A candidata do PCB ao Governo do Paraná, Vivi Motta, afirmou que seu partido não está preocupado em apresentar um programa de governo para todos os paranaenses. Segundo ela, o programa é voltado exclusivamente para a classe trabalhadora que, de acordo com a candidata, no entanto, representa 99% da população - ante o 1% que ela classifica como burguesia, que diz ter sido privilegiada nas últimas administrações do estado e que seria ignorada pela gestão do PCB.
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Em entrevista à Gazeta do Povo, Vivi Motta explicou os objetivos do PCB na eleição estadual, comentou a imagem como o militante comunista tem sido visto ultimamente e afirmou que, para além da eleição, o partido pretende reorganizar movimentos sindicais e estudantis, entre outros.
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Com essa diferença tão gritante entre as estruturas partidárias, com seu partido barrado na cláusula de barreira, sem tempo de TV e acsso ao fundo eleitoral, por que a senhora se coloca candidata pelo PCB?
Primeiro porque o PCB não é um partido que visa somente as eleições. Inclusive não é um partido de filiados, é um partido de militantes. Então, o PCB, é um partido de militantes que atua na realidade concreta, organizando as lutas nos locais de trabalho, de estudo, de moradia. É óbvio que o período eleitoral é um momento importante para a conjuntura nacional, para a vida dos trabalhadores e trabalhadoras, por isso nós nos colocamos nessa tarefa. Mas, para nós, essa tarefa das eleições, ela não se finda em si só. O nosso programa para as eleições é um programa, primeiro, assumidamente anticapitalista e anti-imperialista; segundo, é um programa para a organização da luta e para o enfrentamento autônomo da nossa classe, com o sistema capitalista, com os patrões, com latifundiários. É um programa que não é um governo para todos, mas sim uma proposta de governo para os trabalhadores para que aqueles que produzem riqueza possam, de fato, tomar as decisões políticas, econômicas e sociais. Então, ele é para além das eleições e para a organização da luta da classe.
Nesse contexto, qual é o grande objetivo de uma candidatura majoritária, tanto para presidente quanto para governador nos estados? Numa avaliação pós-eleição, como seria medido o sucesso dessas candidaturas?
Para nós, a principal tarefa é a reorganização da classe e a construção dos seus organismos de luta, ou seja, dos sindicatos, das entidades estudantis, dos movimentos de luta por moradia e do movimento de luta por terra e movimento estudantil de juventude. Então, essa vai ser a tarefa desse ciclo, que é a organização da classe através dos seus instrumentos de luta. A campanha nacional nossa tem como objetivo colocar as reais necessidades dos trabalhadores e das trabalhadoras sem estar preso ao que, na política, a gente chama de negociata ou de plano de governabilidade, onde a esquerda senta na mesa com os setores liberais, com setores da direita e negocia ali o que é possível de ser feito. O nosso programa apresenta uma perspectiva de que a gente não quer o mínimo. Não queremos a lista mínima. Queremos a lista máxima. Então, a proposta é contrapor ao bolsonarismo dizendo que precisamos derrotar o Bolsonaro nas urnas, mas precisamos derrotar o Bolsonaro e o bolsonarismo nas ruas. E isso só é possível conversando com a classe trabalhadora para que ela se reorganize e construa suas greves, suas paralisações, suas lutas cotidianas.
É essa diferença de posição que afastou, por exemplo, o PCB de apoiar o ex-presidente Lula nacionalmente e ex-governador Requião aqui no Estado?
Exatamente. O PCB aqui no estado do Paraná tem sua reorganização revolucionária bem recente. Então, é um partido de jovens. Inclusive, o programa foi construído por esses jovens, tanto na militância quanto na direção. Para nós, por exemplo, em uma aliança com o Partido dos Trabalhadores, não poderia se colocar claramente que o problema da fome no Brasil é o latifúndio, que é uma pauta que o Partido dos Trabalhadores já não toca mais. O próprio Lula, na Rede Globo, disse que o MST não é o mesmo de tantos anos atrás. Ou a gente não poderia colocar que prioridade para nós é a revogação da Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência, teto de gastos ou redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais. Porque, pela negociata, pelo balcão de negócios, um partido que seja da esquerda mais liberal não conseguiria pautar essas questões de forma mais contundente. O nosso programa é um programa que é um programa que traz as necessárias mudanças estruturais que os trabalhadores e trabalhadoras precisam para além daquelas que dizem que é possível dentro das políticas públicas.
