O deputado federal André Janones (Avante) desistiu oficialmente de concorrer à Presidência da República nesta quinta-feira (4) para apoiar a candidatura do petista Luiz Inácio Lula da Silva. Com a decisão, ele se tornou o 13º nome a se retirar da disputa de 2022, entre os que lançaram pré-candidaturas ou se colocaram à disposição de um partido para concorrer ao mais alto cargo do Executivo nacional.
Relembre, a seguir, as personalidades públicas, empresário e políticos que desistiram da corrida presidencial e os motivos que os levaram a isso.
Luciano Bivar
O deputado federal Luciano Bivar (União Brasil-PE) anunciou no último domingo (31) a desistência da corrida presidencial. O parlamentar, que também é presidente nacional da sigla, alegou que vai concorrer à reeleição para a Câmara dos Deputados.
"Resolvi voltar e continuar na Câmara Federal com ajuda de vocês para que a gente possa continuar presidindo o partido com a força que tem nosso partido, nossos parlamentares e todos os que compõem o União Brasil", disse Bivar durante discurso na Convenção do União Brasil em Pernambuco.
Depois que uma ala do União Brasil se recusou a abrigar uma candidatura do ex-juiz Sergio Moro (hoje candidato ao Senado no Paraná pelo partido) a presidente, Bivar foi lançado como pré-candidato de seu partido ao Palácio do Planalto, em maio deste ano.
O deputado, porém, não obteve bom desempenho em pesquisas eleitorais – fez 0% nas intenções de voto nas pesquisas dos institutos PoderData e FSB, divulgadas respectivamente nos dias 20 e 25 de julho, poucos dias antes de que ele anunciasse a desistência (veja metodologias abaixo).
A desistência de Bivar também veio depois de uma negociação frustrada entre o União Brasil e o PT para apoio à candidatura de Lula.
João Doria
O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) desistiu da candidatura presidencial em 23 de maio, depois de enfrentar meses de resistência dentro do seu próprio partido. O ex-governador de São Paulo alegou que não era consenso no PSDB e que iria defender o apoio a Simone Tebet (MDB) na disputa.
O ex-governador paulista chegou a vencer, em novembro do ano passado, as acirradas prévias internas do PSDB contra Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul. Ainda assim, ele não conseguiu superar as divisões internas.
"Entendo que não sou a escolha da cúpula do PSDB. Sou um homem que respeito o consenso, mesmo que ele seja contrário à minha vontade pessoal. Me retiro da disputa com o coração ferido, mas com a alma leve", afirmou Doria no discurso.
Doria declarou, em junho, que se afastaria da vida pública e retornaria para o setor privado.
Sergio Moro
Sergio Moro (União Brasil) entrou oficialmente para a política em novembro de 2021, ao se filiar ao Podemos, partido que o convidou para ser candidato a presidente da República. No fim de março, porém, Moro anunciou que estava migrando para o União Brasil, um partido maior que poderia dar a ele mais estrutura para uma campanha a presidente. Também havia queixas dentro do Podemos de que o partido deveria investir em candidaturas para outros cargos, que fossem mais viáveis.
Mas no União Brasil, Moro não conseguiu apoio para se candidatar à Presidência – uma ala do aprtido chegou a emitir uma declaração dizendo que questionaria a filiação de Moro. Ele, então, acabou aceitando a candidatura ao Senado Federal. Após o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) ter negado o domicílio eleitoral no estado, o ex-ministro voltou a atenção para o Paraná. Na última terça-feira (2), o União Brasil confirmou a candidatura de Moro ao Senado no estado natal do candidato.
"A gente tem que construir uma nova forma de fazer política. Ninguém entrou aqui para ganhar a qualquer custo. A gente quer ganhar a eleição, sim. Acho que o Paraná precisa ter uma voz independente e forte lá no Senado, mas ninguém vai jogar baixo não. A gente não vai combater o crime infringindo a lei", declarou Moro na Convenção do União Brasil no Paraná.
Eduardo Leite
Eduardo Leite (PSDB) foi derrotado nas prévias tucanas por João Doria, mas tentou viabilizar a candidatura até o mês de junho, quando finalmente anunciou que tentará a reeleição ao governo do Rio Grande do Sul.
O anúncio foi feito após a decisão do PSDB em fechar apoio a candidatura de Simone Tebet à Presidência, motivo que também causou a desistência de João Doria.
