O ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT) pretende acelerar suas costuras eleitorais no intuito de manter sua pré-candidatura à Presidência da República. Lideranças do partido afirmam que o pedetista já recebeu sinalizações de que precisa se viabilizar até meados de julho para que a sigla mantenha seu nome na disputa – as convenções partidárias para a escolha de candidatos a presidente, neste ano, ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto.
Nesta segunda-feira (18), por exemplo, Ciro Gomes admitiu a possibilidade de retomar o diálogo com o União Brasil, partido que lidera as negociações da chamada terceira via. O pedetista chegou a negociar com o presidente e pré-candidato da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE), mas as conversas esfriaram depois da filiação do ex-ministro Sergio Moro ao União Brasil.
"Tive um jantar 15 dias atrás com a direção do União Brasil. Bivar e ACM Neto. E eles perguntaram se eu admitia entrar em uma dinâmica de conversas com essas outras pessoas. Eu disse a eles que, a mim, repugnava a ideia de sentar com um inimigo da República como o Sergio Moro. Parece que essa questão está vencida, portanto, a única restrição que eu fazia está superada", disse Ciro Gomes durante evento em Brasília.
Secretário-geral do União Brasil, ACM Neto liderou o movimento para que a filiação de Moro fosse condicionada a sua desistência da corrida ao Planalto. Pré-candidato ao governo da Bahia, Neto é um dos principais entusiastas da composição com Ciro Gomes dentro do União Brasil.
PSD, de Kassab, também entra na mira de Ciro Gomes
Além do aceno ao União Brasil, Ciro Gomes também tem cortejado o PSD, partido comandado pelo ex-ministro Gilberto Kassab. "Existem duas forças que ainda não estão alinhadas no processo de pré-campanha: União Brasil e PSD. São os dois partidos que temos aprofundado a nossa conversa", reforçou Ciro Gomes.
Recentemente o pedetista esteve reunido com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no intuito de costurar uma aliança. Pacheco chegou a ser cotado como pré-candidato pelo PSD, mas acabou desistindo da disputa. "O PSD tem sido conduzido de forma muito correta por meu amigo Gilberto Kassab. Se eu puder ter o apoio deles, eu ficaria muito feliz, mas é preciso amadurecer essa ideia de forma segura", disse o pedetista na ocasião.
No encontro, Pacheco chegou a afirmar que a candidatura do pedetista tem muito a crescer. "Acho que é uma personalidade política e uma candidatura, uma pré-candidatura, que futuramente será uma candidatura que pode, sim, crescer muito”, afirmou Pacheco.
O presidente do PSD, Gilberto Kassab, tem buscado alternativas para lançar um nome próprio ao Planalto. Além de Pacheco, a sigla tentou filiar os ex-governadores Eduardo Leite (PSDB) e Paulo Hartung (do Espírito Santo, sem partido), mas ambos acabaram declinando o convite. Publicamente, Kassab tem afirmado que busca um "plano D" dentro dos próprios quadros do PSD.
Apesar disso, o presidente do PDT e aliado de Ciro Gomes, o ex-ministro Carlos Lupi, avalia que apoio do partido de Kassab é uma questão de "persistência". "Essa conversa vai acontecer naturalmente. A aliança é uma questão de ter paciência e persistência", completou.
Sem Moro, Ciro Gomes pretende se firmar como candidatura de centro
Com a desistência de Sergio Moro, Ciro Gomes tem figurado como terceiro colocado nas principais pesquisas até o momento. No último levantamento PoderData, de abril, o pedetista apareceu com 5% das intenções de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 40%, e do presidente Jair Bolsonaro (PL), com 35%.
Para fortalecer a pré-candidatura, aliados de Ciro Gomes tentam colocar o pedetista como alternativa a polarização entre Lula e Bolsonaro. Como estratégia de campanha, Ciro Gomes lançou nesta semana um jingle em que faz dura críticas aos dois adversários.
"Está cansando dos mesmos de sempre, de seguir no mesmo giro? Saber que um rouba, mas faz, e o outro, esse rouba sem fazer", diz um dos trechos letra. O slogan "Tá na hora de você olhar pro Ciro" foi criado pelo marqueteiro João Santana e busca atrair a atenção do eleitorado.
Os articuladores da campanha de Ciro apostam que, se o pré-candidato conseguir se consolidar no terceiro lugar nas intenções de voto, com mais de dois dígitos, poderá atrair a atenção do eleitorado insatisfeito com o cenário atual.
"Eu acredito, com toda humildade, que eles [partidos de centro] só terão uma definição perto de julho, porque eles querem ver se eu atravesso o Rubicão, se eu me viabilizo. O que preciso é atravessar essa primeira fase e chegar ao segundo turno", defendeu Ciro Gomes.
O pré-candidato tem afirmado que seria o único nome capaz de derrotar Bolsonaro ou Lula em um eventual segundo turno. “Eu juro ao povo brasileiro que eu derroto o Bolsonaro por mais de 20 pontos. E sou o único cara que vence o Lula porque ele não aguenta um debate comigo", completou.
Na última simulação de segundo turno, do Poder Data, Ciro Gomes apareceu com 42% contra 39% de Bolsonaro. Ou seja, um empate técnico no limite da margem de erro de dois pontos percentuais. Já contra o ex-presidente Lula, Ciro Gomes aparece com 24%, contra 46% do petista.
Metodologia de pesquisa citada na reportagem
O levantamento do instituto PoderData, que contratou a própria pesquisa, ouviu 3 mil eleitores entre os dias 10 e 12 de abril de 2022. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-00368/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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