A senhora citou derrotar o bolsonarismo nas ruas. Nas ruas, o presidente segue demonstrando muita força. Nesses últimos quatro anos, mudou a forma como um militante de um partido comunista é visto pela sociedade brasileira?
Olha, mudou. Mudou, sim. Eu acho que passou por fases diferenciadas. Uma é, com a ascensão do bolsonarismo, no pós-eleições, criou-se uma política e uma disseminação do anticomunismo bem forte de que era o comunismo que ia tirar a casa das pessoas, o carro e coisas desse tipo. Só que com o desastre do que foi o governo Bolsonaro, para nós é muito fácil conversar com um trabalhador dentro de um bairro ou de um local de trabalho e explicar que quem vai tomar sua casa é o banco, se atrasar o pagamento. Inclusive, o governo sancionou uma medida que agora possibilita os trabalhadores perderem a sua casa única. Quem vai tomar o seu carro não são os comunistas, é o banco. Então, passamos por fases diferentes. Um anticomunismo muito forte com a ascensão do bolsonarismo e dos militares, mas, na medida que um governo desastroso como esse, que não consegue alimentar os trabalhadores e as trabalhadoras no Brasil, que reduz o poder de compra no supermercado de coisas básicas, que retira direitos trabalhistas da forma como foi retirado, mostra-se na concretude e na materialidade que o problema não é o comunismo. O problema é a estrutura do capitalismo, que visa encher o bolso dos patrões, dos grandes empresários, dos latifundiários. O comunismo é a socialização daquilo que é bom, que é gostoso, que é saudável, que é bonito que os trabalhadores tenham acesso às riquezas que os próprios trabalhadores produzem.
Mas por que a direita segue conseguindo mobilizar nas ruas, por exemplo, e a esquerda não consegue mais reunir tanta gente quanto já fez antigamente?
Olha, a gente passou por anos de arquivamento dos instrumentos de luta da classe nos próprios governos petistas, porque a ideia era, por dentro do Estado, garantir conquistas e aí não era necessário que sindicatos estivessem, de forma autônoma, as entidades estudantis estivessem, de forma autônoma, pautando suas questões e suas necessidades. Então, a gente viveu uma conjuntura de apaziguamento da classe trabalhadora, e eu acho que um elemento dessa conjuntura que move os afetos é o medo. As pessoas falam “ai essa polarização”. A polarização é o que? É o sentimento de medo que esses setores do bolsonarismo que estão cada vez menores, mas que estão armados, mobilizam nas ruas e que impede que a esquerda e os setores mais progressistas consigam colocar suas bandeiras de luta, vestir suas camisetas, colar seus adesivos nos carros e andar livremente. Então, há um cerco, um fechamento, uma democracia restrita nessa conjuntura. E nós precisamos enfrentar esse medo com a coragem. Porque o fascismo e a ultradireita, essa direita conservadora reacionária, não vai ser derrotada só nas urnas, então é preciso ir para as ruas. Então, na medida, por exemplo, que o Lula diz que no 7 de Setembro, que é um ato histórico da classe trabalhadora, do povo pobre brasileiro, o Lula dá o recado de que “vamos ficar em casa porque vai ser perigoso”, para nós do PCB, isso é problemático. O Partido dos Trabalhadores tinha que estar convocando os trabalhadores para ir para as ruas para enfrentar o bolsonarismo nas ruas, com multidão. E o comício do Lula aqui em Curitiba mostra que não é verdade que a esquerda não consegue colocar a gente na rua, porque é muito maior do que as vindas do Bolsonaro para cá. O outro elemento dessa conjuntura é que o bolsonarismo só é possível na medida em que quem pauta e quem financia esse governo e essa direita são os grandes empresários, os latifundiários. Então, o elemento do medo que está colocado na conjuntura faz com que setores da classe que antes estavam nas ruas recuem também.
Trazendo agora para a eleição estadual, como seria um governo comunista em um estado entre 27 da federação e com os outros 26 estados capitalistas e o governo federal capitalista?