“A única razão pela qual eu admito poder me apresentar para ser governador novamente é porque deixei o governo. Se estivesse no governo, não teria como dividir atenção entre governador e candidato”, discursou Leite durante a cerimônia de lançamento da candidatura ao Palácio Piratini.
Alessandro Vieira
Alessandro Vieira foi nomeado como pré-candidato à Presidência da República pelo Cidadania, mas decidiu deixar o partido no mês de março, após a manutenção do ex-ministro Roberto Freire como presidente da legenda.
“Ingressei no Cidadania em dezembro de 2018, em um contexto de renovação política e modernização partidária, que foi materializado no Estatuto, com vedação às reeleições infinitas e abertura para os novos movimentos sociais. A pretensão era justamente representar o anseio popular por um partido moderno e diverso”, declarou Vieira em nota.
O senador se filiou posteriormente ao PSDB e não manteve o desejo da candidatura presidencial. Os tucanos e o Cidadania estão na base de apoio a Simone Tebet para a Presidência.
Rodrigo Pacheco
O senador Rodrigo Pacheco foi considerado pelo PSD como possível candidato na corrida presidencial, mas preferiu manter a presidência do Senado Federal, cujo mandato se encerra em fevereiro de 2023.
“(Pacheco) se convenceu da importância de sua presença à frente da presidência do Senado ao longo do processo eleitoral”, a fim de “garantir a estabilidade institucional do Brasil”, declarou nas redes sociais o presidente do PSD, Gilberto Kassab, um dos principais defensores da candidatura de Pacheco para presidente.
O PSD declarou neutralidade para a corrida presidencial e Pacheco se reuniu com Bolsonaro e Lula nos últimos meses, tendo solicitado a ambos a "promoção da paz" durante o período eleitoral.
General Santos Cruz
General Santos Cruz foi um dos nomes discutidos dentro do Podemos para a disputa presidencial após a saída de Sergio Moro do partido. Ele foi ministro do governo de Jair Bolsonaro (PL), mas rompeu com o presidente e se filiou ao Podemos semanas depois de Sergio Moro. A ideia, porém, não avançou e ele não chegou a ser lançado como pré-candidato a presidente.
A decisão do Podemos sobre a disputa presidencial só se tornou conhecida nesta semana. O partido, liderado pela deputada federal Renata Abreu, anunciou apoio à candidatura de Simone Tebet (MDB).
Luiz Henrique Mandetta
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil) havia sido sondado no ano passado para disputa a Presidência, mas ele desistiu da empreitada em novembro de 2021, quando grandes partidos, como o União Brasil, MDB, PSDB e outros ainda negociavam uma candidatura única do que chamavam de "centro democrático".
“Se fragmentar esse centro, se tiver três, quatro, cinco candidaturas, não conte comigo. Eu não vou fazer esse papel pra conspirar, para que os extremos consigam, com os seus cercadinhos de radicais, ir pro segundo turno. Acho que é pra entrar para vencer a eleição”, declarou em entrevista ao El País sobre a disputa presidencial. Ele optou por concorrer ao Senado pelo estado do Mato Grosso do Sul.
Com a desistência de Luciano Bivar da disputa presidencial, o União Brasil chegou a avaliar novamente a possibilidade da candidatura de Mandetta, mas novamente o ex-ministro preferiu manter o foco na candidatura ao Senado.
João Amoêdo
João Amoêdo foi o candidato do Partido Novo nas eleições presidenciais de 2018, mas enfrentou dissidências dentro da legenda para conseguir se recolocar na disputa deste ano.
Amoêdo inclusive tentou voltar a ser membro da Executiva Nacional da legenda em 2021, mas teve o pedido rejeitado pelos colegas do partido, o que gerou atrito com o restante do Novo.
“Não tenho nenhuma pretensão de sair. Esse casamento deu um trabalho danado, foram dez anos para convencer a noiva a ir para a igreja. Continuo vendo o Novo como opção única para mudar o quadro político no Brasil”, disse Amoêdo em entrevistar ao Poder 360.
Após os desentendimentos internos, o Novo, ainda no ano passado, decidiu lançar o cientista político Felipe d'Avila à Presidência.
