No Paraná, o ex-juiz federal Sergio Moro (União Brasil) e o deputado federal Paulo Martins (PL), ambos candidatos ao Senado, resolveram colocar em pauta um suposto alinhamento entre o PT e a candidatura de Alvaro Dias (PODE). Até então tratado de forma lateral pelos candidatos, o tema ganhou corpo no último sábado (3), a partir das apreensões de materiais de propaganda de Moro e Martins, por determinação da Justiça Eleitoral, que acolheu representações movidas pela Federação Brasil da Esperança, formada pelo PT, PCdoB e PV.
Irritado com a decisão, Moro foi ao Twitter e pediu a atenção dos eleitores de Ratinho Junior (PSD) e Jair Bolsonaro (PL), candidatos à reeleição ao governo do Paraná e à presidência da República: “O PT “esqueceu” de reclamar do santinho do Alvaro Dias. Afinal, quem é o candidato real do PT ao Senado no Paraná?”, escreveu Moro, em referência a um erro no tamanho dos nomes dos suplentes nas propagandas, fato que teria gerado a apreensão do material.
Na mesma rede social, o candidato apoiado por Bolsonaro, Paulo Martins, também provocou o adversário do Podemos e a campanha petista, que tem a ex-deputada federal Rosane Ferreira (PV) na disputa ao Senado. “O PT achou que os nomes dos meus suplentes não estavam em tamanho adequado em minhas peças de propaganda e na do Moro, mas não viu nada de errado na propaganda do Alvaro Dias, cujos nomes dos suplentes são quase ilegíveis. O PT não enxerga mais o Alvaro ou enxerga bem demais?”, escreveu o político.
Melhor posicionado na mais recente pesquisa de intenção de votos (veja abaixo) sobre a corrida ao Senado, Alvaro Dias tem evitado o assunto publicamente, declarando apenas que espera o voto do eleitor de todos os espectros ideológicos. Já o PT nega que esteja estimulando o voto em Alvaro Dias, na tentativa de impedir o crescimento de Sergio Moro, em segundo lugar na mesma pesquisa de intenção de voto: “Rosane Ferreira é a candidata da Federação Brasil da Esperança no Paraná, ao lado das suplentes Marlei Fernandes e Elza Campos. É esta candidatura que defendemos e apoiamos, e é esse o voto que orientamos”.
Símbolo da Operação Lava Jato, Moro foi quem assinou a decisão, no ano de 2018, que levou à prisão o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), agora candidato ao Planalto. Além disso, convidado por Bolsonaro, Moro deixou em 2019 a carreira de juiz federal para assumir o Ministério da Justiça. Em sua campanha ao Senado até aqui, Moro tem priorizado o ataque ao PT e já fez acenos a eleitores do Bolsonaro, apesar do rompimento em abril de 2020.
Entusiasta da Operação Lava Jato e um dos principais adversários do PT durante a gestão Lula, Alvaro Dias chegou a lançar Sergio Moro à presidência da República pelo Podemos, mas o plano acabou interrompido. Atrás de uma sigla mais robusta, Moro se mudou para o União Brasil, onde depois não conseguiu viabilizar uma candidatura ao Planalto. O Senado foi a opção dada a Moro, que agora concorre justamente com Alvaro Dias, seu ex-correligionário.
Pesquisa aponta reeleição de Alvaro Dias
Pesquisa eleitoral divulgada pelo Instituto Opinião no último dia 31 de agosto simulou a disputa por uma vaga no Senado com os eleitores paranaenses. O senador Alvaro Dias aparece à frente com 32% das intenções de voto, seguido por Sergio Moro com 23%. Paulo Martins aparece em terceiro lugar, com 8%. Em seguida, com 2% cada um, estão os candidatos Aline Sleutjes (PROS), Rosane Ferreira (PV) e Orlando Pessuti (MDB). A candidata do PDT, Desiree Salgado, aparece com 1%. Os demais candidatos – Laerson Matias (PSOL), Carlos Saboia (PMN) e Roberto França (PCO) – não pontuaram. Brancos e nulos somam 8% e 22% não sabem ou não responderam.
A pesquisa eleitoral feita com recursos próprios pelo Instituto Opinião entrevistou 1,2 mil pessoas, em 52 municípios, entre os dias 28 e 30 de agosto. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%, sob o registro na Justiça Eleitoral com o número PR-09894/2022.