Veja, a gente não está prometendo um governo comunista. O comunismo é um processo de transição da sociedade socialista para uma sociedade sem classes sociais. O comunismo é uma experiência que vai demandar ainda um avanço na organização da classe operária muito mais prolongada do que a gente imagina. O que a gente diz é “nós somos comunistas, com um programa de governo que visa o socialismo e a construção do poder popular”, que é diferente de um programa comunista. No comunismo não existe a luta de classes mais, as contradições serão outras. Então, um programa socialista, de transição socialista, e um programa de poder popular só seria possível se os trabalhadores estiverem organizados para fazer valer aquilo que o governo precisa implementar. Então, quando a gente vai dialogar com os trabalhadores nos bairros, a gente não diz “olha, estamos prometendo isso e aquilo”. A gente diz “olha, a gente tem um programa que é um programa para a classe trabalhadora, mas esse programa só é realizável a partir da ampla mobilização da classe trabalhadora”. Então, através da construção do que a gente chama de poder popular, que são instâncias de organização, os conselhos populares que serão eleitos, fiscalizados e eventualmente revogados, quando os trabalhadores decidirem que não está cumprindo o papel. Onde esses conselhos populares existiriam? Nos locais de trabalho, de estudo, de moradia, dentro do movimento sindical, dentro da fábrica, dos bairros. Então, são instâncias em que os próprios trabalhadores decidem quais são as suas demandas políticas, econômicas e sociais e os próprios trabalhadores eleitos fiscalizariam ou revogariam esses conselhos e essas assembleias. Então, é uma espinha dorsal de um novo poder. Só é possível a construção de um poder popular a partir de um movimento organizado da classe na construção de um novo poder. Então, por exemplo, implementação da jornada de trabalho de 30 horas semanais, que não tem nada de revolucionário, é uma pauta do movimento sindical, inclusive já foi da CUT, em anos atrás, e de vários movimentos sindicais do mundo. Só é possível com a classe trabalhadora pautando nas ruas e dando base para que isso aconteça.
O problema é a estrutura do capitalismo, que visa encher o bolso dos patrões, dos grandes empresários, dos latifundiários. O comunismo é a socialização daquilo que é bom, que é gostoso, que é saudável, que é bonito que os trabalhadores tenham acesso às riquezas que os próprios trabalhadores produzem
Vivi Motta (PCB), candidata ao governo do Paraná
Na questão da segurança pública do Estado, qual é a proposta do PCB para a segurança pública, para Polícia Militar e Polícia Civil?
Bom, primeiro, para nós, a polícia, da forma como é hoje, é extremamente desastrosa. Não dá para dizer que o sistema militar de polícia deu certo no Brasil. Nós somos a polícia que mais mata e a polícia que mais morre. E quem está morrendo pela ação da polícia é a população preta e periférica. Porque a polícia, da forma como ela foi estruturada, ela é para proteger a propriedade privada dos meios de produção, ou seja, proteger os patrões, os grandes empresários, proteger os grandes latifúndios e tratar as questões sociais como uma questão de polícia. Na medida que existem tantas desigualdades sociais, com o Brasil voltando ao mapa da fome, com 33 milhões de pessoas passando fome, 470 mil desempregados no Paraná, gera uma questão social em que o capitalismo resolve como uma situação de polícia. Então, a nossa proposta é a desmilitarização e o fim da Polícia Militar da forma como ela está hoje. A forma da segurança social e pública seja construída a partir de um marco civil organizado a partir dos bairros e daquilo que os trabalhadores possam construir do que seria uma segurança pública de qualidade onde a prioridade seriam a segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras e não a contenção das desigualdades sociais.
No perfil escrito pela nossa reportagem consta que a senhora chegou a lecionar sociologia, mas acabou deixando a carreira pelas dificuldades da carreira de professor, pelos problemas que a docência tem no Estado. Aproveitando esse gancho, queria que a senhora falasse um pouquinho sobre educação, sobre a situação da valorização do professor no estado e também da forma como o atual governo vem conduzindo a educação com as terceirizações e as escolas cívico-militares.