José Luiz Datena
José Luiz Datena (PSC) tem um histórico de desistências de candidaturas públicas. Em conversa com o também apresentador de TV Fausto Silva, o Faustão, Datena mencionou que sofreu uma "rasteira" na candidatura para presidente.
"Eu ia ser candidato a presidente, mas me deram uma rasteira pra presidente da República. Falaram: 'Olha, você vai lá e fala que é candidato a presidente. Saí até na Veja: 'vou ser candidato a presidente. Quero ver. Vou ganhar e ser presidente'. Depois, os caras fizeram uma fusão e eu 'mifusão'", declarou Datena.
A fusão referida pelo apresentador foi entre o PSL e o DEM, que resultou no União Brasil. Após deixar a legenda, Datena migrou para o PSC e se tornou pré-candidato ao Senado Federal em São Paulo, mas novamente desistiu da disputa e não concorrerá a nenhum cargo nessa eleição. O apresentador também foi cortejado pelo PSDB de São Paulo neste ano.
Cabo Daciolo
Cabo Daciolo (PDT) foi candidato à Presidência da República em 2018 e chegou a se filiar ao PMB para a disputa das eleições deste ano, mas desistiu da candidatura em dezembro de 2021.
"O espírito santo está me tocando aqui, e eu quero dizer para você que o Cabo Daciolo não é mais pré-candidato à Presidência da República", disse o ex-deputado federal em vídeo divulgado nas redes sociais.
Daciolo deixou o PMB e se filiou ao PDT e deve disputar em uma candidatura conjunta o Senado Federal no Rio de Janeiro, com o babalawô Ivanir dos Santos (PDT).
Aldo Rebelo
Aldo Rebelo buscou lançar candidatura presidencial independente em 2021, mas não conseguiu fortalecer a ideia. Em entrevista para à Gazeta do Povo, o ex-ministro comentou sobre o tema.
"O projeto nasce da decisão de um grupo de amigos, que me acompanham na vida pública já há algum tempo, sobre o que fazer para 2022 em função dos problemas enfrentados pelo país, da desorientação no mundo das ideias e da política, da falta de perspectiva", disse Rebelo.
Sem conseguir deslanchar a candidatura, Rebelo se filiou em abril ao PDT para a disputa de uma vaga ao Senado Federal em São Paulo.
Outros nomes que foram cotados nos últimos anos
Desde 2019, diversos nomes foram sondados para as eleições presidenciais. O apresentador Danilo Gentilli, por exemplo, foi convidado por integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) para ser o representante da terceira via para as eleições deste ano, mas a candidatura não avançou.
"A gente não ia jogar a credibilidade nossa, o projeto no lixo para falar: 'Ah, eles estão numa brincadeira'. Não estamos numa brincadeira", chegou a declarar Renan Santos, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL) para a Gazeta do Povo. Gentilli, porém, não prosseguiu com a ideia.
Outro apresentador cotado foi Luciano Huck, mesmo sem ter filiação com qualquer partido. Ele chegou a mencionar a possibilidade de se reunir com lideranças políticas, mas anunciou em junho de 2021 que não iria disputar a eleição.
"Eu nunca me lancei candidato a nada, então eu não estaria retirando candidatura a nada, porque eu nunca lancei candidatura", disse em entrevista ao programa Conversa com Bial.
Mesmo sem a candidatura, Huck afirmou que irá se manter dentro do debate político, contrário a polarização, que segundo o apresentador "separa e divide o país".
A executiva Luiza Trajano também foi convidada para disputar as eleições de 2022, mas disse que rejeitou a oferta. A presidente do conselho administrativo do Magazine Luiza não detalhou qual partido ou liderança fez o convite.
“Não saio candidata a nada, nunca pertenci a nenhum partido político… mas sou política desde menina, defendendo meu país”, declarou a empresária durante evento na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em outubro de 2021.
Metodologia das pesquisas citadas
O Instituto FSB Pesquisa ouviu, por telefone, dois mil eleitores entre os dias 22 e 24 de julho de 2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%. A pesquisa foi encomendada pelo banco BTG Pactual e está registrada no TSE com o protocolo BR-05938/2022.
O levantamento do PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores em 309 municípios das 27 unidades da federação entre os dias 17 e 19 de julho de 2022. As entrevistas foram feitas por telefone, para fixos e celulares. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-07122/2022.
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