Aos 50 anos de idade, o advogado Sergio Fernando Moro, o conhecido “juiz da Lava Jato”, vai estrear nas urnas. Filiado ao União Brasil, ele é um dos candidatos ao Senado pelo Paraná nas eleições de outubro próximo.
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Para viabilizar a candidatura, Moro teve um percurso tumultuado. Depois de uma curta temporada no Podemos, partido que apostava em seu nome como presidenciável, Moro mudou para o União Brasil, sigla que detém a maior fatia de recursos do fundo eleitoral. Mas, na legenda comandada por Luciano Bivar, enfrentou resistência, e não conseguiu manter seu nome para o Planalto. Também tentou sair candidato por São Paulo, mas a Justiça Eleitoral o devolveu ao Paraná, seu primeiro domicílio eleitoral. Concorrerá agora com o senador Alvaro Dias, seu ex-aliado no Podemos.
Moro se tornou conhecido nacionalmente ao julgar processos da Operação Lava Jato quando era juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, entre 2014 e 2018. Foi ele quem condenou, em primeira instância, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá – processo que posteriormente foi anulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na Lava Jato, condenou outras 140 pessoas.
Ele se formou em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), cidade paranaense onde nasceu. Fez mestrado e doutorado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde lecionou Direito Processual Penal. Começou a trabalhar como juiz em Curitiba em 1996 e, durante a carreira na magistratura, atuou em casos com repercussão pública, como o escândalo do Banestado, e auxiliou a ministra do STF Rosa Weber durante o julgamento dos processos relativos ao “Mensalão”.
Depois de trabalhar quase cinco anos como juiz da Lava Jato, em 2018 Moro aceitou o convite do recém-eleito presidente da República Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Justiça e Segurança Pública. No comando da pasta, determinou a transferência de líderes de facções criminosas para presídios federais, criou o projeto-piloto “Em Frente Brasil” (que visa diminuir índices de criminalidade em algumas cidades brasileiras) e buscou fortalecer o banco de dados de perfis genéticos (para aprimorar investigações criminais). Contudo, seu principal projeto, o “pacote anticrime”, acabou modificado no Congresso Nacional - a Câmara dos Deputados rejeitou várias das propostas, como a prisão em segunda instância.
Moro deixou o governo Bolsonaro em abril de 2020, depois de entrar em rota de colisão com o presidente por causa da troca no comando da Polícia Federal e mudanças na Receita Federal e no Coaf – órgão de inteligência que detecta movimentações suspeitas de lavagem de dinheiro. O ex-ministro acusa o presidente de tentar interferir na Polícia Federal para blindar sua família de investigações sobre suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Bolsonaro nega as acusações e afirma que Moro é “traidor”.
Quando ainda era ministro, Sergio Moro teve a imagem impactada negativamente pelo vazamento de supostas conversas entre ele e o então coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol (hoje candidato a deputado federal pelo Podemos). A troca de mensagens, obtidas a partir de um ataque hacker ao aplicativo Telegram, lançou dúvidas sobre a imparcialidade do ex-juiz e de integrantes da força-tarefa da Lava Jato no MPF. O ex-juiz vem declarando que não reconhece a autenticidade das mensagens, mas que, ainda que fossem verdadeiras, não haveria ilegalidades no conteúdo.
Posteriormente, as conversas foram usadas como prova pelo STF para declarar a imparcialidade do juiz no julgamento de Lula no caso do tríplex do Guarujá. Como consequência desta decisão, condenações de outros políticos também foram anuladas, como a do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
Depois de sair do governo Bolsonaro, Moro trabalhou como diretor da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal por um ano. Ao voltar ao Brasil, se filiou ao Podemos, partido que planejava lançá-lo como candidato à presidência. Mas, uma semana antes do fim do prazo para trocas partidárias, Moro anunciou que estava saindo do Podemos para se filiar ao União Brasil.
Perfil de Sergio Moro
- Candidato: Sergio Moro
- Número de urna: 444
- Filiação partidária: União Brasil (União)
- Patrimônio: R$ 1.589.369,94 em bens
- Município de nascimento: Maringá/PR
- Data de nascimento: 01/08/1972
- Grau de instrução: superior completo
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