A educação no Paraná é uma situação complicada. O que esse governo faz é desmontar a educação, entregar dinheiro público para a iniciativa privada, não valorizar os servidores da educação. Fui professora da rede estadual, professora de Sociologia PSS em uma situação em que os professores PSS são, cotidianamente, a cada contrato, humilhados para conseguir emprego. Nós estamos há dez anos sem concurso público para professor, para trabalhador da educação efetivo no estado do Paraná. E, aí, o governo faz o quê? Militarizou as escolas. E a gente já vê uma série de problemas com as escolas militarizadas, porque educação não é questão de polícia. Educação precisa ser estruturada valorizando seus servidores e professores. A escola precisa ser atrativa para os estudantes, para os filhos dos trabalhadores. Mas a gente tem o que? Uma militarização, uma reforma do ensino médio, a contragosto dos estudantes do Paraná que construíram a maior ocupação que existiu de escolas no Brasil, em 2015, época em que eu era professora, inclusive. A proposta da reforma do ensino médio, que é fazer o ensino técnico, se demonstra hoje uma verdadeira política desastrosa de injetar dinheiro público na iniciativa privada. Como pode ser atrativo um estudante ir para a sala de aula e ter que assistir um ensino técnico a partir das televisões que existem nas escolas do Paraná? Você está ali sentado dentro da sala de aula, assistindo a algo profissionalizante a partir da TV? E tudo a partir de contratos precários, um contrato milionário para a Unicesumar, que paga R$ 640,00 para 20 horas aulas para monitores que não têm ainda uma formação acadêmica completa ou, ou seja, substitui professores da rede e rebaixa a força de trabalho, né? Antes, o gasto com PSS era de R$ 18 milhões. Agora, nas mãos do setor privado, o estado do Paraná gasta R$ 30 milhões para ter menos funcionários do que tinha antes por salários e condições piores das que já existiam. Então, hoje, a gente tem um déficit de 30 mil professores na rede estadual. O último concurso foi em 2013. E, a cada seis meses, fica tentando renovar os PSS, submetendo-os a essa situação de humilhação para conseguir emprego. A última foi de ter que gravar vídeo para mostrar o desempenho de como seria em sala de aula. O professor ele não é youtuber. O professor tem que ir para a sala de aula e ter condições dignas de trabalho, condições de salários dignas para sobreviver. A outra coisa para fechar esse ponto, é que a gente tem um Estado que anunciou R$ 7,2 bilhões de superávit, em 2021, e a renúncia fiscal, em 2022, é de R$ 17,4 bilhões. Isso é dinheiro que deveria estar indo para saúde e educação.
O estado do Paraná tem um certo privilégio se comparado a outros estados do Brasil na questão do IDH e do desenvolvimento econômico. No entanto, isso se restringe a algumas regiões do estado. Há, aqui, regiões que são verdadeiros bolsões de pobreza. Com descentralizar esse desenvolvimento e uniformizar o crescimento do estado?
Primeiro, é importante falar desses dados. O Governo do Estado do Paraná trabalha com muitos dados para dizer que o Paraná é muito diferente dos outros estados do país. E aí parece que as coisas aqui são todas maravilhosas, quando na verdade, ainda que a gente tenha 470 mil desempregados, que é menor que os outros estados, a renda média do trabalhador encolheu 10,7% em um ano. Então, o trabalhador, quando vai ao supermercado, sente concretamente que o seu poder de compra diminuiu drasticamente. Então a gente tem aqui hoje um estado que é o maior criador de aves do país e mesmo assim a população paranaense está comendo vina, quando consegue. Farelo de feijão, arroz e café com preços absurdos. Então, esses dados, na materialidade quem sente mesmo é o trabalhador. E aí, nesse sentido, é importante uma política que consiga desenvolver o estado de uma forma minimamente igualitária, porque os municípios do interior são deixados de lado. Se a gente for pegar as regiões que são as regiões de ponta do agronegócio, é um montante de dinheiro gigantesco, mas com muitos problemas estruturais. A outra coisa é o desenvolvimento do estado do Paraná e valorização dos municípios e romper com a lógica do Ratinho de destruir as coisas para privatizar. O que esse governo faz é pegar empresas públicas que deveriam ser patrimônios públicos e garantia de soberania nacional para o povo paranaense e entregar à iniciativa privada. São quase R$ 200 milhões de dinheiro público gastos com empresas de terceirizadas. Isso é terrível. O que é a Copel Telecom, que foi privatizada depois de gerar lucros gigantescos para o Estado? Como é que você vende uma empresa que é altamente lucrativa, reconhecida nacionalmente pelo excelente serviço que entrega? A própria Sanepar? Então, as empresas públicas do Paraná precisam ser valorizadas. E isso são coisas que o próprio capitalismo, em outros lugares do mundo, já viu que precisam ter empresas estatais que gerem serviços de qualidade e que sejam geridas pelo próprio Estado. Então a nossa proposta é a reestatização da Copel Telecom; Sanepar e Copel 100% estatal sob controle de controle popular; criação de uma companhia estadual de construção civil que vai estimular geração de emprego, avanço nas obras públicas de grande e pequeno porte; adoção de um programa de obras públicas, de saneamento, habitação, de reforma das escolas e hospitais. Só é possível crescer um Paraná para os trabalhadores se as decisões políticas forem tomadas em coletivizadas pelos próprios trabalhadores.
