Os candidatos que ficaram em segundo lugar nas disputas para os governos estaduais em 2018 têm, para as eleições de 2022, planos bem variados. Os projetos contemplam alternativas como nova tentativa de chegar ao governo, a busca por outros cargos eletivos e até mesmo alianças com os adversários que foram os vencedores na disputa realizada há quatro anos.
Dos 27 "medalhas de prata" em 2018, 12 são nomes praticamente certos nas urnas em outubro. Outros três, na mão oposta, estão atualmente em outros cargos e não devem participar das eleições. Cida Borghetti (PP), ex-governadora do Paraná e derrotada por Ratinho Júnior (PSD) em 2018, anunciou uma "aposentadoria temporária" de cargos eletivos.
Há ainda o caso de José de Anchieta Júnior (PSDB), ex-governador de Roraima, que morreu ainda em 2018, pouco após as eleições.
Candidatos querem o governo
Dois candidatos que disputaram a eleição para governo do estado em 2018 com o mote de "candidato do Bolsonaro" voltarão à disputa – e, novamente, utilizando a conexão ideológica com o presidente da República para tentar alcançar mais setores do eleitorado. Eles são Carlos Manato (PL), do Espírito Santo, e Josan Leite (Patriota), de Alagoas.
Manato é marido da deputada federal Soraya Manato (União Brasil-ES, mas em migração para o PTB), que tem atuação no Congresso marcada pela defesa de pautas favoráveis ao governo. Já Leite, que concorreu em 2018 pelo extinto PSL, tem militância ativa nas redes sociais e geralmente com bandeiras conectadas aos segmentos conservadores, como a crítica ao passaporte sanitário.
Outro segundo colocado que pode disputar novamente o governo é Amazonino Mendes (PDT), no Amazonas. Aos 82 anos, ele estuda tentar voltar ao cargo que já exerceu por três mandatos.
Outros cargos em disputa
A busca por uma vaga na Câmara Federal deve ser o caminho adotado por Rodrigo Rollemberg (PSB), que foi o governador do Distrito Federal entre 2015 e 2018 e falhou em conseguir a reeleição na última disputa. O socialista deve ter dura batalha pela frente, já que outros três ex-governadores do Distrito Federal também devem se candidatar a deputado: Cristovam Buarque (Cidadania), Agnelo Queiroz (PT) e Rogério Rosso (Podemos).
Outro nome que já ocupou o governo de seu estado e em 2022 deve concorrer a uma cadeira na Câmara é Roseana Sarney (MDB), ex-governadora do Maranhão.
Filiados ao PSB, os "medalhas de prata" Carlos Amastha (TO) e Valadares Filho (SE) também se apresentam como pré-candidatos a deputado federal. Valadares já exerceu três mandatos na Câmara.
Também veterano na política, o ex-senador Armando Monteiro (PSDB) estuda concorrer novamente a um posto no Senado por Pernambuco, mas uma candidatura à Câmara não está descartada. Monteiro tem atuado como o articulador da chapa que seu partido e aliados planejam apresentar nas eleições locais. A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB), é pré-candidata ao governo, e a montagem das alianças pode levar o PSDB a abrir mão da candidatura ao Senado.
A pré-candidatura ao Senado dos segundos colocados em 2018 é mais consolidada em dois estados vizinhos, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. O já senador Wellington Fagundes (PL) deve concorrer à reeleição. Ao sul, Odilon de Oliveira, conhecido como Juiz Odilon, filiou-se recentemente ao PSD e busca se candidatar tendo o apoio da família Trad, de nomes influentes como o senador Nelsinho, o deputado federal Fábio e o prefeito da capital Marquinhos, que é pré-candidato ao governo estadual.
Olhando a eleição de camarote
Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro, e José Pessoa Leal (Republicanos), o Doutor Pessoa, no Piauí, perderam a eleição para o governo em 2018; dois anos depois, ambos venceram a disputa pela prefeitura de suas capitais. No comando da cidade do Rio de Janeiro e de Teresina, os dois deverão ver a disputa estadual de 2022 "do camarote". Paes chegou a ser sondado para concorrer ao governo do Rio, mas preferiu dar continuidade na gestão da capital.
Outro nome que não deverá protagonizar a disputa de 2022 é Antonio Anastasia, que há quatro anos buscava, então filiado ao PSDB, retornar ao governo de Minas Gerais. Anastasia foi recentemente empossado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Para assumir o cargo, teve que renunciar à vaga no Senado que ocupava desde 2015. Habitualmente, políticos mais experientes que são escolhidos ministros do TCU não retornam ao universo das disputas eleitorais.
De adversário a "melhor amigo"
A peculiar dinâmica das eleições deve colocar do mesmo lado políticos que há quatro anos brigaram pelo comando de seus estados.
Daniel Vilela (MDB) é o nome mais provável para ser o vice de Ronaldo Caiado (União Brasil) na eleição de outubro. Em 2018, Vilela enfrentou o mesmo Caiado nas urnas na disputa pelo governo de Goiás. A parceria é justificada pelo receio do avanço de grupos políticos que são rejeitados tanto por Caiado quanto por Vilela.
O combate a um "inimigo maior" é também o argumento de Carlos Eduardo (PDT) para se juntar à chapa da governadora potiguar Fátima Bezerra (PT). Eduardo é crítico à gestão de Jair Bolsonaro e disse que é necessária a união de todas as forças políticas contrárias ao presidente da República. Ele busca ser o candidato ao Senado na chapa de Bezerra, que buscará a reeleição.
Sem definições
Derrotado em sua busca pela reeleição em 2018, o governador gaúcho José Ivo Sartori (MDB) disse que não pretende disputar o pleito de outubro. Ele, porém, enfrenta pressão dentro de seu partido, que o considera um nome forte para a sucessão de Eduardo Leite (PSDB). Na Bahia, Zé Ronaldo (União Brasil) pretende se candidatar a um cargo majoritário, seja senador ou vice-governador na chapa de ACM Neto (União Brasil).
Já a situação de Márcio França (PSB) em São Paulo é complexa e esbarra em negociações no plano nacional. Ele deseja se candidatar ao governo. Seu partido, porém, fechou uma parceria com o PT na disputa da Presidência da República. E tanto PSB quanto PT querem apresentar nomes para o governo do estado – os petistas lançaram o ex-ministro Fernando Haddad, que foi presidenciável em 2018.
A Gazeta do Povo não conseguiu contato com os seguintes candidatos que ficaram em segundo lugar na disputa estadual em 2018: Marcus Alexandre (PT-AC), João Capiberibe (PSB-AP), General Theophilo (PSDB-CE), Márcio Miranda (DEM-PA), Lucélio Cartaxo (PT-PB), Expedito Júnior (PSDB-RO) e Gelson Merísio (sem partido-SC).
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