que teria uma relação respeitosa com Lula, mas aproveitou para fazer campanha para o atual chefe do Executivo: “Eu espero que o Bolsonaro ganhe, estou torcendo. Até por uma questão de gratidão. O governo Bolsonaro, para o Paraná, teve entregue. Estrada da Boiadeira, Rodovia das Cataratas, Ponte Brasil Paraguai, reformas de delegacias. Foi o presidente que mais trouxe recursos para o Paraná. Mas obviamente que, se ganhar algum outro presidente, nós vamos respeitar como presidente da Nação. Paraná é respeitoso com todo mundo e assim que nós vamos manter com todos, independente da cor partidária, independente das questões políticas”.
Ratinho Junior também foi questionado sobre sua ausência em debates com outros candidatos, como os organizados pela Band e pela RPC. “O senhor não acha que o eleitor tem direito de vê-lo em confronto direto com os demais para concluir em quem votar?”, perguntaram os jornalistas. “Tem direito, mas eu também tenho direito de participar daquilo que eu entenda que é justo. Não participar de um debate onde você já sabe que os oponentes já combinaram os ataques, já combinaram fazer uma conspiração contra sua candidatura”, disse ele. “Aí é um show de horror, onde está tudo combinado para fazer pergunta com pegadinha, de vestibular”, acrescentou ele, lembrando que, apesar da ausência nos debates, participou de sabatinas organizadas por entidades e também deu entrevistas ao longo da campanha.
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