Nós já estamos quase encerrando, mas tem uma questão que o próximo governador deverá herdar, que é um tema político dos últimos 30 anos do Paraná, que é o pedágio. A senhora já se posicionou contrária a esse modelo de pedágio. Que modelo pretende fazer? Vai revogar tudo o que foi construído nos últimos anos?
É importante dizer que a gente sai de um contrato, de 24 anos de concessão com os pedágios mais caros do país. Para nós, tem que romper com a lógica de concessão. É preciso a estadualização das rodovias, que esse serviço, que o ir e vir seja garantido pelo estado do Paraná para a classe trabalhadora. No início dessas eleições, o governo anunciou, na maior boniteza, que o pedágio ia ser livre. Estratégia de eleição, quando, na verdade, já tem um contrato praticamente assinado de mais 30 anos de concessão, onde a ANTT já disse que vai ter um aumento de 30% do valor repassado para a classe trabalhadora paranaense no ir e vir. Para nós precisa ter pedágio zero. A gente precisa ter acesso do ir e vir garantido pelo Estado.
E como seriam feita a manutenção e as melhorias nas rodovias, apenas com o dinheiro dos impostos?
Exato. O que o liberalismo nos faz pensar é “mas olha falta dinheiro para isso, falta dinheiro para aquilo. Vocês acham que o dinheiro do Estado é infinito?” Não. A gente acha que o dinheiro do Estado, que é o dinheiro financiado pelos trabalhadores, porque são eles que pagam o maior imposto, não são os bilionários, não são os milionários, precisa ser executado pela própria classe trabalhadora. Então, acabei de dizer para você que tem uma isenção fiscal de R$ 17,5 bilhões, isso é uma grana gigantesca. É preciso priorizar aquilo que é a real necessidade dos trabalhadores e das trabalhadoras. A gente coloca que o fim dos pedágios e a estatização das rodovias estaduais com o fim das concessões é fundamental.
Para encerrar, queria deixar um minuto para você dizer para o eleitor, para o que ele deve votar em Vivi Motta para governador do Paraná.
Bom, queria dizer que esse programa que o PCB apresenta é um programa que foi elaborado pela militância do partido, um partido que tem 100 anos ao lado da classe trabalhadora brasileira. O nosso programa é um programa de um compromisso inegociável com os trabalhadores e com a juventude, a população explorada e oprimida do Paraná. Ele tem por meta a vida acima dos lucros, por pão, trabalho, moradia digna, plena participação organizada e coletiva do trabalhador na política e em tudo o que nos é de interesse. Quando a gente diz que esse não é um programa para todos, mas sim um programa de governo, para os trabalhadores e para os trabalhadores, a gente está dizendo que é um programa para os 99% que produzem a riqueza nesse país, riqueza essa que está concentrada em 50% na mão de 1%, que é aquilo que a gente chama de burguesia. Então, para que esse programa seja possível e realizável, é preciso, para além do voto, uma ampla mobilização da nossa classe, da classe trabalhadora paranaense. Para além disso, esse é um programa de organização e de luta. As eleições vão passar e os trabalhadores vão ter que estar organizados para cobrar aquilo que lhe é de direito. Então, gostaria de pedir o voto e dizer que, para além de votar, para nós é importante que estejamos organizados em coletivos, em coletivos feministas, em coletivos negros, em coletivos sindicais, em luta por moradia, em luta por saúde, por educação, nos sindicatos, nos DCEs e nas entidades estudantis.
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